quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Memórias 21

Lx. Belém
1985-03-16
Um Sonho realizado

Sucede, raras vezes. obter-se na vida o que muito se deseja. .Costuma, por norma, dar-se o invés.Por isso, há tanta decepção. tamto lamento e gemidos retardados!
Bom! A vida é assim e temos de encará-la, como se apresenta: não, decerto. como nós a queremos!
Sonhos aí há, que decorrem na vigília; outros ainda - o mais vulgar - ao longo do sono.
Quanto mais altos ou afastados, menos se lhes chega. Este
facto é uma das causas da nossa desventura. Quanto mais acima se põe a mira, mais espinhos e abrolhos lançamos no caminho!
Moderar a aspiração: não ir jamais além do possível! É este o primeiro passo, em ordem à ventura. Entretanto, que vemos ocorrer, junto de nós?! Sonhos de grandeza, culto a Mamona, ambição desmedida. Por este motivo, campeia a decepção, através do mundo. É isso, exactamente, que torna infeliz o pobre set humano
Esforça-se ao máximo; faz diligências; usa de tudo, afim de chegar aonde se propusera. Mercê, porém, de vários factores, vê-se coibido, se não afastado, por mão poderosa! São estas as causas de tamanha desventura!!
Sonhos irreais, gerados e nutridos na fantasia, que nela se se deleita! Por vezes, é ela tão viva ágil e dinâmica, que nada mais conta.
Apesar de tudo, se pouco se alcança do muito desejado, a verdade é que os novos têm sonhos deliciosos.Qase todos eles
adormecem no vazio, deixando atrás de si um rasto decepcionante
Entretanto, nem sempre o diabo se acha atrás da porta..Aconteceu ontem. Valerá bem a pena referir-me ao facto?
Acho que sim, pois me fez ditoso! Havia muito já, que aspirava a uma casinha, onde não chovesse nem entrasse o ar, através das paredes
.Além disso, que oferecesse ainda uma estância larga, para
arrecadaçóes. Acima de tudo isto, que tivesse uma varanda, voltada a Sul ou Sul-Sudoeste, como é a da Amadora
Mandei-a tapar e proteger com estores,

Não foi um sonho que se tornou ali em pura realidade?!
Pois lá está, no 3º andar, da parte esquerda. Fica ela, efectivamente, na exígua rua 27 de Junho, como já referi, em outros Diários. Aquilo, para mim ,que sou contrário ao frio invernal,
é na verdade o supremo desejável! Pode estar arrepiante, cá no exterior, mas havendo sol a bater de chapa, naquelas vidraças, é uma beleza! Como estou feliz a trabalhar ali!

Já foram duas tardes que lá me abriguei, fazendo revisões de trabalhos à máquina. Hoje, afinal, pouco tempo lá estive, qoe o não permitiram deveres a cumprir! Está agora na berlimda o 4º
volume de" Consulta da Tarde.", Acabarei já a sua revisão, na
semana próxima.
Entretanto, vou ampliando a segunda Novela, cujo embrião surgiu em Pinhel, por 1952 ou 53.. Noutros Diários, há dados precisos. Era pequenina: 100 páginas apenas! Preciso de ampliá-la, dando~lhe para já a forma definitiva.
A cor do papel, já desbotado e um pouco fosco, dificulta bastante a leitura da escrita, que foi ali exarada, há 32 anos. ou já 33!
Tentarei prosseguir e levar a bom termo o que foi iniciado.

******
Lx. Belém
1985-03-17 O que ela merecia

O conceito de mérito não é igual para todos. Varia, por vezes, até entre irmãos. Alarguemos o quadro que logo se apresenta. Venha, pará já, o caso das 'misses, a quem são atribuídos prémios valiosos.
Segundo o meu juizo, não vejo razão, para serem distinguidas. Efectivamente, que esforço revelaram?! Que alta doação e nobre espírito de sacrifício, para obterem uma recompensa?! Esta, a rigor, é devida somente àqueles que são heróis, bons e leais, benfeitores notáveis da Humanidade e asacrificados.
No fundo, há generosidade e grande espírito de sacrifício.
Ora, uma jovem, pelo facto de ser linda, não tem direito a recompensa. Que fez ela,afinal, para ser como é?! A formosura
nasceu com ela! É um dom natural! Fosse embora adquirido, à
custa de esforço, nada aproveitava, a seu semelhante nem iria melhorar o viver da Humanidade. Comclui.se, pois que não está incluída na lista do mérito!

Agora, a propósito, o reverso da medalha!
Alguém ontem me disse que uma jovem lisbonense esta criando um bebé, que ela deu ao mundo, aos 16 anos. Claro se deixa ver
que a jovem é solteira e, bem assim, o pai da criança Este, ao que dizem, tem 17 anos.

Para melhor compreensão, apraz-me agora fornecer alguns dados, bastante preciosos. Estes dizem respeito às circunstâncias, em que o filho se gerou e àquilo que seguiu o seu nascimento.

Segundo informam, queriam os avós barrar a gravidez, recorrendo ao aborto. "Ninguém sabia!"A coisa passava, em grande anonimato!
Conhecedora a jovem,de tais projectos. opôs-se tenazmente,
dando assim à luz um formoso bebe que lhe enche a existència de encanto e beleza! Se o tivesse matado, bastaria o remorso, para ser desditosa.
Esta uovem-mãe terá confessado: * Dá muita fadiga o cuidado a que sujeita, mas sinto-me feliz, por ter desobedecido à
minha família! É meu filho! Vivo para ele e toda me absorvo na sua felicidade.*
Debruçando-me agora, sobre este proceder que tenho por nobre, heróico e digno, pergunto aos leitores: entre a 'misse' e esta jovem, qual escolher, para atribuição de valioso prémio?! Qual é mais bela? Qual dentre elas serve de modelo para esta sociedade?

Qual dentre elas fez mais esforço, calcando o bom nome, a honra e o prestígio, para salvar um pobre inocente?!

Esta, sim, devia ser distinguida, e condecorada!
Por que não um subsídio, para ajudar, nas suas despesas?! Por que não apresentá-la, no quadro televisivo, como norma e padrão, ante a cobardia, a vergonha e o medo?!

Isto, sim, é que chamo heroísmo, dignidade e nobreza!
Que seria dela, se matasse a criança?! Uma mulher perdida,
arrastada até à morte pelo negro fantasma que jamais a largaria!
Uma consciência já poluída, onde o verme do remorso faria seus estragos, por toda a vida!
Assim, não! Elevou-se altamente, aos olhos de todos e dá nobre exemplo às mais timoratas, que matam seus filhos, ainda no ventre.
Prestarão contas ao Supremo Juiz

******
Lx. Belém
1985-03-18 Ele e ela
Vi-os na Amadora, a semana passada. Não os conhecia nem lhes falei. Entretanto, fixei-os longo tempo, até que, por fim, os
perdi de vista, dobrando uma esquina.Tive pena, realmente! Gostaria de segui-los, olhando sobretudo para o companheiro.

Não se julgue talvez que eram namorados! Muito longe disso, avaliando pelas atitudes. Ao menos, assim julguei eu.
Dei com eles, achando-os na paragem, onde eu aguardo a carreira de Belém.
Era na Rua 5 de Outubro. Pois, como digo, surpreendiam essas personagens, despertando no espírito imagens singulares.
Uma delas aparentava o Sol, ao erguer-se, no horizonte, cheiinho de luz e risonhas promessas; a outra, o mesmo astro, no extremo horizonte, após descer no Poente, deixando-nos saudosos da sua partida.
Sol nascente... Sol agonizante! Princípio e fim!
A segunda imagem eram duas estações: Primavera e Inverno. Esta, indesejada e cheia de contratempos! Aquela, suspirada, trazendo no rosto o brilho das estrelas!
Com esta fantasia me deixei embalar, enquanto eles ambos
iam deslocando-se. morosamente! Ele, palmo a palmo, subindo a custo pequeninos degraus que tivessem apenas 4 centímetros! Recorria à bengala, mas ainda assim, era preciso, amiúde, o amparo da jovem.
Um, já velhinho, passante dos 8o! Outra, uma jovem, com
os seus 18 anos, toda energia, viço e prontidão!

Avô e neta? Sendo assim, não fiquei satisfeito!
Efectivamente, devia chegar-se bem perto dele, não se afastando, como ela fazia! Avançava, realmente, dois ou trêsmetros, olhando
em redor, mas não para ele!
Entrementes, o macróbio prosseguia, até chegar junto dela.
Se o caso se protelasse, então recuava, prestando auxílio, muito ao de leve.
É por tais razões que, sendo neta, deixa a desejar!.
Aquele velhinho nada me pertence. Apesar disso, gostaria de ajudá-lo a subir os degraus.
Está assim a juventude?! Assim paga os sacrifícios,esforço
e diligências que a dureza da vida exigiu de tais corpos?!
Triste sociedade, se realmente é formada por elementos iguais!

Aquele parzinho,,tão perto um do outro e, ao mesmo tempo, afastados, em extremo, ficou bem gravado na ninha retentiva.
Por mais que faça, não logro desalojá-los! Que grande maçada!

Gostaria, a valer - acharia excelente - de vê-los mais juntos, dando ela o apoio, a todo momento. Por outro lado, aprazia-me também notar na jovem um ar sensível de comiseração, revelando pena de que o tal "avôzinho" estivesse carecido! Esmagado pelos anos e esforços dispendidos, rasteja persistente,
aguardando a toda a hora que as almas eleitas o olhem e fixem com simpatia.
Viveu e trabalhou, sofreu e chorou!
Merece, pois, outro acolhimento!

******
Belém Lx.
1985-03-19
Este dia vem despertar-me. Razão especial? Se o não
fora, nada ocorreria que chamasse a atenção. De facto, já passou um mês, que fiz 67. (hoje 90!) Deu-se tal facto, a 19 de Fevereiro.

Pois é verdade! Quer isto dizer que já se esgotou a duodécima parte de mais um ano! Nunca mais voltará o mès decorrido.
Portanto, com mais onze avos do ano que falta, para chegar aos 68, completa-se a volta do mesmo número.

Queira isto ou não, o tempo vai passando e eu envelhecendo.
A roda não pára! Cada noite, ainda a dormir, a sono solto.
vai-me aproximando da parte final..Isto, porém, não me faz mossa! Por que havia-de fazer?! É coisa estranha à minha vontade. Por isso, deixar correr! Tanto mais que Deus-Providêmcia tudo encaminha, no sentido melhor.!

O que há-de preocupar-me não é a duração da vida terrena. A
maneira de viver é que muito importa. Não depende o além-túmulo do bom proceder que houvermos na Terra?!

Consequentemente, é prova de sensatez ajustar as coisas de maneira tal, que não haja desaires! Enquanto é dia, importa sumamente olhar bem a sério para estes assuntos.

Estudando-me, pois, à luz da eternidade, em que semre cri, não fico esmagado, ante o pensamento de que hei-de largar! Se eu não sou de cá! Se Deus me criou para Si próprio! Se a minha felicidade consiste precisamente em dar-me a Ele!

Sendo assim, quanto mais depressa, eu partir deste mundo. mais se avizinha o meu bem-estar!! Entendo, no entanto, que seria útil ficar algum tempo, afim de compensar, por boas acções, o mal que pratiquei. Para mais, como agora é Quaresma, um tempo
favorável, para Deus me atender, quero vivê-la em íntima união com o Pai do Céu!
Amar o sofrimento que outrora detestei... afastar, sem preguiça, da quente fantasia, as imagens nocivas,.. praticar a caridade e ser neste mundo uma luz diamantina, para servir de fiel testemunho!
Evitar, pois, que o mal se imponha, escravizando a minha vontade! Sinto visivelmente que Deus está comigo! As tentações, que eram muito fortes e assaz temerosas, ainda fazem ouvir-se, mas há, realmente, uma força poderosa, que as vai debilitando.

É que sou o mesmo homem: iguais energias e a mesma capacidade, em ordem ao pecado. Apesar de tudo, não o tenho feito, por invocar o Senhor, com toda a minha fé, no princípio da Quaresma.
Deste modo, por sua misericórdia, que me vai amparando, cá prossigo no intento: viver a quadra em união com Jesus, a quem devo amar, acima de tudo. É este o meu propósito.

Desta maneira, sinto-me feliz, por ter a certeza de que o Senhor-Jesus está comigo. É Ele que sofre: não eu decerto! É Ele, de facto, que me protege: não são as minhas forças que obtêm o milagre!
Assim lhe chamo eu, por estar convicto de que é obra de Deus.
Anteriormente, lutando sozinho, nada fazia!

******
Lx. Belém
1985-03-2o Aos 12 anos

Nesta fase da vida, está o nosso corpo a desenvolver-se, enquanto o espírito, mediante a reflexão, se enriquece de noções e conceitos vários. Só entre os 22 e os 25 anos (elas e eles). é que finda o tirocínio, para tomar encargos e assumir responsabilidades.

Isto é, na verdade, o que dizem entendidos, quando fazem referência à maturidade, em ambos os sexos., antepondo na questão o sexo feminino.

O que fica exarado exprime, claro está, a regra geral,
não tomando em conta, as possíveis excepções.
Seja como for, aos 12 anos, é muito cedo, para ser mãe, ao menos
entre nós. Espírito e corpo ficam muto longe da maturidade! É,por
assim dizer, o limite final da adolescência.

Além do mais, falta a experiência, não tomando já em conta a escassez de recursos. Apesar de tudo, falaram-me dum caso, já
fora de Lisboa, que me deixou arrepiado! Uma pequena,com 12 anos apenas, agora estudante da Escola Preparatória, encontra-se, ao que dizem, a mais de meio tempo da gravidez. Vai, pois, ser
mãe!
Este facto deixou-me a cismar! Cmo é possível, ocorrerem estas coisas?! Quem será culpado? ! Nada existe no mundo que não tenha uma causa. Tratando-se de menores, alguém que não eles, assume, evidentemente, a responsabilidade.

Vejamos, à priori, onde se acha, a meu ver, a responsabilidade.
Não me custa crer que reside nos pais e na própria Escola a razão
de tal facto. Onde mais podia estar?!
Segundo informações, os pais da meúda reagiram fortemente. O epílogo do caso seria talvez uma sova-mesra.

Que vai adiantar essa reacção, deveras tardia?!
Cá para mim, estou convcto de que muitos pais de agora andam a dormir! Fecharam os olhos, abrindo-os apenas quando é já tarde!. Tudo tem, com certeza, a sua oportunidade. À margem dela, perdemos o tempo, se quisermos agir

A vigilância devia ser constante e a muito bom tempo!
Burro morto, cevada ao rabo! Realista, sim, mas inegavel!
Por que deixam os pais. em inteira liberdade, as filhas menores?! Por que é que não se inteiram de suas companhias,
ainda do mesmo sexo?! Por que as deixam conviver, à maneira de rapazes, com outros rapazes?!

Não sabem eles, por experiência própria, quanto é fraca e cedente a natureza humana?! Não conhecem, talvez, a malícia do homem e os laços armados a pessoas ingénuas?! A promiscuidade gera logo problemas!
É bom e necessário que os pais negligentes, descuidados e remissos olhem a valer para este caso, bastante lastimoso!
Por sua vez, a Escola deve colaborar com os pais das crianças, olhando, dentro e nas cercanias, pela disciplina e morigeração dos jovens estudantes.

Educar não é só instruir! É isso e muito mais!
Instruído e sabido era o próprio diabo, mas foi precipitado nos abismos infernais.
******
Lx. Belém
1985-03-21 Um Projéctil.

No tempo que vai, são de temer certos projécteis. Não fora, realmente, a época temerosa da energia nuclear!

Foguetões e bombas percorrem o espaço, em várias direcções, pesquisando o cosmos e seus mistérios. A última palavra são os tele-guiados! Autêntica maravilha! Ainda na Guerra de 1939- 45, eu lembro-me bem, sacrificavam o homem, para levar um 'torpedo', que operava à distância.
Ocorreu várias vezes, no remoto Japão. Esses engenhos eram devastadores, pelos enormes estragos que logo produziam!
Se fosse agora ( 40 anos depois ) já poupavam esses homens!
Aonde nós chegámos! Imaginemos, pois, o que seria lançar um torpedo contra um navio, cheio de mantimentos; armas de guerra; soldados para a luta!

Era uma vez... ao que lá se encontrasse!...
Pois todos os engenhos, que são de arremesso, ficam abrangidos pelo termo "projéctil"
Se atentamos bem à formação da palavra, chegamos em breve à compreensão do significado. Como a nossa língua entronca na Latina, é de facto ali que temos de procurar as suas raízes
No termo projéctil, há dois elementos,que são basilares: pro + jacere. O primeiro denota, como é sabido. movimento para a frente; o segundo - arremessar. A palavra 'jacto' vem dali mesmo: jacio, jacis, jacere, jeci, jactum,

Bom. Saber estas coisas não é desagradável, sendo mais fácil perceber as noções que ser alvo infeliz de qualquer projéctil!
Que sucederia às nossas pessoas e à nossa habitação, ficando sujeitos a engenhos de morte?! Quem há, neste mundo, que não receie a morte?! Poderiam responder todos os suicidas!

Apesar de tudo, eu contesto já. Todos a receiam e tudo eles fazem, para não perder a doce e cara vida! O suicida perdeu o comando. Actua ele, à guisa dum cavalo, já desenfreado. Não
está 'compos sui'. Age, o tal, impelido certamente por forte paixão.
Quem domina ali não é a razão! É, sim, o coração, o sentimento, a paixão! Em estado emocional, a razão obscurece-se:
fica assim, a pessoa à margem da luz" Que há-de então fazer, rodeada de trevas?!
Tropeça e cai! Por outro lado, campeia a emoção, a par da inveja. São elas, na verdade, a causa das guerras! Juntemos ainda a terrível ambição!

Daí, os engenhos de morte, com seus trágicos efeitos!
A que propósito vem isto agora? É muito simples!

Aqui há dias, passava eu no Largo do Calvário. Acontece o mesmo todos os dias, logo pela manhã. Saíra do eléctrico, tentando abeirar.-me do passeio lateral.

Nestas diligências, ombreando ali com o transporte. consultava o relógio, não fosse chegar demasiado tarde! Foi então que um projéctil humano passou resvés do meu pobre nariz!

Lançado, julgo eu, do interior do mesmo eléctrico, sem alvo definido. ia sendo eu a vítima inocentte, infeliz, indefesa!
O que é viver a gente, em zona '!operacional Não há
fragmentos, feitos de metal. mas há perdigotos, escarros e saliva!
Não digam por aí que não causam enjoo, repulsa e desânimo!
******
Lx. Belém
1985-03-22
Será que Eusébio elevou Portugal?
Há pouco tempo, realizou-se o encontro, do qual a Imprensa falou abundante e que a televisão nos veio mostrar. Se bem me recordo,já lhe fiz alusão, em Diário passado, embora não focasse o aspecto de hoje,
Samora Machel tem, às vezes, saídas, que bem o revelam e caracterizam. O ano passado, focaram os jornais horrenda afirmação que já foi citada: "Até Deus comete erros!"

Maior disparate nunca eu ouvira! É que, na verdade, centra-se já no campo do absurdo! Mas voltemos agora ao que trago em mente.e foi indicado no começo do Diário. ( Até Deus comete erros)

Falando sobre Eusébio. o famoso jogador que foi espoliado, no 25 de Abrril, em Lourenço Marques, onde tinha. à data, um prédio de rendimento, disse na ocasião Samora Machel: O
nosso Eusébio engrandeceu Portugal!

Achei graça à frase, pela ingenuidade, grande lhaneza e simplicidade, que manifesta em Samora! Não vejo bem a alegada razão, por que ele engrandeceu o nosso País! O único aspecto que podia focar era o seguinte: torná-lo conhecido entre as nacões, mas não era necesário, porque, desde Quinhentos, todo o mundo se inteirou deste povo exíguo que realizou, em dois séculos, prodígios sem par!

Aqui, da Europa, centro irradiador, em civilização, cultura e
gentileza, como em Religião, levaram os Portugueses o facho esplendoroso, através de Mares, Ilhas e Continentes.

Que o digam, hoje ainda, os belos monumentos que nos falam disso! Ali, os Jerónimos e a Torre de Belém; a Janela
Manuelina do Convento de Cristo, na cidade Tomar e o Padrão
das Descobertas, em Lisboa também.

Aquilo, sim, engrandeceu Portugal, originando os Lusíadas,
Monumento de Pedra, a juntar aos já citados!
Este é, na verdade, o grande pregão, imortal e vibrante que
há-de ressoar, através dos séculos!

Que é que o Eusébio havia-de juntar, em luz e calor, ao
que é esplendoroso e esbrasiante?! Nada! Absolutamente nada!
Se fosse um herói ou então um santo! Um benemérito, que pusese os réditos ao serviço da miséria e dos infelizes!! Um cidadão ilustre, por feitos notáveis!

Que faz, na verdade, um mero jogador, no campo da Ciência,
da Arte e da Santidade, vivendo somente para o seu desporto?!
Nem aquece nem arrefece! Que aproveita a sociedade, com o seu agir?! Viveu para si! Juntou para si! Arrebanhou, sem dividir!

Que mensagem deixou à sociedade lusa?!
Que obra concebeu o cérebro de Eusébio, que viesse elucidar-nos, acerca da vida, seus graves problemas e vida futura, após a morte?! Acaso se debruçou e tudo fez, para todos encararmos estes graves problemas?! Em que pode, realmente, servir-nos de modelo?!
Melhorou o mundo com seu actuar?!
Nada estou vendo que justifique a citada frase de Samora Machel!
É uma frase balofa, oca de sentido e sem acuidade!
Por dizer eu isto, não lhe quero mal!Que seja feliz, dando à sua Pátria o pão e a paz.
No entanto, pelo caminho que está levando, jamais lá chega!
Só chamando a Renamo e formando com ela um novo governo de Coligação!
Pois, caro Samora, precisas de cultivar-te, para evitares disparates graúdos, que sejam desfavoráveis e coloquem mal a tua pessoa!
******

Lx. Belém
1985-03-23
Conversa berrada
Ocorreu o facto, no carro 51, que faz agora o percurso, entre
Linda-a-Velha e o Palácio da Justiça. Por sinal, que substitui o carro 12, entre Algés e Alcântara. Foi criada. há pouco, esta nova carreira. Bem parece que acertaram, pois geralmente o carro vem cheio.
Bom. Questão de melhoria? Sempre cai bem, no espírito de todos. Entretanto, se o novo serviço traduz um benefício, já o mesmo não digo, sobre o que vi, num desses auto-carros, agora introduzidos.
Fazia o percurso Alcântara- Belém, o que vem ocorrendo, pelo que me toca, há coisa de 5 anos. Ao Largo do Calvário, aproveito, desde logo, o primeiro que surge, com destino a Belém
ou que passa por cá.
Coube a vez, naquele dia, ao carro 51. Até me deu prazer!
Tratava-se de estreia, ao menos para mim!

Uma vez instalado, em banco de janela, preparava-se o veículo para iniciar a marcha, o que sempre agrada a todos os passageiros. Cada um é que sabe, em boa verdade, o que tem a fazer!
Por vezes, estão sobre a hora, urgindo avançar.
Eis, pois, o dito carro em franco andamento. No rosto de todos, há
sinais de alegria, notando-se visível a boa disposição

Eis senão quando tem origem um diálogo que bastante me agastou! Fora só a mim! A má disposição torna-se geral Ninguém
protesta, mas a verdade é que, efectivamente, sobeja a razão, para
logo intervirem, de maneira cáustica.

Por dois motivos, alastrou o mal-estar.
1. Falavam tão alto, que que se tornavam molestos, fosse a quem fosse! Aquilo, realmente, não era conversa! Qual diálogo, pois, nem meio diálogo?! Quem entrava no berreiro? Era o motorista e outro do lado, que me pareceu da mesma laia!

Julgo eu, de momento, que tinha o mesmo ofício, embora, nesse dia, estivesse de folga! Só os dois felizardos é que estavam arrogando-se o direito parvo de molestar ali os pobres utentes, com entoação de voz trovejada!

Ora bem. Mais do que ninguém são os da Carris obrigados à ordem, acatamento e respeito, dentro dos veículos. Mais: hão-de velar cuidadosos pelo bem-estar dos mesmos utentes, intervindo ali, sempre que necessário. Estavam, pois, bem longe de cumprir o dever.
2 . O assunto do diálogo era de crítica aos utentes do carro. Outra razão para incomodar! Dizia um: a mim é que perguntam, quando chega a carreira!. Sei eu lá bem quando ela chega?! Nem
isso me interessa! Era o que me faltava! Quero lá saber?! Que ninguém, me incomode!

O parceiro do lado entrava a sublinhar, acentuando mais e mais o que fora afirmado." Também me vinham a mim, com falinhas mansas! Sabes o que eu fiz? Mandei-os logo pentear macacos! Não tinha mais que fazer!

-- Ó senhor motorista, o carro agora vai a tal parte?
Virava-lhe trombas e aquilo era um ai! Havias de ver como os gajos se ensanfonavam, tomando juízo!
Isto ouvi eu como tantos outros que estavam presentes.
Deixo aqui o meu protesto. ante a Carris, pedindo vivamente que
chamem à ordem estes maus servidores.

Devemos ser correctos, gentis, prestimosos! Jamais, estando ao serviço duma empresa pública! Os empregados têm por encargo o dever estrito de servir o público. Não é este que paga, para eles trabalharem?!
******
Lx. Belém
1985-03-24 A Guerra dos Canais
Se eu detesto alguma coisa, neste pobre mundo, que o Céu
afinou, e o homem desarranja, inclui-se desde logo qualquer repetição. Origina, decerto, grande momotonia. Tenho isso como abuso e falta grave de consideração, pelas outras pessoas.

Não basta uma vez para quem, realmente, seja dotado?!
Quanto a mim, seria excelente referir-me ao assunto apenas uma vez. Entretanto, já o mesmo não digo, se foco muita gente que passa na rua! Há sempre excepções, claro se deixa ver, mas a regra geral é tão volumosa!

Até me vem à memória o que vejo por aí , noutros campos de acção. Há úteis cartazes, incutindo nos ânimos limpeza e asseio! Vemo-los aqui, na linda capital chamando a atenção de todosos que passam! Há cestinhos elegantes, num lado e outro, para recolha pronta de todos os papéis e certos desperdícios..

E que é o que notamos? Descuido e negligência, preguiça e grossaria.
"Lisboa, cidade limpa!" É bom clamar! Dar a entender! Convidar o povo a ganhar bons hábitos de higiene e correcção!

Que acontece, porém? Com 67 anos, que eu tenho já cumpridos, visitando Lisboa, há dezenas de anos, nunca a vi tão
nojenta, suja e mal cheirosa! Urina-se aí, seja onde for! Por vezes, até o resto se nota!, para horror de turistas e vergonha nossa! Nas eu, sem querer, arredei-me um pouco do assunto abeirado, logo no princípio.

Que não vem a propósito? Vem e torna a vir! O título usado foi-me sugerido pelos Estados Unidos, onde está na berlinda a Guerra das Estrelas. Apropriei-me logo da tal expressão, focando outro assunto, igualmente debatido e com opositores.
Houvesse aqui também um Feagan carismático, decidido e forte, para levar a bom termo a "guerra dos canais"! Só ele o conseguia! Pois não fez encolher o arreganho moscovita, que se arvorava em papão e senhor da Humanidade?!

Até que enfim o tal caso deu de si! Este, porém faltando paladinos, ignoro sincero o que vai acontecer-lhe! Acaso o leitor não sabe o que intento?! Se já o leu, no passado, não precisa de
mais luz! Há canais de vária espécie? Com certeza! Entretanto, os
que eu viso são, na verdade, os canais humanos: boca,faringe e esófago; fossas nasais, laringe, traqueia e outros mais.

Uma grande parte da nossa população trá-los obstruídos,
anos sem conta! Julgo não me engano, avaliando somente pelo que vejo, ao passar aí na rua.! Espectáculo feio, altamente vergonhoso, alarmante e lastimoso!

Aproveitam os caminhos, passeios e ruas, avenidas e alamedas, parques e jardins, para lançar no chão, que deve estar
sempre limpo, o que trazem nos canais Que grande porcaria!

O que são as nossas ruas, nesta capital que outrora foi mãe, luz e
grande Mestra de povos diversos, primando pelo arranjo, limpeza e compostura!
Venha um Reagan luso, para a guerra dos canais!

******
Lx Belém
1985- o3-25 Para que servem as ruas?
Estranharão, por certo. que eu faça a pergunta! Apesar de tudo, assistem-me razões, para tal proceder. Caso contrário, apodavam-me de tolo, o que eu repudiaria, com toda a firmeza.! Graças a Deus que bem me dotou, não posso nem devo queixar-me, alguma vez!
Grato me sinto, por tais benefícios, que o Céu generoso me tem concedido! Entre eles, situa-se, bem entendido, a sensatez!
Cá estou eu, pois, a fazer a pergunta: para que servem as ruas?

Interrogando as massas, ouviria a resposta que vem logo ao de cima: "para a gente passar! A esta, realmente, não podia,, com certeza, opor objecções!

Outros ainda iriam juntar achegas diversas, que eu presumo saber:
"para os carros transitarem; para o transporte de várias mercadorias; arejamento das casas; penetração de luz...ar..."

Ouvindo tais dizeres, que podia opor? Havia-de calar-me. para não fazer ali figura de sendeiro! Se me interrogassem, para saber o meu peito, iria dizer também o que penso do assunto.

Confirmaria, pois, quanto já ouvi, pelo mero facto de estar
em bom caminho. Depois, espraiava-me a capricho, sobre aspectos vários que trago na mente, para revelar.
Suponhamos, então, que me atiravam a pergunta, da maneira seguinte: " Que pensa do caso? Tem algo mais que deseje expor?

Amando com paixão a sinceridade, aí vai, pois.o que logo diria: entendo, na minha. que a função das ruas já foi apresentada, mas desejo esclarecer o que anda comigo, nesta matéria. Avaliando as coisas pelo que observo, o fim das ruas não é apenas esse! Há mais! Muito mais! Se não vejamos: são vazadouro de quanto lixo há
Se não acreditam, olhem, devidamente, ao passar por elas!
Que vêem no chão? Certamente,escarros,saliva em caudais,.pontas de cigarros, jornais abandonados, urina também e fezes caninas;
exactamente de cavalos; urina e fezes de origem humana; fragmentos de frutos, pão e conduto; Eu sei lá, realmente. o que
poderia juntar ainda!
Em tanta abundância e com tal profusão, que sou levado a crer não servirem as ruas, para nós passarmos; antes para lixeiras e sujos vazadouros de toda a imundície.

Podia completar: conheço uma estrada que leva a u cemitério, fora de Lisboa, onde os dajectos, pneus e trapos. restos de mobiliário, c
Entretanto, gostaria de apontá-lo, afim de que as gentes pudessem observar com os próprios olhos!

Qual vem a ser a minha conclusão? A de toda a gente: que as ruas
se não destinam, como havia.de ser, à passagem de peões e veículos diversos, mas sim a receber toda a casta de imundície.
Quem faz isso cá fora, também o faz, em sue própria casa

Que grande javardice! Tudo escarrado! Saem de manhã e
mancham tudo, para fundo enjoo de quem de quem é limpo e
repudia tão feio uso!
Para que servem as bacias de casa?! só para adorno?!
Escarrem em casa e cuspam nela, à sua vontade, mas respeitem
as ruas, praças e jardins que se destinam, por certo, a outra finalidade!
Porcaria assim nunca eu vi. através do mundo! Nem sequer em África, onde vi embalas, sanzalas e quimbos muito mais asseados
******
Lx . Belém
1985-03-26 Dois Estudantes.

A palavra 'estudante' sugere logo alguém a preparar-se já,
de maneira especial, afim de orientar, corrigir e amparar os que sabem menos e se acham, geralmente, em situação lastimosa. de
carência perpétua. É dos estudantes que vão formar-se os diversos quadros, no dia de amanhã.

Dali sairão os membros do governo e os deputados; engenheiros e médicos; padres e juristas; prosadores e poetas; técnicos hábeis e bons profisionais, em todos os campos da Arte e do saber!

Por tais razões, olhamos atentos, para os estudantes como alguém responsável que merece acatamento, respeito e carinho; alguém desejado, em que pomos a esperança, já que no futuro serão eles realmente os guias e mentores, obreiros e construtores da nova sociedade,
Tudo isto me ocorreu, há dias atrás, quando vinha de Alcantara, rumo a Belém. No auto-carro, ninguém mugia. .Houvese embora bastante gente, cada um dos presentes levaria problemas, que faziam reflectir.É assim a vida, conforme as idades e os casos que surgem! Uns vão sonhando; outros cismam longamente; este conta histórias; aquele vai cantando, à maneira da cigarra.

Enquanto o veículo ia prosseguindo, em marcha constante e, no interior, reinava a calma, dois jovens estudantes vinham dialogando, com forte animação.

Julgava eu que os ocupasse o estudo, a matéria das aulas, a vida nacional, com seus altoa e baixos, a questão económica, o seu mesmo futiro e assim por diante!

Nada disso! Conversa banal, em que as próprias ideias eram
assaz balofas e os motivos alegados, sempre, sempre iguais!

Entretanto, podia o assunto carecer de nível, mas ser tratado
com distinção e propriedade, no tocante a vocabulárrio. Isto, realmente, era o que eu esperava, mas fiquei logrado!

Tudo ao invés! Nem ideias nem palavras! Um objectivo sem interesse! Uma base que o não era! Tudo rasteiro e prosaico!, desinteressante, lastimoso em extremo e digno de de dó!
Efectvamente, com uma só palavra, faziam as despesas de todo o diálogo!
Que pena eu tive de prestar atenção! E há pais sacrificados, por estas bagatelas que são alta vergonha, para uma nação?! E há padeiros a madrugar tanto, para nutrir parasitas?!

Pois que são eles, esses pobres diabos, que nem sabem exprimir-se?! Com a palavra 'gajo', alimentam a conversa!
É gajo para a direita e gajo para a esquerda; gajo para cima e gajo paea baixo; gajo para diante e gajo para trás!

Que tristeza! Não lêem um livro!Ignoram a língua! São a vergonha desta sociedade! Como lastimo a nossa juventude!
É autêntico marasmo aquilo que observo!
Droga e sexo, indolênca e prazer! O tabaco é ninharia! Futilidade!
******
Lx .Belém
1985-03-27 Falta do Divino

Educação e aprumo ficam bem a toda a gente! Quem há
neste mundo que não sinta alegria e boa disposição, ante provas
de tal género?! Esmorecem logo os pesares da vida, a má disposição e o humor aninagrado! É como unguento ou suave perfume, lançado na pele!.

Amaciam-na prestes, criando bem-estar e ambiente desejável. Em contrapartida, surge agora o Inverno! Maneiras rudes, falas grosseiras, carência de atenção!, recurso a modos que molestam o próximo, reacções intoleráveis, egoísmo soez!

Tudo isto e o mais só podem contribuir para matar a paz,
o nosso bem-estar, a mesma ventura!
Vem isto a pêlo, devido a um facto, por mim observado, no
Campo Santo do Luniar. Foi ontem de manhã que o dislate ocorreu.
A Agência Restelo acabava de chegar, para ali proceder ao enterramento.Viera já de espaço. a partir do Hospital,, afim de permitir que outros se despachassem. Tratava-se de outra Agència que chegara primeiro

Bom.. Acontece amiúde haver casos destes, em qualquer cemitério! É normal. Por via de regra, os que estão `frente, procuram ceder lugar e fazer os possíveis para não demorar,
uma vez que há outros esperando sua vez.

É razoável, gentil e humano proceder assim! Até porque o facto se repete frfequente, em posição inversa. Mas ainda que não fora!
Já de uma vez, no Alto de S,João, se juntaram sete! Se acaso então houvesse a mesma coisa, que se deu no Limiar, só pela
meia noite, acabariam ali as ditas funções!

E a gente de trabalho que tem o seu horário?! E as horas extra quem iria pagá-las?! E outos serviços, com hora marcada
pela Agência respectiva?! É uma série de coisas, relacionadas com outras, havendo necessidade, em casos desa ordem, para não demorar!
Que sucedeu, no entanto
Encontrava-se em acto um culto diferente, no lugar referido.

Como há só um quarteirão destinado a sepulturas, utilizam-se estas, umas após outras! Sucede, pois. que sem acabar a função religiosa de cada agrupamento, não entra o seguinte. Ora, ontem, quando nós chegámos, já eles se encontravam quase no fim, segundo julgávamos!

Verificámos depois ser grande o erro
Efectivamente, aguardámos ali alguns vinte minutos! Portanto, o acto religioso levaria, ao que julgo, 30 a 40 minutos!

Já tudo abria a boca! Os do próprio grupo olhavam para o relógio, uma vez e outra! Estranhei muito que isto se desse! É falta de civismo! Educação não há! Cinco minutos, o máximo 1o,
cheam plenamente, caso de aperto!
Pois eles falavam, houve reflexões, cantavam a meio, voltando seguidamente a fazer a mesma coisa

Ffrancamente! Que falta de perspectiva! Acho muito bem que façam tudo e se alonguem até, mas não ali, havendo quem espere!
Na sala mortuária, antes da hora, para darem a saída.é que devem realizar-se tais prolongamentos!

******
Lx. Belém
1985-03-28 " Em a gente chegando a esta idade... !"

Acabava de entrar no carro funerário, chega o Zé Aurindo, todo sorridente, para abrir, em seguida, a porta do veiculo. Junto dele, encontrava-se alguém, de cabelos já brancos, aguardando ensejo, para sentar-se, no interior..

Apesar dos anos que já são bastantes ( só faltam 7, para entrar no século), ainda se movimenta e gosta de conversar.
Vendo-me o Zé Aurindo olhar para ele, esclarece prestesmente: " É meu tio!".

Bom, disse eu, que venha sentar-se, pois está melhor!
Impressionou-me o velhinho, já com tantos anos a pesar sobre ele! Conversámos depois, animadamente, ao longo da vuagem. expondo ali os seus pontos de vista assim como também os altos e baaixos da longa existência.

Dava-me gosto ouvi-lo expor, uma vez que, sendo mais velho, acmulara o saber que vem da experiência.
Tenho 67, mas ele vai correndo para oa 94! Há uma diferença de 27 anos!
Pelos vistos, não é tão pequeno o espaço existente! Era esta a razão, por que eu o escutava!, com entusiasmo!Falou, discorreu e consolou-se!
O facto evidente de prestar-lhe atenção e fazer perguntas, dava calor ao nosso diálogo.! Não houve enfados!. De parte a parte, se notava interesse e boa disposição.

Entre as frases que então guardei, encontra-se esta: " Em a gente chegando a esta idade, já não acha gosto a coisa nenhuma!"
Meditei sobre o período e dei-me a refflectir, demoradamente. Acho curioso que seja assim. Porquê? Alguém
discorda, por não achar bem?!

Eu cá. navego noutras águas!! É excelente que seja deste modo! Se Deus é sábio!
Quanto Ele faz é sempre bem feito! Se Ele é Omnisciente!
Já agora, também deixo aqui os graves motivos que, a rigor, me assistem! O facto de partirmos, um dia mais tarde, abandonando aqui tudo quanto amáramos, seria horroroso, se estivéssemos, de facto, presos à vida!

Sendo tão ingrata, chorada e lamentosa qualquer despedida, que não seria, pois, achando-se a pessoa bem enraizada, cá no planeta! Já o mesmo não sucede, quando o nosso coração está desprendido! Pois, na verdade, se não achamos gosto àquilo que fazemos, é-nos indiderente que seja dum modo eu então de outro!

Não havendo interesse, que prazer sentiremos em viver neste mundo?! Falta incentivo que origina o apego... desejo de continuar, arrostando animosos com o sofrimento, que originam por norma as circunstâncias da vida. Quem haveria, resignado e pronto?! Ninguém! Fariam excepção as almas eleitas, abrasadas em amor!

Refiro-me, é claro, ao amor de Deus.
O Céu, porém, que é Providência, tudo organizou, em nosso proveito!
Ao chegar o momentp da partida final, recebe o homem tal decisão, com grande à-vontade.É Deus, nosso Pai, que manda chamar! Pois, então, vamos para Ele, que este mundo, realmente, não enche a alma nem traz repouso ao nosso coração!

******
Lx . Belém Continuação
1985-03-29 "Pois gostava!"
Ainda o macróbio de ontem.
Ante a idade avançada, em que já se encontra, veio-me à lembrança faer-lhe uma pergunta, por curiosidade.
Aproveitei o ensejo, após ele haver dito que, ao lolongo da existència, houvera coisas várias que o fizeram sofrer.
" Tive muitos desgostos!"

Era esta a ocasião de inquirir sobre o facto. Não me fiz rogado e
atirei-me de chofre; gostava, acaso, de voltar ao princípio?
-- Pois gostava! Lá isso é verdade!
Detive-me a pensar, com longa demora, Noventa e três anos, já bem cumpridos! Muitos desgostos e fortes desilusões! Falta de interesse, por tudo o que sucede...

Admiti, já se vê, com probabilidade, que ele hesitasse em dar a resposta ou ainda, que fosse negativa. Apesar de tudo. foi muito positiva e dada num tom de forte convicção.Perante o sicedido que trouxe, desde logo, funda surpresa e algum embaraço, pus-me a inferir conclusões diversas.

Quais serão as razões que militam, a favor de tal afirmação?
Não estou dentro dele, mas quer-me parecer que vou deduzir, com bastante precisão.. Vejamos então o fundo pensamento e a lógica possível do raciocínio. Parto do princípio que falou verdadeiro.

O à-vonade e a calma, sinceridade e lhaneza presidiram, ao que julgo, à saída inesperada. Há-de ter, com certeza, meios bastantes,
para viver!...O ambiente familiar, seja ele solteiro, deve ser-lhe favorável. De tal forma o julgo que, se ele não tem recursos, ninguém os proporciona. Também agora não passa despercebido o seu amor à existência.

Quem não gosta de viver?! Se a vida é bela! Não sendo pessimistas, amamos decero a existência terrena.

Constituem excepção os doentes e enfermos, que sofrem muito. Esses, portanto, não entram na lista! Quando é forte uma dor, perde-se em breve o gosto de viver! Deduzo, pois, que o seu estado físico será razoável.Agora, pois, detenhamo.nos um pouco, sobre a vida presente. Que seria,afinal, voltar ao principio?

Era, na verdade, tornar a ser criança e objecto de carícias, afagos e blandícias. Um menino das bruxas, disputado e amimado! Um alvo procurado, aonde vão fixar-se os anseios e projectos dum pai amoroso... de uma mãe extremosa! Um foco de enlevo, solicitude e carinho!
Quem é que não ama tais demonstrações?! Seria a vida um suave paraíso, em que nada faltaria!
Em seguida, a a explosão do amor e o sonho do lar! Os planos de ventura e os grandes projectos! Como isto é belo, só de pensá-lo,
ainda que, por vezes, não tenha realização!

Os amigos de então, as fiéis admiradoras... o lar em projecto!
Um mundo belo, já diferente. recriado por nós, que nos temos por argutos, eficientes, capazes, harto superores!

******
Lx . Belém
1985-03-30
Nove horas em repouso

Necessário se torna repousar diariamente, afim de restaurarmos energias perdidas, que o trabalho desgasta, não tornando a devolvê-las. Esse tempo de inacção ou mudança de agir é mais ou menos longo, segundo os vários casos a que devemos olhar: idade e saúde; prolongamento da nossa tarefa; exigências e dureza.

Entretanto, em condições normais, achamos demasiado repousar nove horas. Como base normativa é, pois, excessivo!
Bom. Desçamos, agora, ao caso especial, curioso, alarmante, que originou este meu Diário.

Ontem, após o almoço, visitei um doente, pessoa muito amiga, que sofreu há pouco delicada acção, de carácter cirúrgico. Trata.se, afinal,do meu Dentista, um cabo-verdiano, pessoa
extraordinária, pelas realizações e concepção da vida.
Tem o consultório na Rua dos Lusíadas, ali em Alcântara. Já noutros diários a ele me referi, pois a sua actuação é digna de registo.
Este bom amigo tem 70 anos e regrssou, há pouco, do Hospital, onde fora operado. Uma vez em presença, alegrámo-nos ambos, Havia três meses, que não nos encontrávamos. Eu, por minha parte, já tinha saudades!

Em conversa amiga, expôs a odisseia, a que o seu coração o veio sujeitando, ao longo desses meses. Foram 9 horas, ligado à máquina, para livrar o seu coração do agir normal. As veias coronárias estavam destruídas; além disso, uma das válvulas
precisava arranjo ou substituição. Foi um longo processo, que já
vinha de trás.
A situação fora-lhe exposta, com várias reservas; a idade e os desgastes não permitiam largas possibilidades; sendo fumador ou então bebedor, era certa a morte. Felizmente, não fuma nem tão pouco bebe álcool.

Isto fez ele, durante a vida inteira.
Lembraram até que, sem operação, era morte certa; que esta, realmente, podia ocorrer, após a anestesia. Sendo operado, que havia, no entanto, certa possibilidade

Ele e a família optaram, claro está, pela terceira via.
Vem, depois. a longa intervenção, que dura 9 horas! Previamente,
foi rachado o externo, de alto a baixo, segundo a linha do centro

Em seguida, extraíram uma veia, da perna direita, para enxertarem. no próprio coração. Assim foram substituídas as duas coronárias, que já não funcionavam.

Bom. Enquanto isto ocorria, funcionava a máquina, Foram 9 horas! Achar-se-á muito? Eu cá, penso de outro modo!
Efectivamente, se ele fora incansável, durante 7o anos, sem nunca ter folga, como dizer alguém que foi demasiado o tempo de repouso?!
Pois aí temos nós o grande Celso Pinto já recuprado, a olhos
visto! Que bom, na verdade!
O peso actual desceu 20 quilos, pois tendo 99, baixou a 79.
Está mais elegante e poupa, deste modo, o esforço excessivo do coração!
******
Lx . Belém
1985-03-31 Três vezes, por minuto.

Não importa o que seja! Parace demais, atendendo à frequência! A não ser que se tratasse de coisa maravilhosa! Nesse caso, havia objecções que pudesse levantar! Infelizmente, porém, não é esse o caso. Há saturação, repetindo a mesma coisa, centenas de vezes. Mas que hei-de eu fazer, se a vida é isto, cá entre nós?!
Lamentos e queixas, protestos, desacordo?! Que mais farei eu?! Entretanto, alimento uma esperança: que muitos, um dia, venham a ler-me e, olhando para si, corrijam maus hábitos, que outros não toleram!

A limpeza e o respeito que merecem os outros devem captar a nossa atenção, para agirmos, depois, segundo é próprio. Refiro-me, é claro, à higiene pessoal. Se as nossas atitudes, reacções e movimentos perturbam o próximo, não somos elementos que os outros estimem ou, ainda muito menos, acarinhem e prezem!

Bem ao contrário: procuram, num credo, ver-se livres deles,
afastando-os para longe!
A semana passada, aguardava, na paragem, que chegasse o auto-carro. Era muito perto da Escola Preparatória, que chamam 'Roque,'mão longe da entrada para a cidade Amadora.

Havia mais pessoas, algumas das quais estavam sentadas
O rumo de todos era a cidade.
Por ser realmente em dia de sábado, os transportes rareiam, o que traz demoras, à espera dos veículos. Esta,sim, a verdadeira razão de alguns se sentarem. Ali, não há bancos: utiliza-se então uma espécie de ante-muro, que é aproveitado, com tal objectivo.

De pé, a dois metros, estava um sujeito, de colo esgargalado,
figurando os seus 30 ou pouco mais. No vigor da idade!
Pois bem. Este senhor parecia alheado e ostentava, em geral,
aspecto superior! Era destes cavalheiros que não medem jamais os
graves efeitos daquilo que fazem. já por falta de querer, já por orgulho.
Às vezes, será também por sua estupidez.!
Desconheço pormenores que lhe digam respeito, mas julgo. na minha, que faz impensado o que ali praticou, estando eu presente.
Hábitos de longe? Era bom corrigi-los.

Acrescento um pormenor que reveste importância: o vento molesto soprava da esquerda, onde ele se encontrava, arremessando fosse o que fosse contra a minha pessoa!
Ocasionara isto vir ele derradeiro e ficar precisamente no extremo da bicha!
Situação delicada para todos nós! Irmos embora não era aconselhável nem podia fazer-se: perdíamos a carreira! Ficar?
Remédio não havia! Dava isto por efeito apararmos no rosto os
vários 'perdigotos' do sujo cavalheiro.

Se fosse apenas uma vez por todas! Mas três por minuto!
Foi horroroso esse tempo de espera! Cuspia... cuspia, fazendo-o breve. o que logo originava maior quantidade, elaborada então pelas suas glândulas.

Vejam agora os caros leitores e amáveis leitoras,, como certas pessoas torturam a vida a seuss pobres imãos!

******
Lx . Belém
1985-04-01 Uma desilusão

Fosse apenas uma, a vida sorriria! Elas, porém, abundam em número, Afinal, a vida é, a rigor, uma cadeia imensa de amargas desilusões! Quem há, neste mundo, que veja realizados seus altos desígnios?! Há-de vir o prineiro!

No constante vai-vem de altos e baixos, já pros, já contras, vamos consumindo a nossa existência, até chegar o final.

A cara perspectiva traz-nos iludidos,vivendo em sonhos e grandes concepçóes! A sua contrária vem logo em fúria derribar, num momento os castelos dourados que erguera a fantasia.

Mas, que podemos fazer, ante o impossível?! Cruzar os braços, ficando parados!, com o grato objectivo de criar, una vez mais, outra nova ilusão.
O último caso toca-me de perto, O anigo Duarte prometera uma coisa que, na verdade, eu tomava a peito: arranjar colocação para a sobrinha Regina. Ele em pessoa falara no assunto, perguntando, há um mês, se já tinha emprego. Disse-lhe que não! .
A estas palavras,, interveio, pressuroso: " Vou abrir, em breve, uma casa de negócio -- uma Pastelaria. As obras estão já
feitas. Seis mil contos ali foram investidos! Há-de ir lá comigo!

A primeira pessoa a ser convidada, para trabalhar é a sua sobrinha. Fica até querer! Surgindo-lhe depois uma coisa melhor.
aproveita, com certeza! Acha~se à-vontade!

Perante os seus dizeres, fiquei radiante!
Segredei, aliviando, para os meus botões: Desta vez, o assunto arruma-se! Arranjar emprego é hoje uma coisa de grandes cuidados! Ninguém que se saiba quer hoje empregados!

Em tais circunstâncias, caía do Céuu o trabalho a fazer!
Havendo transcorrido o dia 24, dado por limite, arran quei de manhã, no carro 49, rumo à grande Avenida dos Estados Unidos

Uma vez aqui, localizei, antes do final, a do Rio de Janeiro.
Identificada já, encalho por ela, olhando, curioso, à direita e à esquerdam, para meu governo. Entrementes, ia perguntando a quem passava: o lugar dos Bombeiros?!

-- Além para baixo! Há-de passar ainda em frente da igreja de S,João de Brito, Dali abaixo... pouco mais duma paragem!
Bom! Alentado já pelos transeuntes, avanço confiado, abeirando-se osdizeres que a paragem ostentva: Bombeiros!
Calculei prestesmente que fosse por ali! Movido por esta ideia, olho com atenção para o 29 A.
Levara obras, lá no interor e pareciam recentes. Seria ali, de facto, a nova Pastelaria?!
Sou tod olhos, afim de inquirir e tirar conclusões, sobre aquilo que intento!
******
Lx .Belém
1985-04.-02 Uma Desilusão (cont,)

Como não sabia o endereço da casa, mantinha-me ali, inquirindo sobre isso. Olhava, olhava, fixando as pessoas, e
lendo os dizeres que se ofereciam à vista. Pela banda exterior, verifiquei a legenda 29 A, por cima da porta, mesmo no topo..

Lá por dentro, ao que pude observar, mantendo-me fora,
dava ares de novidade. O cheiro a tintas, o fresco dos móveis e a
falta de uso, tudo me dizia que fora aberta, havia pouco.

Na berma da Avanida. logo muito perto, lia-se um dístico, alusivo aos bombeiros. Assim que o vi, tive logo a sensação se que não estava longe. Não me tinham dito que ficava aos Bombeiros?!

Era, de facto, uma boa reerência que serviria de pista! outro
dado importante: um senhor já idoso, com mais de 7o anos.
Realmente, ao fim de algum tempo, avisto um cavalheiro, bwatante nutrido, que podia ser, afinal, quem eu desejava.

Entretanto fui lendo e observando o mais que faltava.
Yinham-me falado, se bem me recordo, numa Pastelaria, que
abrira de novo. Opa, que é que pude ler mais?
"C roissanteria".
Este dado vinha destoar! Apesar de tudo, como tem relação com bolos e café, ainda mantive a mesma confiança. Seria ali.
Chegado a este ponto, restavam dois meios: 1. esperar resignado que saísse alguém, lá do serviço, para indagar; 2. entrar
lá dentro, afim de interpelar o aludido senhor, de quem ouvira falar, caso fosse ele.

Aguardando paciente, vejo uma senhora, encaminhando-se lesta para um carro estacionado.
Abrindo ali a porta da viatura e dobrando-se um tanto, retira de lá quanto precisava, indo novamente para a Croissanteria..

Aproveitando o ensejo, desfecho a pergunta: o senhor Duarte encontra-se aqui?
-- Não! Não está cá.
-- A que horas posso falar-lhe?
Não sei. Julgo que não vem cá
Isto desorientou-me, pois me haviam dito que ele pedira férias na Agencia Funerária, para estar ali, assistindo assim, aos primeiros trabalhos.
Fiquei de pé atrás! Pelo sim, pelo não, avanço mais um pouco
Aquele senhor, já um tanto idoso, aproxima-se da porta, e eu
aproveito: por favor, o senhor Duarte está?
-- Não senhor!
A que horas, então, poderei eu avistar-me com ele?
-- Telefone para a Agência, na freguesia da Ajuda.
Mas ele é sócio, não é?!
-- Já foi, de verdade., mas desfizemos tal sociedade! Haviam
de estar aqui ou nas outras Casas, onde tinham negócios!
-- É que ele. na verdade, tinha prometido empregar aqui a
minha sobrinha!
-- Pois, sim, mas isto é fraco. Servimo-nos agora com a prata da Casa! Mais tarde se verá. Agora, não!
Assim caiu mais um troço do palácio da ilusão!

******
lx .Belem
1985-04-03 A Estátua do Marquês

Ontem, precisamente, divulgou a Imprenda e a televisão uma notícia bombástica: a Estátua do Marquês ia ser retirada para o
cimo do Parque, mercê do trânsito, que fica ali harto ensarilhado.

Alegou-se, a propósito, a frequência de viaturas e sua quantidade, motivos ponderosos que levaram a Câmara a tomar a
tomar a decisão. Contavam, já se vê, com muita oposição, mas era
acertado, não obstante a despesa, que iria implicar esta remoção

Eu, por mim, ouvi a referência e fiquei satisfeito, alegrando-me em extremo, por havê-lo desejado muitíssimas vezes, no íntimo do peito. Enviaria parabéns aos membros da Câmara, por essa decisão.
Como seria agradável passar então pela enorme rotunda! Os
engarrafamentos são constantes ali., perdendo-se a calma, em esperas retardadas.

Onde ele ficava bem era na verdade, ao cimo do Parque, A ninguém molestava! O próprio Camilo que votava imenso asco ao cruel ditado, havia de sorrir, à medida engenhosa!

Haveria protestos É natural que surgissem alguns. Há sempre doentes e assaz afeiçoados! Entretanto, seria bem melhor que barrar o tráfego, provocando maldições aos seus inimigos, que são muitíssimos.
Entre os maiores estarão os Jesuítas mas, como são indulgentes, já terão esquecido ofensas e agravos. A família dos Távoras e outras assim bem como a daqueles que exalaram nas
prisões o óltimo alento, exultariam de júbilo, se o vissem afastado para lugar bem distante!

Mas, enfim, já que foi mentira, resignemo.nos todos a olhá-lo sempre, com paz de espírito e repouso fundo, no coração.

Ao menos aquele não fará muito mal, a não ser que se atire, escabreado e azedo, lá do alto pesestal, esmagando na queda os humildes peões, tomados de surpresa! Também os veículos seriam apanhados, havendo nós de lamsntar seu mísero estado.
Bom Deixemo-lo em paz, uma vez que a nossa Câmara não quer abalançar-se a tamanha empresa!
Valha a verdade, no entanto, que tal Município libertava a Praça de u m grande pesadelo!

Ainda se fosse Nuno Álvares Pereira, o "Pai da Pátria" ou então Afonso Henriques, organizador e chefe dum grande povo que viria a ser único, por terra, mar e ar!

Com estes,sim, ainda me calava, mas co ele não vou à bola!
Entendo, porém, que não devo afligi.lo. Tenho para mim que morreu arrependido. Com efeito, após o seu exílio, a 40 léguas desta cidade ( e foi comutação da pena de morte a que fora condenado) o homenzarrão virou o bico ao prego, A cidade de Pombal sabe-o muito bem!
A sua arrogância bem como a lascívia e cobiça de bens que não lhe eram devidos, tudo isso caiu!
Paz aos mortos! Que Deus lhe tenha perdoado, Bem precisava disso!
******
Lx .Belém
1985-04-04
"Eram já cerca das 12 e 30 Horas".

Alguém falou assim, na televisão, empregando a frase como se vê,no topo. Oculto o seu nome, para nao envergonhar, pois mercê do cargo seria desprimoroso que a falha se divulgasse. Tenho para mim que tratei o assunto, já de outra vez., mas a insistência leva-me, de novo, a rever a questão.

Aquela frase é assaz incorrecta, pois avulta nela grave solecismo. Se nós dissermos,"eram 12 horas e 30 minutos!", fica exemplar, não havendo reparos a fazer então.

Efectivamente, há concordância entre o verbo e o sujeito.
Para elucidar, analiso assim: predicado:eram; sujeito: 12 horas e 30 minutos. "Eram" é o mesmo que: passavam, decorriam, completavam-se, perfaziam-se.
Repugna-me a frase, destituída de sujeito, como se diz, por modo habitual.
A frase do topo, que vem logo de inicio, para ser correcta, deve apresentar a forma seguinte: era cerca das 12 horas e 3o minutos. Pareça embora igual, Pareça embora igual, quanto à estrutura, de facto, não é!

Considero exemplar a forma seguinte: era cerca das 12 horas e 3o minutos. Neste caso, "cerca das 12 horas e 30 minutos" nem é sujeito, para fazer-se a concordância, nem é também nome predicativo..
A forma verbal "era" está por "ocorria" ( alguma coisa, o facto, o caso).Cerca das 12 horas é uma circunstância de tempo.

Os irmãos brasileiros estão a repontar e tèm razão
Não é esquisito, vergonhoso até, que, havendo nós instruído os povos lusófonos, nenham eles agora apontar deficiências a quem devia prezar-se de conhecer a língua?!

Quando virá o tempo, em que estes dislates não sejam de apontar?! Trata-se agora de faltas graves, pois atingem realmente a essência do idioma. De facto, arruinar a sintaxe é anavalhar, sem a mínima piedade, a alma da Língua! Por este caminho, chega-se em breve à sua destruição! Não é uma pena?!

Ainda ontem alguém empregou a palavra "démarches"
Fiquei revoltado e bastante indisposto! Por que havemos de ir à França rebuscar no idioma o que tamos em barda?! Seremos nós, acaso, pedintes ou mendigos?! Se a Língua é riquíssima ( 260,000
vocábulos!), por que razão empregamos remendos?"

Para consertar?! Quem vai entender a palavra sémarches?! O que ele fez não foram démarches que ninguém entende, nesta
faixa marítima! Empregou diligências, empregou ou fez algum esforço, trcorreu a medidas, com certo objectivo.
Não saberá esse cavalheiro que a lìngua portuguesa é muito mais rica do que a Fancesa?!. Quem ignora isso?!

Senhor cavalheiro, vá falando sempre, mas façaõ de tal modo que todos nós entendamos. Até a gente iletrada que vivw nas aldeias.
A língua francesa tem 60,000 vocábulos!

******
Lx. Belém
1985-04-05 Toto Loto

Segundo julgo, pertence este jogo aos que são designados pelo nome "azar".Jogos de azar é como lhes chamam. Por esta razão,
quem larga o dinheiro a muito se arrisca! É obra do calha! Se vem, bom é; se não vem, foi como um sonho!.
Ali, não há regras nem inteligência, penetrando com argúcia.
Simples acaso! Entretanto, há muita gemte que vai no engodo e, às vezes, acerta!
Este facto, narrado nos jornais e descrito, em pormenor, pela televisão, aguça o apetite e prepara multidões, para se atirarem, logo de cabeça, tentando a sorte.

Muitos jogadores fazem-no meramente, cim fins lucrativos,
entregando-se ao diabo, quando nada lhes toca. Outros, porém, sem excluírem os altos fins, oferecem o importe às Obras de Caridade que a Sata Casa vai socorrendo, há muitos anos já.

Pelo que me respeita, vou incluir-me na lista dos últimos
No mês corrente, se a memória não falha, apareceu já outra modalidade: é o toto-bola! Muitíssima gente se deixa tentar, na mira fagueira de ser contemplada! É que, na vedade, o custo de vida mete as costas para dentro!

É uma casestia que dã ãgua pelas barbas! Só o alimento absorve as receitas que, no geral, são bastante magras! Que vale, realmente o ordenado mínimo?! Não ultrapassa os 19 contos e 200$00, se não me engano1 A que chega isso?!

Connmendo, em Restaurante, uma só refeição ( almoço ou jantar) absorve, de facto, aquele montante! E as outras refeições?!
Isto, sendo um só! E então os filhos?! Um monte de problemas!
São estas as razões que impelem os povos dar-pelo menos em apostas simples, Também eu ontem fiz de igual modo, jogando no toto.loto. É quase um passa- tempo. Não o faço eu, bem entendido, por carência absoluta de recursos humanos ou a isso respeitantes.
Apesar de tudo, seria mais fácil resolver problemas que bastante me afectam! Além disso, não penso, evidentemente, só na minha pessoa! Lá preechi o requerido impresso. O mínimo que exigem são duas apostas, que implicam um momtante de 30$00.

No dito impresso, vêem-se quadrados, em número de 10.
Em cada um, há filas de algarismos que vão de 1 a 45. Orabem.
Destes 45, marcamos 6, com tinta indelével, azul ou preta.
Podem vir seguidos ou ainda salteados.A gosto e capricho de cada pessoa
Desta vez, tentei a sorte, escolhendo os números que preechem duas datas, que são alusivas à minha vida: Fevereiro-19, data do nascimemto; ano 18. Segue a data presente:Fevereiro-19-1985, em que perfiz 67 anos

Também quero ver a minha habilidade! Amanhã será!
Havendo um só totalista, são l8000 contos, no primeiro prémio. Para este sair, exigem as regras 6 números certos.

******
Lx . Belém
1985-o4-06 Cont,

A nossa vida é feita de sonhos. Enquanto existem, há grande incentivo, que prende e cativa, julgando alcamçar o que tanto amamos.
Se não fossem eles, era este mundo um campo deserto, cheio de maldição. aridez e treva. Actuam sobre nós, à maneira de farol ou como sorriso que harto dulcifica a nossa existência.

Todos os planos, intentos e projectos arrancam do sonho que lhes dá gestação, para seguidamente inundarem de beleza os vários misteres, com suas exigêmcias.Apareceu, há pouco o jogo do toto- loto. Maior diligência, afim de atrair o vil metal que presta serviços, não podendo eliminar-se.

Como sempre acotece, irrompe a ilusão, despertando a fantasia e criando situações que animam as gentes. É que hoje, de facto, não é fácil viver-se! O custo de vida, os magros venncimentos, incompatíveis e desactualizados; a enorme inflação e a falta de emprego geram nas almas viva ansiedade! Cada vez pior!

Por estas razões, vem a caça ao dinheiro, recorrendo~se a tudo. Está, pois, na berlinda, o chamado toto-loto!

As multidões atiram-se de chofre, arriscando assim os fracos proventos! Por 30$00, talvez haja sorte! Só acontece que, entre os vários milhares, poucos acertam! Mais por brincadeira e a mero título de grata experiêmcia, também eu me animarei. como tinha já dito.
Preenchi o minimo que são dois quadrados. Só duas apostas!
Para as duplas não vou! Pode, às vezes, calhar!
Nao tenho, realmente, a corda na garganta! Nas há dificuldades, certas premências de prioridade.

Uma delas é o mobiliário que assaz me preocupa! Móveis baratos não valem nada! Sendo eles bons, atingem, desde logo, montantes astronómicos! É um pavor! Luxo não preciso, mas prefiro sempre que seja bom, elegante e durável!

Saindo o toto-loto. resolvia a situação. Era ouro sobre azul!
Dezoito mil ou até os nove mil! Seria fantástico! Mas há tanta gente, com o mesmo desejo!

Às 19 e 45, no dia corrente, já fico desenganado!
Quantas ilusões não vão converter-se em desilusões, bastante amargas! A vida é assim!
Quanto àqueles números que mereceram a minha referência,
já disse atrás o que tinha em mente!! Foi isto de palpite, como é natural! Se acertar, bom é!
Ficam as marcas, nos seguintes quadradinhos: 1-2-9-18-19-28-1-2-5-8-9-19.
Se nada me tocar, fico o mesmo homem! Que pode afectar-me?! Ofereço como óbulo essa pobre quantia, o meso fazendo, nas semanas que vierem! Irei tentando! Além disso, também me é
grato ajudar quem precisa!

Noutros tempos, jogava um bocadinho na Lotaria, mas afinal de contas, conseguia apenas a terminação.Noutras ainda, nem isso vinha! Tenho a impressão de que só trabalhando e fazendo economias é caminho seguro. No entanto, há já o suficiente para
cada dia. Nada mais é preciso!

******
Lx . Belém
1985-04-07
Ressurreição de Jesus Cristo
Dia grande! Dia imortal!

Através dos séculos, houve, sem dúvida, factos salientes, muitos dos quais assombram ainda o espírito humano, É de ver por exemplo:
a fala humana, exprimindo , a rigor, por sons materiais,
ideias e conceitos de cunho intelectual; o alfabeto, permitindo gravar e, por isso eternizar o que é passageiro, enquanto mero som; o chamado fogo, que dá possibilidade ao ser humano de fazer cozinhados, aquecer-se a capricho e fundir os metais;

a máquina a vapor, que, do remo e da vela, passa depois aos grandes transatlânticos; a útil roda, que, à primeira vista, se afigura trivial, mas que foi, na verdade, um grande achado,

proporcionando ao homem transportar em carros o que levava às costas, meio excelente que utilizaria, com mais facilidade, economia e rapidez; a explosiva ´pólvora, que alterou cabalmente a estratégia da guerra, logo que foi aplicada às armas de fogo, e levou a fragmentar colossais rochedos, com a mira na construção;

a funcional bússula, instrumento simples e maravilhoso que facilita ao homem localizar-se, a rigor, em qualquer parte;
a Imprensa e o papel, meios de eleição, que permitiram às gentes levar a cabo a pronta divulgação das Artes, Ciências e Letras, contribuindo assim, para o bem da Humanidade e facilitando a própria gravação, com maior eficiência, rapidez e per feição. que
fazendo isso em tábuas enceradas, papiro ou tijolos;

a ansiosa Aviação que, de simples balões passa desde logo aos grandes aeroplanos, como o B 52 e o moderno Concord, levando com prestezam aos 4 cantos do mundo toda a espécie de cargas;

a electricidade. invento de maravilha, que se aplica, desde logo, a inúmeras coisas, como sejam, por exemplo: aquecimento; refrigeração, luz, som e radio; televisão, telefone e telégrafo, e o mais que falta; a impensada radio que, de toda a parte, nos traz
a voz humana, por ondas hertzianas, com a rapidez da mesma luz!;
a televisão que, além do som, nos fornece a imagem, eternizando-a, bem como ao som; o telefone que, por meio de fios, condutores da luz, faz chegar as vozes, com enorme rapidez:

ainda o telégrafo, que permite a escrita, a longas distâncias, por meio dum código, a isso conducente; a energia nuclear, fonte de potencial mais forte e poderoso que a energia eléctrica;

a bomba atómica, infelizmente empregada, psrs fins ruinosos; a bomba de hidrogénio; os terríveis mísseis que, usadod por má gente, podem causar a destruição do mundo; a ida à Lua e a outos
planetas, descobrindo segredos que estavam escondidos,desde o prncípio;
a penicelina que ataca em força vírus infecciosos; a hidrazida como a terra-micina, elememtos formidáveis, contra a tuberculose;
a transplantação de órgãos humanos, dando possibilidades de sobrevivência; o estacamento da lepra, que permite o retorno ao convívio humano; a recuperação de tristes
deficientes e de muitas outras coisas que seria longo enumerar
agora!
Tudo isto é excelente, maravilhoso e magnífico!
Não quero omitir o magnetofone, que dá, conjuntamente, imagens e som, a longas distâncias;

o tele-móvel, que, sendo embora pequeno. permite contactar, em qualquer sítio e a qualquer hora,
para tratarmos de assuntos vários; a descoberta do átomo, sua organização e funcionamento. já com imagem

******
Lx . Belém
1985-04-08 Cont.
Do que fica exposto e do muito que falta, chegamos brevemente à conclusão de que o homem, na verdade, tem feito muitas doisas, deveras prestimosas e assaz admiráveis! Nem lhe tira o mérito a grande trafulhice e génio maligno, de que, às vezes se serve, para, utilizando os inventos, para mal da Humanidade.

Dói-me bastante fazer uma afirmação que trago comigo, há muito já.Poderei assegurar que tem feito mais mal do que o bem originado? Parace-me que sim! Não vai correndo perigo a vida na Terra?! O mesmo planeta, se não os outros ainda e os astros em geral, não se arriscam, talvez, a ser destruídos?!

Determinados ensaios não causam transtorno à vida humana, fazendo-a perigar, se bem que não destruam?! Era não findar jamais. se quiesesse fazer a lista dos altos maleficios, causados pelo homem!
Quando ele escuta a voz da consciência e procura obedecer à Santa Lei, já é diferente!
Bom. Seja ainda para o mal é inegável, de facto, que o génio do homem, aobora não crie, vai descobrindo e, âs vezes imitando o que Deus cá deixou,
para seu proveito..Esmera-se ele por imitar, usando sempre a matéria criada palo nosso Deus e que o Céu legou a toda a Humanidade.
Embora limitada, a inteligência do homem tem feito belas coisas. Se comparamos agora aquilo que ele faz com as obras de Deus, vemos logo a diferença!

De tal modo avulta. que chegamos a ter pena de tal exiguidade! É como anãozinho ao pé do gigante! Qualquer sombra negra, ao pé da luz; como nada absoluto, comparado ao tudo!
Qualquer dos milagres, realizados por Jesus, deixa no escuro
o feito mais notável do engenho humano!

E se tomo agora, como pontode partida a Ressurreição?!
Então, sim, o tal engenho logo emudece... a inteigência cala-se...
o homem débil perde logo a voz!! Perante a morte, a ciência humana cruza logo os braços!
Detectada que seja uma célula morta, num corpo vivo, não pode a Ciência fazê-la reviver. embora o conjunto de que ela faz parte, continue a agir
O Senhor Jesus Cristo, exausto de forças, coberto de feridas e chagas a sangrar, fatigado e partido; cheio de golpes e já sem vida, aparece glorioso, triunfante , imortal, no Domingo de Páscoa.
Foi a Ciência humana que restaurou essas células?! Foram os homens que lhe devolveram a preciosa vida?! Ninguém dá o que não tem. Se eu tenho somente 200$00, não posso dar 300!

Para asselar a sua Divindade, bastava somente o milagre assombroso da Rssurreição! É tão eloquente, esmagador e convincente, que não pode jamais subestimar-se ou então ser ignorado!
É por esta razão que todos os cristãos, espalhados pelo mundo, aguardam este dia, com viva ansiedade, regozijando-se ao vivo, à sua passagem.
******
L x. Belém
1985-04-09 Reservas
Com grande surpresa, ouvi há dias falar no assuno. Como são numerosos os géneros de reservas, é preciso, de início, aclarar
a situação. Não se trata, claro está, de reservas de caça ou de outros animais. É dum produto que ninguém suporia: reservas de esperma.
Quem tal diria?! Levados, talvez, por curiosidade, se não também, pelo desejo secreto de aperfeiçoar a espécie humana,
correram os cientistas mais uma aventura: obter o esperma de tipos inteligentes, para depois ser guardado, em contentores, muito sofisticados e bem fechados.

Dali será tirado, para fins diversos e processos diferentes de utilização.: auto- inseminação ou talvez ainda para ser injectado no ventre feminino.
Após o famoso bebé-proveta, surge-nos agora mais um achado:. O caso em foco tem de ser estudado, cientificamente,
embora não chegue esse aspecto curioso.

O homem. de facto, não é agora nem será jamais um simples animal É um ser maravilhoso, que foi criado à imagem de Deus como garantem os Livros Sagrados. Além disso, tem um destino que ultrapassa muito, as barreiras da morte.Deus e Senhor criou-o para Si e deu-lhe uma Lei por que deve reger-se.

A súmula preciosa dessa Lei Divina está no Decálogo ou 10
Mandamentos. Este Código famoso, por ter realmente génese divina, é por isso imutável, eterno e santo. O homem limitado não pode mexer-lhe nem opor-se a ele! Seria queimar-se!

Ora, que é que diz a fonte oficial que chamamos todos Sagrada Escritura? " O homem peregrino deixará seu pai bem como sua mãe, unindo-de após à sua mulher, Serão os dois uma só carne"

Levar à prática o sistema nascente é torpedear a vontade celeste! Pois não houve alguém já, que se auto-inseminou?!.
A natureza criada por Deus, apresenta-se ordenada por tal processo que tem como objectivo a geração dos filhos e a sua educação
Deve, pois excluir-se qualquer outro meio que não seja natural. A mulher ousada auto- inseminou-se? Quem é o seu marido?! Quem é. realmente, o pai da criança?! Quem vai colaborar na educação do pobre nascituo?! Haverá qualquer laço,
quero dizer, um vínculo forte a unir os três?!

A mesma extracção do sémen humano começa por ser feita de modo inatural. Será um acto aprovado pela Moral Cristã?!
Não é a Ciência que tem a palavra, uma vez que está fora do seu
objecto próprio. O aspecto religioso, social e moral fica desde logo comprometido

O lar de Nazaré, que há-de servir de modelo eterno, era formado por três pessoa: o chefe, José, a Virgem Maria e o Menino-Jesus.

Por quem é formado o lar da senhora que se auto-inseminou?! Somente por ela e por um filho, elaborado a martelo,
por uma das partes.
Em muitas espécies de animais irracionais, o macho colabora, ajudando a valer na criação dos filhos bem como ainda na sua defesa. E, para mais, não têm decerto um destino eterno!

Por esta via, o homem feliz que Deus criou, afinal, como rei da natureza, ficaria limitado a uma acção isolada, bastante fria e sem interesse.
Para amar, é preciso conviver, ficar bem presente, acompanhar sempre, em quaisquer dificuldades,e ajudar a resolvê-las.
Só deste modo, o homem se realiza e, ao mesmo tempo, sente gosto de viver. Até aqui se aplica o conhecido anexim: Longe da vista,longe do coração!
Retirar-se ao homem o papel excelente que Deus lhe areibuiu e quer que desempenhe! Quem seria o pai! Não houve troca de recipientes?!
******
Lx.Belém
1985-04-10 Cont
Cientista não sou, razão pela qual não me vou pronunciar, dogmaticamente. Seria atrevimento, sem remissão. Não sou tão parvo, que não conheça as limitações, em que agora me vejo algo
ilaqueado! São muitas e várias, ainda em matérias que tenho estudado, ao longo dos anos.
Quanto mais neste campo, inteiramente novo, que por tal razão emerge agora da sombra!
Entretanto, falando mais a priori e servundo-me já de belas noções de ordem geral, dou a minha opinião que sujeito, desde logo, a outra mais segura, caso ele apareça e disso me aperceba,

Falam os "entendidos"sobre a finalidade que os move na matéria: produrando esperma de homens inteligentes, para ser utilizado pela inseminação em órgão apropriado, obter-se-á depois, um índide forte de inteligência muito maior,"
Isto, afinal, daria em resultado uma sociedade muito mais arguta, penetrante e perfeita.
Tomo isto como hipótese e não como tese! Exponho em seguida, as razões que me assistem e que militam, por certo, contra aquela asserção.
1 .A nossa alma, fonte de conhecimentos, recordações e volições não é transmissível, de pais a filhos, por ser espiritual
Os progenitores comunicam somente a vida física e material, sem
capacidade. para fazerem mais nada. A alma dos pais não desnultiplica nem pode gerar. É una, imutável, espiritual, indesmultiplicável e imorttal.

Por estas raões, não pode influir na alma dos filhos. Os
caracteres físicos dos progenitores, esses sim, transmitem-se,
acontecendo, por vezes, que surgem características de antepassados remotos.
O que pode influir na inteligência humana é o condicionnalismo, em que a alma actua. Explico melhor. Uma pessoa doente fica sempre a baixo nível, em operações de tipo intelectual: não tem disposição e falta-lhe incentivo.

Um traumatizado ou complexado vive e actua sob ideias deprimentes, atávicos que fundo o acabrunham, tirando-lhe a vontade ou entraquecendo-a; um lar atrasado, ignorante e boçal
não é, de modo nenhum, propício à luz e a um bom rendimento de
cunho intelectual; o meio social, em que a pessoa está vivendo imersa é como travão ou poderosa alavanca, no sentido negativo
ou ainda positivo,
A inexistência destas e outras causas é que permitem, realmente, o desabrochar da inteligência bem como a serenidade para raciocinar. Daí o progresso das faculdades, em sentido comstrutivo.
Em razão disto, não me parece que o tal esperma resolva a questão e a apresente, a rgor, como se julga, por aí fora.
Ficarei incrédulo, até que me provem com toda a clareza, não ter razão naquilo que afirmo.
Tudo o que se desvia do processo natural, planeado por Deus, leva a mau fim.
******
Lx .Belém
1985-04-11 A Luz bruxoleia

, A luz, por sinal, é uma forma de energia, como dizem sempre as Ciências da Natureza. Nessa qualidade, presta aos vivos notáveis serviços.Que seria de nós,.sem esta energia?!!

Imaginemos agora uma treva eterna! Sendo os nossos olhos o primeiro sentido e o mais necessário, logo se infere a importância da luz. Sem ela presente, é muito imperfeito e limitado o contacto exterior.

As belas cores que dão tanto relevo a qualquer panorama, ficam logo à margem do nosso prazer! Em certo grau, também as distâncias, a forma dos objectos e seu próprio tamanho, ficam igualmente ao alcance da visão! Entretato, sem luz, não pode ela actuar!

Não está limitada a eficiªencia da visáo a esta realidade?!
Que seria das plantas, dos animais e do próprio homem, sem a luz
do Sol?! O mundo inteiro ia transformar-se em amplo cemitério!
Os primeiros seres a abandonar a vida eram logo as plantas.
Como iam realizar a função clorofilina, designada também por foto-síntese?! A propósito, apraz-me recordar uma bela função, caso a memória ainda a conserve!

Já me falha um pouco e, não tendo à mão recrsos livrescos,
( tudo me roubaram, no 25 de Abril), estou sempre receoso!
Dos erros perpetrados peço já desculpa!

O óxido de carbono, existente na atmosfera, provém da expiração do homem e do animal, bem como das plantas, durante a noite; de matérias putrefactas e suas exalações; da combustão de produtos inflamáveis ( lenha, carvão, gasolina, gás cidla e outros).

Se não existisse a função clorofilina, intoxicava os seres vivos, originando-lhes a morte, em breve espaço
Ora, que vem, pois, fazer a foto- síntese? A luz solar, inidindo então sobre se folhas verdes, realiza assim a tal função
que eu reputo assaz maravilhosa! Como se processa?

A luz solar decompõe, realmente , o óxido de carbono ( produto deletério) em carbono e oxigénio, apropriando a planta o dito carbono e libertando o oxigénio, que é indispensável a todos os seres vivos. Os alimentos Próprios fabrica-os a planta, a partir do carbono!.
Na dita função entra a luz solar, a clorofila das folhas ( substância especial, que lhes dá cor verde) e óxido de carbono..
São, pois, três elementos.
Aqui está bem patente como o Grande Arquitecto sabe tirar tudo o que é bom daquilo que o não é! Não fosse Ele Omnisciente!
Provado está, pois, que a luz do Sol ou qualquer outra luz, proveniente que seja de matérias inflamáveis que se incendeiam,.em presença do oxigénio, com certo grau de temperatura, no meio ambiente, é coisa maravilhosa, deveras útil e imprescindível!
Até aqui, estive focando a luz material. Há, porém, outras luzes, que não são, de facto, menos valiosas e se tornam, desde logo, imprescindíveis: a luz da inteligêmcia, aluz da amizade como a do amor e a luz de Deus.

******
Lx . Belém
1985-04- 12 Cont,
Trata-se agora da luz do amor, aquele amor genuíno, que não desmerece, pois brota da alma, espontaneamente, sem que haja obstáculo , que possa travá-lo. Por ser autêntico, leal e constante, não receia barreiras nem contratempos!. Com estes,
havendo mudança, é para melhor, quer dizer, só contribem para
revigorá-lo.
Minha irmã Agusta foi ontem operada aos cálculos da vesícula. Operação melindrosa faz-me pensar, ocultando no seio a dor e a angústia. Que seria deste lar, se falhasse a operação ou houvesse problemas que lhe pusessem a vida em sério risco?! Nem quero reflectir, na parte que me toca! Como iria ser a minha reacção?!
Só de lançar a mera pergunta, fica aturdida a pobre cabeça!
Nesta humilde casa, na Rua do Embaixador, havia uma luz que a todos alumiava: a mim que sou irmão; ao marido que a aprecia e lhe vota estima; à Gina, ao Isaías e ao Carlos Alberto que não vêem outra coisa, neste pobre mundo, onde têm sofrido os graves atropelo de 75!

Quem os guiou, insuflando-lhes ânimo e provendo a tudo?!
Quem os amparou, granjeando o necessário, nessas horas horríveis, melhor diria, nestes anos lastimosos, após o caso de Angola, onde ficaram seus bens e duas filhas que adoravam?!

À maneira de farol, nesta noite de breu, derramava sobre nós seus raios luminosos que evitaram as quedas, geradas em nós pelo infortúnio.
Onde havia uma dor... onde pessentia uma angústia de alma,
onde escasseava o pão do corpo e,de igual passo, a nutrição do espíirito, lá estava presente, de sorriso afável, olhar amoroso, e gesto pronto, disposta ao sacrifício, para tudo fazer, em prol dos seus!! Com ela não contava! Assim Deus do Céu a tem ajudado!
Embora na estreiteza, nunca faltou o que era basilar.
Com trabalho e instâncias, pedidos e rogos, exposições e até queixumes, manteve o lar unido, através da tempestade.

Agora, desde o dia 8 do mês corrente, essa luz suave e dulcificante quase se apagou. Às 9 horas da manhã, deu entrada no Hospital. que designavam aí por "do Ultramar"e, em nossos dias "por Egas Moniz"..
Partiu segunda-feira. Como astro benéfico se escondeu no Poente, deixando às escuras a todos nós! Foi-se ela daqui e tudo com ela! A nossa alegria, o bem-estar, o incentivo, a mesma esperança!.
Este cortejo seguiu-a prestesmente, mergulhando a casa em treva densa. Apagou-se, pois, o astro que brilhava, para todos nós,
com luz meridiana.

Voltará ele a surgir, no Oriente, radioso e belo como fora, no passado?! Só Deus é quem sabe, mas espero que sim!
O Céu bondoso não há-de permitir que e ssa luz bendita se apague para sempre! Rezei por ela, durante dias e tenho a certeza de que o Céu me ouviu. Por isso, ainda bruxoleia essa luz no farol.
A esperança aviva-se e deste lugar, onde ela não está, ergue-se de novo, um raio de luz, É ténue, bem sei, a claridade emitida.
Entretanto, desperta em mim a fé no milagre.Deus é nosso Pai e cuida de nós!
Se agora, afinal, tudo é silêncio, aqui, à minha volta; se mais não ouvi os ruídos habituais; se paira no ar uma longa interrogação; se tudo é diferente, em nosso viver... após a noite de breu, e a treva densa que nos envolve, há-de vir radiosa a aurora promissora.
A mana saudosa voltará para nós!

******
Lx. Belém
1985-04-13 E se ela se apagasse?!

Não havendo luz, ficam só as trevas! No meio destas, que pode fazer-se?! Absolutamente nada! Viria a pasmaceira, o longo cismar, uma espécie de modorra, em que alma e corpo são abrangidos.! Inacção total! Quantos e quantos, pelo mundo além,, se vão finando, em tais circunstâncias! É sempre uma incógnita aquilo que designamos por intervenção cirúrgica!

Imprevistos não faltam!Uns, internos; outros, externos!
Que dizer, por exemplo, de hemorragias?! Não têm vitimado centenas de pessoas?! Outras vezes, são moléstias ocultas, com largas raízes, em todo o organismo! Recordemos o cancro.

Em casos destes, nada a fazer! Tudo se acaba!
Que me sucedeu, no Sudoeste Africano, em 1977? O Médico deu alta, 15 dias somente, após a operação. Fiquei radiante, como era de esperar! Entretanto, nesse mesmo dia, fiquei no leito, sem poder mexer-me! As pernas falhavwm: não tinham energia!

Que acontecera? A rerrível malária acabava de actuar, quer
dizer, apoderara-se do meu organismo, para estramgular-me!
Se não fora então a bela medicima, sul-africana, uma das melhores que o mundo tem, ia para o lugar, onde estão os anjinhos!
Apesart de tudo, foram mais 15 dias, cheios de aflição, angústia e dor! Ia-me apagando!
Bom. Desterrado e só, a minha falta era quase nula!
O caso de minha irmã é muito diferente! Há muitas pessoas
esperando por ela! Marido e filhos: pelo menos esses! Também eu me incluo.

Não se trata, claro está, do aspecto material . Deus seja louvado! Mas é bem certo que nem só de pão se vive, no mundo! Isto, afinal. segundo a palavra do Santo Evangelho.
Há outras coisas que fazem muita falta, sejam elas embora de outra natureza.
Atendendo às circunstâncias, em que agora me encontro, é
insubstituível, seja por quem for.De facto, célibe como sou, quem
suportaria o que ela faz, sempre de bom grado?!

Mercenários é o que mais há , por esse mundo de Cristo!
A verdade, porém,é que nem tudo se compra, com o vil dinheiro!
Amor e afecto; dedicação; amizade e carinho; compreensão e indulgência: imolação; generosidade e solicitude, só num peito de mãe ou de irmã dedicada. É esta faceta que intento realçar!

Sem esta irmã, que viria a suceder-me?! Coisa boa não era!
Iria dar novo rumo à vida particular?! Seria, realmente, bem sucedido?!
E quanto aos filhos e ao próprio marido?! Este, infelizmente, com doença medonha que traz crises graves, de quando em quando!...Em tais ocasiões, ela substitui-o, no próprio serviço, enquanto o ampara, com extremos de mãe.

O problema dos filhos, igualmente delicado! Como ninhada, ainda implume, embora maiores, sairiam do abrigo, onde a mãe é tudo, para ingressarem no desconhecido.

Enfim, uma grande tragédia que Deus evitará, porque é bom Pai, sempre em fundo alerta, para dar-nos a mão.
Que a sua bondade se derrame sobre nós. agora, porém, de modo particular, que estamos carentes e ninguém nos socorre!
Mil graças lhe damos, por tamanho benefício!

******
Lx . Belém
1985-o4-14 A casa sem ela
Ainda assim, houve substituta. Já não é mau! A Regina dá conta do recado. É já mulher e, como tal, vai-se havendo muitíssimo bem, no desempenho da missão peculiar.

Para que são, na verdade os 23 anos?! Haviam-de servir para aiguma coisa, evidentemente. Por outro lado, filho de peixe sabe nadar! Bastava, com efeito, imitar a mãe! Ao longo destes anos, que já se escoaram, houve tempo bastante para a iniciação.
Bom. A prova disso encontra-se à vista! Merece aprovação e até aplauso! Leva tudo a bom termo, sem nada faltar! Não obstante o facto, há sempre o vazio! Alguma coisa que falta e nada substitui
Será, talvez, a bondade inata, o sorriso amável que brota de seus lábios... aquele adivinhar, em coisas diminutas,... o chegar exactamente, quando é preciso... a palavra amiga, que ergue e conforta... a sugestão adequada, na hora requerida. É tudo isto e muito mais ainda, que não consigo dizer, mas fundo aprecio, apoio e bendigo.
Essas coisas mínimas a que estamos apegados, há longos anos... aquilo que não sabem todos os estranhos! O subir e o descer, pela escada de serviço... o abrir da janela, ainda lusco-fusco! A corrida à Padaria, em busca de pão que, por ser fresco,
satisfaz os gostos de todos os presentes.

O abrir pressuroso de portas e janelas, afim de que o ar se renove, cá dentro... o lesto acender de luzes variadas, para que não haja nenhum contratempo! O preparar carinhoso da primeira refeição,
quando o Sol, bem distante, não se fez anunciar! O comunicar de
várias notícias, novinhas em folha, para serem os de casa a sabê-ls primeiro!
Aquele vaivém, sempre a correr, para que tudo se apronte em hora oportuna!! quela intervenção, com peso e medida, para não ferir nem dizer demasiado!
Milhentas coisas, pequenas em si, mas que fazem, a rigor, a alegria de todos.

Por tais razões, esta casa feliz, onde tudo continua,à maneira de outrora, está suspirosa, anelante e sesejosa, de que ela recupere,afim de voltar à faina habitual.
Narido e filhos e assim o irmão, aguardamos ansiosos a sua chegada, como fazem as aves, na ante-manhã, voltadas sempre, para Nascente.

É que, afinal. dali vem a luz, a claridade, a mesma alegria,
o calor e a vida que os hã-de animar! Sem isso, nada se faria, com gosto e jeito!
Volta, pois ó mana, à casa tua amiga, onde mourejas, de manhã até à noite! Recobra já forças e traz-nos em breve, o calor
fortificante da tua presença. Já hoje te vi, pelas 10 da manhã. Ao
chegar, olhei para o leito que achei vazio... Cobertores arredados e silêncio à volta, não obstante haver mais doentes, nesse quarto de Hospital.
Quando isto notei, caiu logo sobre mim uma nuvem de tristeza. Estavas sentada, não longe da cama, Por isso, contra a luz, não pude reconhecer-te. Ouvi, no entanto, uma voz conhecida, que veio prestesmente ressoar aos ouvidos:" Estou aqiu!"
Estavas perto de mim, como rempre estiveste, ao longo da existência.
******
Lx.Belém
1985-04-15 A única Raiz

A planta, em geral, fixa-se na terra, donde extrai, a seu tempo, as substâncias minerais, por meio da raiz. Esta, por sua vez, pode ser fasciculada, quer dizer, formada por vários braços,
que penetram no solo ou então por um só elemento. O que eu tenho em vista é a raiz fasciculada.

São duas. pois. as funções da raiz: segurar a planta, fixando-a no solo, e permitir a subida de sais minerais, dissolvidos em água. Estes sais dissolvidos tomam o nome de seiva bruta

Chegada esta às folhas, onde se realiza a função clorofilina,
por meio da luz solar e da clorofila ( substância especial que tem a
cor verde, notada nas plantas) junta-se ao carbono que resulta da foto-síntese, o que dá em resultado a seiva elaborada, que é, afinal, o alimento da planta.

A seiva bruta é ascendente; a outra, descendente. entre a casca e o lenho, A seiva bruta passa pelo interior do caule. O que desejo focar não são estas raízes, mas antes as minhas.
Pai e mãe, avós e irmãos; alguém que já se encontra no Céu, juntamente com eles.
Dos que chamo basilares, restam só dois: um que vive na Beira Alta; o outro, minha irmã, agora, na capital. Entrou no dia 8, vindo a ser operada três dias depois.

Como acho óbvio, não é moroso calcular o impacto sobre mim, originado pela sua morte Se Deus o preferisse, é que Ele achava bem, pois age sempre conforme à verdade e à nossa utilidade.

Parecer-nos-á mal, porque vemos ao perto, enquanto o Senhor tem vistas dilatadas. Seja feita rempre a divina Vontade.
A nós covém sempre obedecer fielmente e tudo aceitar como sendo o melhor,pois Deus é Santo, Justo, Amoroso!

Quanto a minha irmã, segundo vai correndo a recuperação,
julgo que, brevemente, estará entre nós. Mais 10 ou 15 dias, voltamos a vê-la, embora muito débil. No entanto, já vai olhando pelo que passa, aqui na moradia.

Que seja bem depressa, pois realmente, nos faz muita falta!
Esta é sentida por todos nós, embora o marido anseie mais ainda
pela recuperação. Quem é que lhe vale, nas tarefas soberbas que tem, nos Jerónimos?
Quem aguarda paciente que ele chegue de lá, para logo comer, adaptamdo os manjares ao gosto próprio e suas necessidades?! Quem olha por todos, esquecendo-se de si?! Ela, com certeza!
Por tais razões e outras ainda, que me dispenso de enumerar,
é ela de facto, a grande raiz que nos prende à vida.
Para mim, é fundamental.

Lx. Belém
1985-04-16
Havia outra ainda que era poderosa.
O pronome absoluto "outra" que se encontra no topo, refere-se à raiz. A forma verbal"havia" está no imperfeito, podendo ficar no tempo presente (ainda há outra). Efectivamente, se eu tenho um irmão é sempre uma raiz de grande poder, com respeito a mim! Filho dos mesmos pais... gerado no mesmo ventre, dá-lhe a natureza direitos especiais, que merecem respeito e acatamento.

Acontece, porém, que não nos temos encontrado, há já muito tempo! Terá sido talvez, em 1972, o último encontro.
Nesse ano remoto, desloquei-me a Angola, onde permaneci, pelo espaço de três anos, dedicados ao ensino das Línguas vivas, na Escola João de Almeida, sita em Silva Porto.

Com a Revolução de Abril-74, tive logo de sair, embora fosse meu desejo continuar a exercer, no mesmo lugar.
Passei, depois, ao Sudoeste Africano (Namíbia), demorando-me ali 4 anos e pico, também consagrados ao Ensino do Inglês, Alemão, Canto e Bíblia Sagrada. Foram,pois,7 anos e tal.

No início de 80, regressei a Lisboa, onde vou consumindo os meus 6 anos. Vão passando 13, já bem cumpridos, para estar agora, a caminho dos 14. O velho rifão diz claramente: Longe da vista, longe do coração!

Entretanto, não é bem isso! As nossas relações esfriaram bastante,
devido a una carta que ele me escreveu, em Dezembro de 80. Foi ela, na verdade, que me levou, imediatamente, a rever a posição

Dizia-me ali coisas que eram injustas, falsas, atrevidas e intoleráveis! A partir de lá, nunca mais lhe escrevi nem leio cartas dele.Só o farei, se me pedir desculpa, com sinceridade e, ao mesmo tempo, remover obstáculos, que ensombram a fundo o nosso caminho!
Dando esse passo, estarei logo pronto a reatar, uma vez mais, o fio da meada! Não lhe tenho ódio nem projecto vingar-me. Contudo, há funda mágoa, no meu coração. Apenas a morte poderá bani-la.
Aí fica, pois, a verdadeira razão, por que eu estou frio e não me pede agora o coração estabelecer novas relações!

Julga ele, na sua, que foi por influência de alguém estranho, que assumi a atitude, mas isso não é certo! Unicamente o seu próprio agir, revelado nas cartas, em ordem a mim! São coisas que ferem!

Não podem esquecer-se! Trago-as no peito, gravadas a estilete! Nem o mesmo tempo as consegue desgravar!

Como digo, só um recuo da parte dele me fará modificar!
É, pois, uma razão de bastante volume , que existe e pesa, mas que, à data, mercê das circunstâncias a que já me referi, não actua em cheio. Sinto pena disso, que me era agradável ser, ao presente o que sempre fora dantes! Lá diz o rifão: Coração ferido não louva amigo!
É verdade! Actua em mim, qual seta ervada que impede me expanda e torne amável! Que hei-de eu fazer-lhe?! A razão de tudo não se encontra em mim! Como está fora, somente de lá pode vir solução!
Tudo perdoarei, se ele der passos em tal sentido! Ao mesmo tempo, há-de afastar o que fez errado, em ordem a mim!

******
Lx. Belém
1985-04-17 Uma Visita
Nem sempre agradam certas visitas. Algumas há que enchem de engulhos a quem as recebe. Sendo molestas, rennciamos prontamente a esse enfado, Outras, porém, em
vez de moléstia, são portadoras de paz e bem-estar. ou pelo menos,de boa dosposição.

Foi o caso de ontem.. A Zetinha e steve entre nós, almoçando aqui. Residente no Porto Alto, frequenta as aulas cá na cidade, fazendo o percurso, diarianente, vai e vem, todos os dias, o que implica ren+uncia e boa vontade. mas ela,afinal, é capaz de tudo,
para vingar na vida!.
À data oresente, frequenta a nossa amiga o Instituto Portuguès de Altos Estudos, em Ciências Políticas e Sociais.

Por que traz a Zetinha paz e alegria à nossa casa? É que ela e seus pais bem como o irmão eram nossos vizinhos, em terras de Angola. Por isso, estes encontros são desejáveis.fazendo lembrar os tempos saudosos que passámos juntos.

Em 1972, quando fui para Angola,«, tinha ela seis anos, a caminho dos sete,, Era, pois, uma criança. Viviamos todos, no Distrito do Bié, numa pequena vila, de nome Chitembo. Os pais dela bem como a família a que eu pertenço, eram comerciantes, na dita vila.
Recordo-me bem.Alinhavam as vivendas, ao longo da estrada, aquela via excelente, de comstrução moderna, que leva a Serpa Pinto.. Que saudades me faz, recordar tudo isto! Mas, enfim, neste mar da vida, cujas ondas inquietas, às vezes, submergem, estamos sujeitos a graves contratempos!

Tudo corria bem, na pequena vilória, até que veuio, por fim,
a grande tempestade -- o 25 de Abril! Com ele presente, mudou logo tudo o que era desejável! Ia ser, pois, um grande reboliço...

uma grande transformação que diziam surpreendente!, mas que, vemo-lo agora, deu prestes em droga, convertendo-se ali em guerra civil que se mantém, há 10 anos!

É, de facto um crime, à escala nacional! Um genocídio! A destruição do povo angolano. O 25 de Abril foi desastrado1
Em Moçambique, vai tudo pelo mesmo!

Só Deus é que pode valer-lhes! Mas, se os homens não querem!
Se eles actuam sozinhos, à margem de Deus! Qe há-de suceder?!

Era a vida um paraíso! Avia ali paz, sumo bem-estar, entedimemto, fraternidade! Alimento e o resto jamais escasseavam! E hoje?! Nem os abonados têm que baste! Ferros e sangue é apenas o que abunda! Pobres Pobres Angolanos!

Tudo isto recordámos, em presença da Zetinha!, que ontem
esteve cá. Ela tem agora os seus 2o anos. Está uma senhora e encara a vida como ser adulto!
Os progenitores ficaram no Porto Alto, lutando firmes pela subsistência! O 25 de Abril transtornou-lhes a vida, como a todos nós e muitos outros que viviam por lá! Foi uma catástrofe, que a ninguem aproveitou! Nem a Pretos nem a Brancos!
É que o sangue humano continua a correr e a fome a grassasr!
Quando será o fim?! Ainda verei isso?! Quem dera que fosse! Entretanto, já perdi a esperamça! Tenho 67! Que poderei esperar?!
Gostaria imenso de visitar o Chitembo e, mais ainda, o cemitério de Silva Porto, Ali jaz a nossa Guida, a infeliz menina que a guerra assassinou, quando frequentva o Liceu Silva Cunha!
Vai fazer 10 anos, em Maio próximo.

******
Lx. Belém
1985-04-18 Mulher para Casamento!

No tempo de agora, o caso é sério! Sempre houve díficuldades, através das eras mas, em nossos dias, agudiza-se o facto, Direi breve porquê.
Etimologicamente, casar alguém nada mais é que "formar casa! Nestas diligências, entram sempre em campo duas pessoas, logo desde início: ele e ela. Dois seres amorosos, psicologicamente algo dissemelhantes, maneiras de ver e tendências peculiares que podem, talvez, não ser iguais.

Tais discrepâncias e outras ainda, tornam o acto deveras arriscado,
se não houver senso, muita prudência e espírito generoso de renuncia pronta, dum lado e do outro!
~
É que a vida, na Terra.cil val passr-.se em comum! Ora, é bem conhecido o velho aforismo:" Cada cabeça, sua sentença"
Chegados a este ponto, facilmente se compreende quão difí ! cil há-de ser pôr tudo em comum, não se verificando certos requisitos,
Apraz-me hoje encarar a questão, do lado feminino
Pelo que vejo, nas ruas de Lisboa, estou algo pessismista, no caso em foco. Gostaria de pensar que nem todas se aferem pelas que vejo. Tanto em Lisboa, como ainda através do País, há-de haver muitas que são diferentes! Caso não houvesse, era o caos!

Como as vejo por aí, metem fastio e dão que pensar! Limito-me apenas a certos aspectos: 1, economico; 2 .higiénico; 3 .artístico; 4 .social; 5 .cultural; 6 . religioso.

Que vejo eu? Precisamente o invés do que seria grato encontrar, por cá!
A mulher, em casando, faz-se dona de casa.É quem pontifica, nas coisas domésticas.Tem um sexto sentido que a torna mais apta.para essas tarefas.

Efectivamente, é ela que faz ou manda fazer ( segundo os casos e as pessoas do casal) um conjunto de coisas que se vão desenrolando, no interior do lar

Administrando bem, vai tudo pelo melhor! Mas, dando-se o invés?! Se não agir com prudência, não há receita que venha a bastar! O vencimento do esposo, o seu, caso o tenha, e outras fontes, jamais chegarão!.

No aspecto económico, avaliando bem, pelo que vejo, há algo a esperar' Encontro-as aí com livros escolares, que não lêem nem entendem e que servem apenas como fonte de receita, para diversóes. Dizem elas aos crédulos pais que foram emprestados a
colegas amigas...
Como vão administrar aquilo que é de dois ( mais tarde serão mais) se nem o que é de um elas sabem gerir?!
Passam o tempo. olhando esgazeadas ou falando de assuntos harto escabrosos...
Vêem-se penduradas, melhor direi coladas a certos rapazes que muito se envergonham de estar em público. Fumam e drogam-se,
revelando assim a maior insensatez!.
Serão bom partido, no aspecto económico?!

*****
Lx .Belém
1985-04-19 2 Quanto a higiene

Um dos predicados que outrora exornavam a mulher portuguesa
era, de facto, o grande asseio. em que ela primava. Ainda hoje é e há-de ser por todo o sempre uma bela qualidade, que muito se aprecia. e da qual muitas delas jamais abdicaram.

Por seu lado, o cavalheiro exigente, habituado à limpeza, não tolera, de bom ânimo quem siga outras vias.
Que vemos hoje, por aí fora? Surpresa não é o que observo e narro, aqui nestas linhas. De facto, ninguém desconhece o que salta aos olhos, aí por toda a parte!

Grande número de jovens, (não me atrevo a dizer todas). ostentam no aspecto a marca da imundície. Todos o notamos!
Basta abrir os olhos!
O comtraste flagrante que agora notamos, em ordem àquele
que era habitual fere logo em cheio a sensibilidade. Será um capricho? Safado bom gosto, ao jeito moderno? Pura imitação do quevêem lá fora?!
Há uns animais que gostam de imitar:são oa macacos! Teremos, de facto, as nossas belas jovens a recuar para a selva,
adoptando costumes, puramente demiescos?! Santo Deus! Ao que nós chegámos! E ainda mais estaremos para ver! Imite-se o que é bom, útil e agradável, se for melhor que o nosso. Caso contrário, fuja-se disso!
Que importa, na verdade, o que fazem, lá fora, as meninas estrangeiras?! Não revelam mau gosto, negligência e descuido?!
Dar-lhes emos uma lição! Isso é que importa! Imitar, não! Isso é desconchavo, rebaixamento, desprezo do que é bom, defensável e correcto.
É ver, por exemplo, os fundilhos das calças, na maior parte dos casos expostos! Até causam enjoo! Trazem uma crosta, feita de humidades, poeira e matérias que produzem engulhos

Que se veja o caso em rapazes lanzudos, bastante mau é, mas em donzelas que devem primar por hábitos correctos, e asseio, isso afinal é hábito lastimável Nem já me refiroàquele mau cheiro que
dali provém!
Nota-se o facto, de maneira especial, quando empilhadas nos auto-carros. Causa aflição, pois além do aspecto que é deveras chocante, vem o mau cheiro destroçar.nos a paz!

Mas a desgraça não fica por aqui! As gaiatas de cá viram fumar as meninas de longe, sem se lembrarem de que é grande mal fazer tal coisa! Aos outros cheiros juntaram mais um! Que isso, afinal, é nauseabundo!

Acabo de referir.me ao aspecto físico. O lado moral nem preciso de focá-lo! Uma mãe a drogar o filho! É caso de prisão! Tais progenitoras são crinosas! e malfeitoras! Não merecem compaixão! Somente repúdio... figas e desprezo!

Dá para vómitos!Já deixo para tr´ras os golpes fundos que dão na consciência
Mas voltemos ao cheiro que exalam da boca! e das fossas nasais.
Aquilo é um petisco! Aquele depósito, aderente às paredes do respiratório e parte inicial do digestivo, é de tirar o chapéu!
A mim. que não sou fumador e a todos como eu, faz criar logo indisposição, mall-estar e vomito o cheiro nauseabundo que as gaiatas expelem.
Cá por mim, fujo que me desunho, quando elas se abeiram!

******
Lx. Belém
1985-04-20
Em Foco a Arte.

É esta, assim creio, o modo necessário de tornar acessível a todos os mortais quanto há de belo, na Natureza.

O Artista genuíno capta a beleza, porque sabe descobri-la.
passando o tempo, à procura dela. Tem recursos naturais que diremos inatos, os quais lhe permitem inquirir a fundo e logo encontrar tudo o que afecta as suas faculdades fe ordemestética.

Nasceu paara isto. O seu prazer é dar-se à Arte! Entretanto, não basta captá-la ou dizer onde está! Seria bem pouco. É necessário que disponha de meios, para comunicá-la.

Sendo escritor, precisa,é claro, de conhecer bem a sua própria Língua, com bastanta larguesa, sendo boa achega, ter ainda noções de línguas estrangeiras que possam influir.

Estão em foco, de modo especial, o Francês e o Latim.Este,
em primazia, por ser a lígua-mãe; aquela, seguidamente, ppelo influxo enorme que, ao longo dos séculos, exerceu no Português.

Isto deve-se, em boa verdade, a muitos factores,, entre os quais avultam os de carácter político, social e religioso. Basta agora citar os Cruzados; o casamento católico de D Afonso Henriques e
D. Afoso III..
No campo da Arte, há pessoas aí que são mais dotadas que outras quaisquer Ora, como diz Garrete, a mulher, em geral, tem bossa peculiar, para descobrir obde mora a Arte e para comunicá-la aos outros viventes. Refere-se o autor, de modo particular, ao
Drama e à Poesia bem como à Música.
De facto, assim parece.

Chegamos agora ao fulcro da questão. A mulher, pela psicologia,
sensibilidade e poder emocional, tem capacidade, para descobrir e
comunicar a outrem a beleza da Arte.
Ora, que sucede, na prática? Olhemos em volta, para tirar conclusões.
A maioria das jovens aparentam, a rigor, o que menos se espera, já no penteado, já no vestuário ou no calçado. Nem todas se abragem? Melhor fora! Sei isso muito bem. Entretanto, a maior parte, para não dizer a maioria esmagadora, daquelas que se mosram, constituem, na verdade, um insulto à Arte.. É ver por exemplo a questão das calças, a indumentária que reflecte mais alto esse gosto negativi

Umas vezes, apresemtam-se à vista, como sacas mal feitas; outras vezes, aderentes às pernas e tão coladas, que parecen antes, mortalhas de cigarros, depois de aplicadas. E fora só isso!
Quanto a feitio! Algumas são compridas, ostentando no extremo farripas de fios, já descoloridos. Mais figuram trapos, que foram comprimidos e despedaçados, ao pisar dos transeuntes.

Outras (a maioria) trazem os fundilhos já tão luzentes e deveras coçados,que se aproximam bastante das partes naturais,
existentes nos macacos! Ainda agora, uma tercera nova categoria:
oferecem-nos variantes que levam a pensar!

Excessivamente curtas ou longas em extremo (está em campo a meia calça) de tal maneira, que vão além do calção, tornando-se impróprias de ser usadas em público. Longas em excesso, descendo abaixo do joelho, dão-nos a impressão de que alguém as enfiou em finas varetas! Isto, arigor, por causa da largura de que são dotadas.
Também merecem referência as que lembram ceroulas, usadas pelos homens ou ainda pejamas e coisas tais! Também
não vou omitir as que dão às jovens o aspecto grotesco de ajudantes de pedeiro!
Numa palavra: quanto há de extravagante, nesta área das calças, tudo é experimentado e exibido, na rua!
Ai! PObre da Arte! Aonde vais parar! Percorrendo tais caminhos,
degeneras a tal ponto, que só te fica o nome e já pouco mais!
Que pena! Quem devia defender-te é que tenta os meios de fazer-te a cova!
******
Lx. Belém
1985-04.21 4. Social
Esta exígua palavra sugere primariamente o que nos põe em contacto com o semelhante. Estão, pois em foco as relações humanas.
O homem é um ser gregário. Tem necessidade de pôr em
comum o que sente e pensa, Daí depende a sua relação e, de igual passo, a mesma felicidade, Precisa de aprender, necessita
expandir-se, gosta de ensinar e ser útil ao próximo, Sente prazer em ser agradável e depender de alguém que julga bom amigo: receber e dar
Nestas permutas de vária ordem - intelectual,moral e cultural, sentimental e psicológica - reside com efeito, a sua felicidade..se vê realizado e sente goso nisso.

A gaiata de hoje está ela preparada ou fará esforço, em tal sentido?! Avaliando agora pelo que observo, fico decepcionado.
Que permuta há-de haver, se esforço não existe, para obter o necessário a tal comunicação?!
É que eu a vejo ocupada em meras banalidades,.Quem nada tem que é que pode oferecer?! Para dar, é preciso ter! Para chegar aqui, necessita a mulher de empregar esforço, com esse objectivo.
Mas, afinal, que é que peocupa a gaiata de hoje?! Mostrar na rua o que deve ocultar; seguir a moda, quer possa quer não!; ignorar a decência e os deveres que lhe incumbem, já como filha, já como noiva e, às vezes, como esposa. inquirir do que vai, importe o caso ou não importe! Vasculhar segredos, que não lhe dizem respeito,
fumar, à rapaz e drogar.se, por igual; imitar ainda o que não pode ou então não deve, no sexo masculino; postar-se descuidada, fac à televisão, horas esquecidas, com prejuízo manifesto , para o fiel cumprimento de todos os seus deveres.; seguir as tele-novelas,ministradas em pílulas, nos quadros televisivos;

pintar-se de tal modo que parece um espantalho; frequentar lugares que desdizem, para logo, ds sua dignidade; gozar a vida, à custa de outrem, haja embra de calcar princípios de honra e de sensatez!
Pergunto eu; qualquer gaiata, nestas condições, esta preparada, socialmente falando, para entrar no sagrado matrimónio e manter com o marido, filhos e estrnhos aquelas relações que a tornem aceit´svel, necessária, imprescindível?!

Bem ao contrário!Ouso afirmá-lo!
Importa-lhes lá que eles fiquem drogados, logo no ventre, absorvendo ali a essêncis do tabaco Não vive para outrem!
Portanto, socialmente não passa de
zero. à esquerda de um número!.

Que há-de ela trocar, se é feita de egoísmo?! Que há-de ela oferecer, em generosidade, afecto e caiinho, amor e gentileza, prestabilidade, imolação e entrega a um ideal?! É um ser inútil, vão e banal, assaz caricato. harto enjoativo e desprezível!

Fugir dela, eis na verdade o que impora fazer, logo de princ´pio
De tal mulher libera nos, Domie!

******
Lx. Belém
1985-o4-22 5. Religioso

O aspecto religioso preocupa, de facto, o ser racional.
Percorrendo a História das várias religiões, entre os povos mais diversos, trate-se embora dos mais recuados, no tempo r no espaço, verificamos logo este facto curioso.

Todos eles praticaram.em maior ou menor grau, a sua religião. Com altos e baixos, como é de supor, suas inconveniências e até despropósitos, grandes paradoxos e enormes fiascos... mas sempre na mira de sacrificar e desagravar um Ser superior, a quem deviam favores e ao qual, por isso, estavam reconhecidos.

Ao culto de seus deuses andava associada a ideia de sacrifício,
para acalmar a ira divina, provocada, já se vê, por infidelidades,
faltas e pecados.
O que é univerdal e de todos os tempos está gravado a fogo na própris natureza. É inegáve e incontestável!
Sendo isto assim, há-de ser chocante a vida de alguém que jamais praticou ou viveu alheio à lei universal!

Em qualquer ser humano, se torna danosa a louca impiedade ou a mesma ignorância, em matéria religiosa. Sem isso.
não há refreamento para as vis paixões nem comedimento no agir quotidiano.
Os preceitos religiosos, orientando a vida, na mira do Céu,
mediante a prática daquilo que é bom, e a fuga do mal, originam sempre boa convivência, em santa harmonia, tornando a vida bastante aceitável.

É a religião penhor seguro e firme da nossa felicidade.
Razões humanas de nada valem: existem de manhã, para morrer à noite!. Só Deus é estável, firme igual! O homem natural sem o esteio da graça, divina, é um pobre verme, a rastejar, sobre tremedais!
Situando o caso na jovem do nosso tempo, essa dementada que vemos pelas esquinas, ao longo da via pública ou então à espera de vender o corpo ; que fuma e se droga; que é venal e versátil; veste sem decoro e se arranja de tal modo, que fica desfigurada, na ânsia de enganar, iludir e desviar...

Que vamos nós pensar, a respeito dela, ainda que não se venda?!
Pendurada em lanzudos, como eu as vejo, a cada passo, respeitarão elas a Lei do Senhor?! Merecerão confiança?!
Um jovem honesto, sério e leal, irá procurar uma jovem dessas, para mãe de seus filhos?! Nenhum há que o faça: disso
estou bem certo!
É esta, na verdade, uma chaga purulenta,da sociedade actual. A mulher de amanhã, que leva, desde hoje, uma vida censurável, ainda que não caia na miséria extrema, dá-nos a impressão de tornar-se responsável, pela
ruína do mundo!
Se a jovem rapariga não for religiosa, temente a Deus, respeitadora da sua Lei santa, não oferece quaisquer garantias para consórcio, rumo à ventura!

Quem amar a Deus e, do mesmo passo, respeitar a Sua Lei,
há-de igualmente respeitar o seu marido, ser-lhe fiel e viver para o lar!
Para isto, é preciso, na verdade, instrução releligiosa, frequência da igreja e prática generosa de quanto lá se ouve.

A jovem que vive e se nutre habitualmente, de animalidades, que é fútil em extremo e assaz trivial, insensata e leviana, por não praticar, não é procurada por um jovem leal, prudente e sério

******
Lx. Belém
1985-04-23 6. Televisão e Preguiça

Se os outros aspectos deixam bastante a desejar, este de agora não fica abaixo. Após bril - 25 - as coisas pioraram, de maneira alarmante! Pergunta-se a um aluno: que lição trazes, para amanhã? Às vezes, obtém-se a resposta: "Não trago nada!".

Nestas circunstâncias, só o nome lhe cabe1 Estudos não há!
Um gozador da vida,esbanjando haveres e até sacrifícios que alguém está fazendo! Nem todos procedem,segundio o padrão?!
Melhor fora! Há sempre axcepções que vêm, naturalmente, confirmar a regra!
Em tempos idos, postergava-se a mulher, em questão de Ensino, recusando-lhe a instrução. No século XVIII, mercê de pedagogos, como o Padre Vernay, alterou-se desde logo o processo vigente, pasando a mulher a adquirir noções, ao nível do homem.
Que sucede, em nossos dias? Por livre decisão, filha de estupidez e de leviandade, éle que a recusa, tornando-se banal,
insignificante e deveras frívola. Que pena me faz!

As primeiras mestras e também pedagogas serem analfabetas! É um desprimor! Um desconchavo!
Não me convenço de haver coisa igual. em questão de parvoíce e tremendos resultados! Pois que é,na verdade, aquilo
que se vê?!
Emvez de estudar, preparando o futuro, coloca-se firme, diante do espelho, Ali medita ela, em fartas bagatelas, vastas
ninharias e frivolidades.
Pinta-se de jeito que altera a figura, ignorando os outros se é um manequim. ou coisa diferente. Nem se lembra a insensata que o espelho mente e que ninguém é juiz, em causa própria! Assim malbarata o precioso tmpo que Deus lhe concede!.

Em vez de preparar-se e observar os factos, com vista ao lar. exibe-se na rua, Praças e jardins ou frequenta lugares, bastante suspeitos! Que lhe importa a ela ficar impreparada?! Podia melhorar, recorrendo aos livros, mas a televião absorve-lhe o tempo.
Manusear um livro e tirar-lhe o sumo, com vista ao futuro é
coisa enfadonha! Na televisão, com bonecos a montes e historietas, ainda se tolera! Enredos em barda, coscuvilhice, namoros livres, em que naufraga a honradez! Isto, sim, am vez de livros que ministram generosos cultura e saber!

Uma jovem assim tem de ser banal. horrendamente leve e de vida suspeita! A ignorância é fonte de azares, desgosto e mal-estar..

De que pode falar uma jovem inculta?!Que é que lhe interessa?! Que assuntonescolher, para dialogar?! Como orientar a economia doméstica?!
Fará ela, realmente, a ventura do marido bem como a dos filhos?! Não será antes uma fonte inexgotável de sérios dissabores e grave perturbação a provocar sempre larga desarmonia, dissenções e maus bocados?!

Que preparação vai dar aos tristes rebentos do seu matrimónio?!
Ficarái ineptos, boçais e lastimosos, a reflectir, para todo o sempre, a desgraça da origem.
Efectivamente, se um grande mãe torna grande o filho, também a medíocre faz decerto banal e indesejável o filho desventurado que seu ventre gerou!

******
Lx. Belém
1985-04-24 Televisão e Preguiça.

Alguém perguntará: que relação existe ou pode veificar-se, entre um aparelho, ja sofisticado, que a técnica moderna veio ofertar.-nos e o feio desmazelo que chamamos preguiça?! As aparências iludem: sabemo-lo bem, por experiência!

Quantas vezes já, não terá sucedido ao caro leitor uma coisa semelhante?! É pura verdade! Televisão e preguiça têm de facto, estreita relação: tão grande e poderosa como a que existe entre causa e seu efeito.

Será a televisão geradora influente do que não dá pão - a mesma preguiça. Os males desta não ficam por aqui! Vão projectar-se a longa distância, no tempo e no espaço, começando a actuar, logo de inicio. Daqui se infere, pois, que são lastimosos os os seus efeitos
Se um é preguiçoso, alguém, por certo, é imolado!
Então não é assim?! Quem trabalha para ele e tem, por isso mesmo, de excder-se em longas fadiga e consumo de energias, é que fica arruinado!
O preguiçoso é qual parasita que vive à custa alheia. Não
actua: encosta sempre; espera molemente que outrem vá fazer o que lhe cabe a ele; sacrifica os outros: é um elemento que não traz progresso nem bem-edtar!

Só incomoda! É um grande tropeço que molesta e perturba!
Como tal deve ser eliminado!
Quer isto dizer que deve ser encaminhado noutra direcção
pelos pais e pedagogos bem como pelo Estado, afim de ser útil e não incomodar!
Postas assim as coisas, hão-de ser retiradas as causas maléficas de tal calamidade!

Repetindo: em nossos dias, é a televisáo uma das maiores, se não a maior! Diz a experiência e. bem assim, a observação, o que vou expor:
uma casa, em que haja televisão, sem horário estrito,, limitado e sensato, é uma habitação que não prima decerto pela ordem e limpeza, arranjo e decência. Entremos numa delas e veremos o seguinte:
objectos vários fora do lugar; pó a rodos, podendo escrever-se, nos próprios trastes; cheiro nauseabundo por toda a parte;

refeições a desoras e mal amanhadas; louça e talheres, exalando pestilência, de lavados à pressa; caçarolas, panelas e o mais expostas às moscas, ostentando a montes restos de comida!
Numa palavra: tudo com atraso, mal feito e aldrabado!

Chegará tudo isto, para demomstrar a tese apesentada?! Viciam-se as gentes, fazem-se lavianas, triviais e frívolas! Adiam para depois o que devem fazer logo;; esperam ainda que outrem o faça.

Por vezes, deixam tudo em meio. Tudo sacrificam a filmes e novelas, e coisas no género. Uma apenas é sua aspiração: dar pasto suficiente à enrme curiosidade, cultivar banalidades e coisas do tipo.!
Remédio não há? Por certo que sim!
A televisão bem como o radio hão-de estar desligados, por via de regra. Abrir apenas a certas horas, havendo proveito!
A obrigação está acima do vício e das ninharias!

******
Lx. Belém
1985-04-25 Ela voltou

Qual astro radioso, após noite cerrada, cheia de aflição, assim ela apareceu, aqui na moradia, Rua do Embaixador. Por todos era esperada, com grande ansiedade, passados, finalmente, esses dias tormentosos, no Hospital de Egas Moniz.

Qualquer acto cirúrgico é, na verdade, um ponto de suspensão, na vida terrena...um espaço de silêncio, do qual, muitas vezes se não volta mais. Por isso, reinava entre nós, bastante desassossego, conjecturando o pior de sempre!

Quem podia sabê-lo?! Só Deus do Céu e mais ninguém!
Grato me sinto ao Senhor nosso Deus, por haver atendido as minhas orações!
Ela está conosco, e, embora debilitada, sem poder esforçar-se, é já para todos uma esperança formosa, Não sei o que é , mas isto sem ela, era tristonho e deveras angustiante! A vida continuava, mas notava-se claro o enorme vazio que gerava a sua ausência!
Faltava, realmente, seu desvelo sem par, o interesse visível, por cada um de nós, a sua gentileza e grande espírito de imolação; o
saber adivinhar as pequenas coisas que. afinal são grandes!

Não é, a partir delas que se ergue a felicidade?!
Ninharias, dirão! Bagatelas! Frioleiras!---

Não o julgo assim, pois quanto dá gosto e nos prende à vida não é trivial.Era isso, exactamente, o que faltava em casa. As pequenas coisas, os próprios nadas e insignificâncias, a solicitude;

o abrir de portas bem como o de janelas, a satisfação dum gosto pessoal, fosse embora capricho era, realmente, o que estava faltando.Tudo o mais havia, mas sem entusiasmo nem incentivo ou interesse..
Estamos , pois, de sinceros parabéns, ao vê-la entre nós,cono luz diamantina, a mostrar-nos o caminho e a aplanar as veredas!
Desta maneira, caminhamos seguros, uma vez que alguém nos vai acompanhando, nesta marcha insegura da vida humana, em que tantas vezes falta o carinho, o amor sacrificado, o afecto generoso, a grande imolação, que dá sem retorno
Bendito seja Deus, fonte inexauível de todo o bem e sol de clara luz, que não permitiu ficarmos sós, na marcha para a morte, prenúncio de vida. Assim, já estamos seguros de que os espinhos,
lançados na via, estão sendo retirados, a tempo e horas, por mãos
protectoras.
Ela será sempre a fada extremosa, solícita e bela, a tomar a dianteira e preparar-nos o caminho certo. Que Deus a proteja, abençoe e ampare.
Confiados no seu amor, solicitude e zelo, e na graça do Senhor, já não hesitaremos, ante perigos e dificuldades. Raiou para nós o clarão esperado que encanta e alumia, enternece e dá gozo. Que jamais ele cesse e não haja aí força, capaz de extingui-lo.

Que o Senhor a compense do bem que está fazendo e espalhe no seu caminho um chuveiro de rosas.
São estes os meus votos, nesta hora de júbilo, por ter junto a mim esta irmã carinhosa, afável e boa!
Nas minhas orações jamais a esquecerei, como sempre tenho feito.
******
Lx. Belém
1985-04-26 Homem para casar

Aquilo que expus, acerca da mulher aplica-se ao homem, de igual maneira, caso esteja incurso nos mesmos defeitos. Apenas exceptuo determinados aspectos, em que, pelas circunstâncias, não tem no caso, responsabilidade, ao manos igual.

Para elucidação, aclaro, desde j´o meu ponto de nista: 1. na questão do tabaco, sustento e defendo que também ele não deve fumar, pelos motivos, já antes expostos: economia e saúde
Entretanto, se fumar não será tão grave o efeito do tabaco.
no tocante aos filhos.
Quanto à mãe, pela função específica da maternidade, exerce na criança influência deletéria, que a pode inutilizar. 2 . No tocante a relações de tipo sexual, a esposa em causa, pelo facto de ser mãe, em acto ou potência, é obrigada a coibir-se de contactos alheios, pois o filho tem direitos que são inauferíveis, como por exemplo saber quem é o pai.

O que deixo exarado não denota em mim qualquer preconceito nem tão pouco discriminação.

Cada um dos sexos está fadado por Deus em ordem a um fim. Não somos nós que, realmente nos fazemos
Não somos nós que , realmente nos fazemos nem determinamos o
que pertence a Deus. Ele é que é o Senhor; nós, simples criaturas!
Além disto, acrescetno ainda outro dado im portante, que é relativo ao número 2.

O facto de coibir-se de certas relações não quer dizer, bem entendido que o homem em causa o possa fazer, legal ou moralmente! A Lei moral é igual para ambos!
No tocante ao mais, não tenho restrições nem reparos a fazer!
O jovem de hoje tende a ser banal, mercê do ambiente em que se vê lançado. Precisa-se, na verdade, um contra-vapor!
Um bom canal de televisão que seja privado ( não estatizado) , para levar os jovens ao cumprimento de seus graves deveres!

Muitos deles há, estou certo disso, que são jovens ideais,
mas por aqui ( baseio-me no que vejo) 'e uma vergonha!
Como podem,no futuro,vir a ser bons pais?!

Cheios de vícios, em que entra o álcool, a droga e o tabaco, bem como o sexo; falhos, por igual, de amor ao trabalho entregues à preguiça, roubo e indolência, que esperanças nos dão, quanto a matrimónio?!
Qual a jovem sensata, harto conscensiosa e bastante prudente, que ousa lançar-se em tal aventura?! Só para chorar, ao longo da vida! Meter-se prestesmente , de olhos abertos, no caminho largo da perdição, não é aconselhável nem se deseja!

******
LX. Belém
1985-04-27 Dificuldades

Ninguém há que as não tenha. Elas surgem, realmente, de todas as partes: muitas vezes, donde menos se esperam!
O que agora me ocupa são os graves problemas que têm os
Missionários. em terras de Missão, nos países atrasados. O caso
especial refere-se ao Togo, onde o Padre Zé , Missionário comboniano, já esteve 5 anos.

Há poucos dias, foi o peditório, a favor das Missões, razão pela qual nos encontrámos, na igreja de Alcântara, onde mostrou aos fiéis alguns problemas que teve de enfrentar, na zona referida.e
para os quais não há solução, ao menos para já!

Relatou, por exemplo o caso das chuvas ou em carência ou grande abundância. Em tais circunstâncias, afligem-se os nativos, recorrendo prestes a sacrifícios e sangue de animais.

Acreditam eles em espíritos bons e espíritos maus.
Para vir chuva, é preciso implorar e fazer certos ritos, a que estão
habituados. De lugar em lugar, fazem eles montículos, onde põem estatuetas, divindade ou espíritos, de que fiam, para breve, a soluçao dos graves problemas,

Sacrificam, geralmente, uma pobre galinha, aspergindo com o sangue a aludida estatueta, à qual prestam culto.
É um rito pagão que não tem grnde mal, embora na verdade eles nada obtenham, pois, afinal, só Deus é o Senhor que governa o mundo
O sangue do Cordeiro é que tudo proporciona, mas eles, coitados, na sua ignorância, julgam ser bom e, deste modo, obter o que necessitam. É pura ignorância e, como tal, bastante perdoável!
Quem sabe se, no fundo, esse mesmo espirito ou divindade que desconhecem, não é, afinal, o verdadeiro Deus?!
Bom. Até aqui, não houve ainda sarilhos a focar! Entretanto, é na verdade, a partir daqui.
Feito o sacrifício e a dita aspersão, com o sangue da galinha, ou deixa de chover ou aumenta a quantidade, em ritmo igual..
Neste caso, inculpam alguém, pela falta do bom êxito.
Atribuem-lhe logo o motivo real do grande inêxito

Ora, acontece que, ao chegar o Missionário, reprova essa praxe, acoselhando a posterguem e se voltem para Deus a quem devemos tudo Claro! Uns convertem-se , outros, não ou o fazem apenas um pouco mais tarde!.

Dá-se, muitas vezes, o seguinte facto: parte da família faz-se cristã; a outa parte continua pagã.
Após o inêxito a que já me referi, os que são pagãos inculpam os cristãos.Foi por causa destes que não foram atendidos! Irritaram ele s a própria divndade a quem prestam culto!
Que acontece, depois? Matam os cristãos que abjuraram de de seus ritos, orações e culto. Fazem isto mesmo às pessoas de família, sem qualquer atenção!

******
Lx. Belém
1985-04-28 Um Auto de Fé

Esta expressão recorda-nos factos que hoje reprovamos, erguendo censuras e fazendo comentários, em nada agradáveis
Não é este o assunto que me proponho yratar, mas outro bem diferente. embora faça lembrar um auto-de-fé

Certo dia, fazendo uma visita à biblioteca de alguem, notei com espanto que, havendo obras completas de grandes escritores,
como por exemplo: Herculano e Castilho, Latino e Bernardes, Camões e Camilo e outros ainda, faltava ali um que devia ombrear, por modo igual - Almeida Garrete.
Posteriormente, encontrando o dono, revelei estranheza,
a respeito do daso. Ele, sorrindo, informou do seguinte: " Ja cá esteve também, mas foi queimada a obra, na totalidade. a conselho de...!
Não diga mais!Compreendo tudo! Mostrei-me indisposto,
mas não pude falar! Tinha muito a dizer! Não o expressei, nesse momento!
Descendo, em seguida, à pesquisa de razões, não pude encontrá-las! Ainda hoje não julgo relevantes as que explorei!
Pelo facto de um livro ou até mais do que um desdizer um tanto do carácer geral, não me parece razão bastante, para condenar todos os outros à destruição!

Seria, talvez, o Arco de Santana e o Retrato de Vénus? Pois julgando-os maus, destruíam esses dois, em acto, em acto estrito de puritanismo! Eu c´c, não faria tal!

Adquiri, há pouco tempo, as obras de Garrete, por meio de "Disco Livro" Conservo.as na Amadora.
Reli, de propósito o Arco de Santana, que lera havia muito:.
Queria, uma vez mais, apreciar os factos e fazer um juízo, sem mescla de outrem!

Aparece ali um bispo que é escandaloso, assaz tirano e derestado Isto,porém,não quer dizer que todos os outros sejam como ele! Nem a destruição pode mostrar que não tenha havido
um bispo assim ou ainda pior!

Onde há homens, há erros e faltas! Só Deus não erra! É impecável e omnisciente!
O caso de estupro, violrntaç~so e violação da linda Aninha
ocorreu, de facto, antes de ser clérigo!
Outros bispos houve,que foram iguais ou talvez piores em todos os píses, onfehouve Feudalismo

Eram senhores mundanos, sem vocação, A mesma Politica os tinha guindado e não a Igreja,Que pode isso provar-contra a Religião?! Em que pode afectá-la?!

Entre os 12 Apóstolos, não houe logo um que foi traidor'1
Acaso tirou o brilho aos outros colegas que foram mártires?!

Note-se agora que a Sagrada Escritura não esconde o facto da negra traição, que é um crime superior ao do bispo referido!
Segundo me parece, o auto-de-fé foi um acto reprovável, digno de censura e inadmissível!

******
Lx. Belém ,..
1985-o4-29 Cont.
Origem e causa do Arco de Santana...

Pensariam, talvez, em grande má vontade, por parte de Garrete?Sectarismo declarado, hostilidade à Igreja bem como ao Clero?!
À margem de informes, era admissível, mas sabendo, a rigor, como tudo correu, de maneira nenhuma pode conceber-se
e menos admitir a dita posição, frente a este caso.

Efectivaente,. havia na família um tio que era bispo( rresignatário)de Malaca) Mais tarde já, tornou-se ele bispo de Angra do Heroísmo. Além disto, sugeriu a Garrete a carreira ecesiástica, chegando a receber as Ord ens Menores.
Não sentindo vocação, enveredou, finalmente por outro caminho, formando-se em Direito.

A que propósito vem todo este arrazoado? É muito simples.
Se estava, de facto, em boas relações, com esse tio, bispo, a quem deveu a formação literária,. moral e social, como ia servir-se do bispo do Porto, para achincalhar a classe episcopal?!

Na minha cabeça não entra isso!
Por outro lado, em todos os escritos se mostra católico, confrmando isso no próprio Testamento.
Estou convicto de que mais o feriram do que ele o fez a outrem!
Para mim, a verdadeira causa do Arco de Santana encontra-se na mesma linha de outros escritos seus, como por
exemplo: Camões e Dona Branca; o Romanceiro. Adozinda e outros mais.
Ninguém ignora aí que Almeida Garrete se abeirou, carinhoso, da História e da Lenda, para assim nos desligar de figuras romanas ou ainda gregas, Escolheu para os seus livros motivos Portugueses, figuras nacionais e costumes lusos, dando-lhes uma cor, retintamente nossa.

Aqui, se não me engano, encontramos a origem do Arco de Santana. Desembarcando no Porto, sua terra natal, ficou instalado no Convento dos Grilos ( o Colégio, como era conhecido).

Com Alexamdre Herculano integrava, nessa data, o Corpo Expedicionário, que tinha pos missão defender a recta- guarda às tropas de D. Pedro, quarto deste nome.

No dito Convento, achou ele um manuscrito, que guardava, na íntegra.uma tradição, já muito antiga, referente ao bispo daquela cidade, sendo rei de Portugal D. Pedro I

Para um leitor do setofo de Garrete, era logo uma fonte de suprema importância.. Todo escritor é genuíno crítico, andando por norma, na busca persistente de motivações.

Tentando, a valer, dar independência e firme cunho à nossa Literatura, libertou-a prestessmente de Gregos e Romanos, ficando assim garantida uma fonte preciosa, na linha directa do seu programa!.
Não interessa que esse bispo existisse ou deixasse ou deixasse de existir!. É pura fantasia! Tanto melhor!

Existiu, de facto? Não impede o caso que tenha havido e haja, ainda hoje, bispos consenciosos, honestos e dignos! Pelo contrário, até faz ressaltar a virtude dos outros!

Judas, traindo o Mestre, foi muito pior que o tal bispo do Porto! Psrs mais. era um dos Apóstolos!
A sua feia acção não tirou o brilho ao martírio glorioso dos outros 11!
******
Lx. Belém
1985-04-3o Cont,

Suponhamos agora que esse bispo existiu e que foi castigado ( chicoteado) pos D, Pedro I, rei de Portugal. Lembro-me bem dos quadros murais que, em 1932,, vi na Escola Nova de Vide-Entre-Vnhas, no lugar do Outeiro.Foi inaugurada, nesse mesmo ano.
pelpo meu peofessor, José Ribeiro de Almeida,que vive ainda.

Ao grupo exíguo dos 4 rapazinhos, dr que eu fazia parte, causava impressão um dos tais quadros! Representava D. Pedro, empunhando um azorrague que fazia descambar, com grande violEncia, nos costados amplos do prelado portuense.

Fere-nos, talvex a sensibilidade?! Não admira isso! Somos de outra época! Setecentos anos é já muito tempo! Aé dentro de cem anos, há inúmeras mudanças! É preciso compreender que o Arco de Santana reproduz, exactamente o pensar de então!

O povo, geralmente, unia-se aos reis, afim de lutar. eficientemente, contra os senhores do Feudalismo.
Embora em Portugal não houvesse, a rgor, o que chamam Feudalismo, o seu reflexo veio influenciar a sociedade lusa.

Ora, bispos houve então, de modo especial e m França, Alemanha e Inglaterra, que foram realmente senhores absolutos,
agindo muitas vezes com brutalidade e levando uma vida não edificante, no aspecto moral. Isto em nada invalida a Igreja de Cristo. Pode até servir de belo argumento. em seu favor!

Os que viviam dentro não a derribaram? É prova mais que certa da sua origem divina e de que oo Senhor a não abandona!
Como explicar estes casos lamentáveis?! Não acho difícil.
O regime feudal bem como a ingerência do poder civil que tanas vezes faziam bispos, muito do seu agrado, respondem por isso!

Imaginemos, porém´que não era o caso.Que se tratava de bispos autênticos! Abusadores també, e assaz escandalosos!
Que provava isso contra os demais?! Absolutamente nada! Mais uma vez ressalta para logo, o caso de Judas!

Serve ele de mau exemplo?! Parece, afinal, que não tira o esplendor à grandiosa acção dos outros Apóstolos!que foram fiéis e sofreram o martírio! Também não! Por que há-de esconder-se, velar ou dissimular-se aquilo que é mal, sendo praticado por A ouentão por B?!

Não faz assim a Sagrada escritura, que relata em pormenor a acção de Judas e a negação do Apóstolo Pedro, com muita clareza! Em conclusãao: lamento sincero que o dito senhor, cujo nome oculto, mandasse pôr fogo à obra grandiosa de Almeida Garrete, um dos maiores vultos da nossa Literatura!

Só o compreendo por grande fanatismo ou santidade em grrau elevado! Das pessoas fanáticas livre-me Deus!
Além de fanatismo, revelou ignorância, no campo literário,
moral e artístico. social e histórico.
Focarmos somente os aspectos bons, criados por nós, falseamos a vida, tornando impossível aquilo que proclamamos!
A verdadeira face tem altos e baixos. sombras e luz!.

******
Lx. Belém
1985-05-01 Sol Nascente
Ainda que pese aos da minha idade, (já fiz os 67) não obstante os encómios do filósofo romano, traduzidos, a propósito no "De Senectute", a verdade inegável é que o pôr do Sol se torna apaixonante, desanimador e embaraçoso.

Já o mesmo não sucede com o lindo Sol nascente, pois é o sei invés. O princípio da vida, o início do dia, o começo duma coisa vem sempre recheado de grandes promessas. O que não se fizera, será feito a seguir! O que ninguém sonhara há-de ser realização!

Aquilo que os outros sempre afugentaram será, no momento, bem considerado, para ter solução. É a nossa fantasia que entra, desde logo, em franca actividade, brunindo e dourando as facetas da vida..
Perante a novidade, fica logo tudo em grande expectativa.
O passado era mau, sempre incompleto, assaz imperfeito: o belo
presente se rá logo resposta, cabal e pronta, inteira e certa aos pontos escuros que geravam dúvidas

Vem isto a propósito dum facto bem simples, observadopor mim. Ante-ontemm domingo, 28 de Abril, veio do Porto um sacerdote jovem fazer um casamento, à cidade capital, na elegante Capela da Fundação "Vale Flor. Não é facto único, pois muitas vezes isso ocorre , ao longo do ano!.

Entretanto, desta vez, o caso divulgou-se, quer dizer, não mero facto do matrimónio, sim o Oficiante, que é o Padre Joaquim, pároco do Baião . Que Deus o conserve, por bons e largos anos!
Inspirou-me simpatia!

Ora, as coisas então, correram deste modo: esse jovem Prior
veio concelebrar à Capela das Flamengas, no Largo do Calvário,
paróquia de Alcântara.
Também a minha pessoa ali se encontrava. Pois ele cantou e fez a homilia.
De tal modo se houve, que encheu as medidas a toda a assembleia. Em razão disto, perguntou a a Dona Elvira: " Quem era,afinal, aquele senhor Padre que celebrou ontem ali nas Flamengas?! Desculpe a curiosidade, mas gostava de saber!"

Claro! Informei a senhra, começando logo pelo que segue::
por que razão é que anda interessada?!
-- É que o meu filho estava lá presente e veio encantado!
quilo, sim, disse ele!. Que voz maravilhosa!Que bela apresentação!

Eu, por minha parte, sublinhei,confirmando! Até disse mais: O Porto invicto sempre há~de ter um lugar à-parte! Não é ele a capital do Norte? Os bispos e o clero daquela cidade sempre
marcaram: notável saber, distinção e gravidade foi timbre seu!

Pois Dona Elvira ficou já sabendo aquilo que ignorava e é
grande vedade! O que principia é sempre mais belo, atrennte e auspicioso que o seu contrário! É um facto geral que não pode negar-se!
O Sol nascente inspira e incita, ergue o espírito , inflama o
peito e esquenta, para logo a imaginação! 3 Lx. Belém
1985-05-02 Naturalistas

Esta maneira de viver e agir é assaz defendida e harto propalada pelo grupo dos "Verdes."Ignoro a valer o que têm sob olho. e qiais as razões que os movem a tanto, assim como os processos, que intentam empregar. Acho-me, pois, em total ignorância.

Sendo isto assim, parece ousadia embrenhar-me na questão,
mas parto do princípio que algo acertarei, recorrendo, para já, ao
sentido literal que as palavras encerram. Não serem os termos, para traduzir as nossas ideias bem como os sentimentos?!

Baseado neste apoio, vou-me já lançar, para aqui fazer os meus cosidrandos. Naturalismo, como logo se vê, é uma palavra da família de"natural, naturalmente e outras". A partir daqui, julgo logo aperceber-me do sentido rigoroso, que os tais defensores projectm realizar, na vida prática

O ser inteligente deveria comportar-se ao jeito do animal, que segue realmente o curso da Natureza. A este,realmente, não interessam usanças, costumes ou leis de carácter moral. Comandado por instintos, vai após eles, de maneira cega, incontrastável.
Não esconde nada que se encontre em relação com o próprio corpo.e realiza os seus acto em plena luz, quer os sexuais quer os de alívio, no aparelho digestivo ou urinário. Como vem ao mundo assim permanece a vida inteira!

Satisfaz plenamente ualquer tendência que o instinto lhe sugira! Não obedece a leis de nenhuma espécie!. Vive, pois, em liberdade, total e completa! Não o preocupa, de maneira nenhuma, o pensar e sentir de quenquer que seja! Não teme nem respeita a crítica alheia.
Nestas circunstâncias, julgarão os "Verdes" que o animal
é feliz! Ora, se o homem proceder à maneira dele, dirão igualmente que o homem encontrará nisso a felicidade, que jamais alcançou, por se ater a outrem, respeitando tradições e coibindo-se, a rigor, de certas realidades que trariam bem-estar, felicidade e paz.
Até qui, estive a pensar pelo que jukgo, realmente, ser pretensão de todos eles. Em nada interferi nem acrescentei fosse o que fosse!
Será, de facto, assim?! Viver em pleno, segundo a lei da Natureza, riscando inteiramente o que os homens escreveram,
andaram aconselhando ou até impuseram?!

Assemelhando-se em tudo a qualquer animal que é irracional, deveria o homem seguir o curso da própria Natureza.

Este seria, pois, o estado da questão.
Que dizer agora, sobre este caso? Opinião aceitável? Terão, de facto, razão os ditos "Verdes?.Será essa, realmente, a fonte da ventura que jamais alcnçaram?

No passado, ninguém viu o problema?! Terão decorrido bons milares de anos, milhões talvez,, sem que os mesmos homens se
tenham apercebido de que andavam errados e que tudo, na verdade, os prejudicava?!
Teremos agora de condenar, fusigando todos os Moralistas.
santos e ascetas bem como os místicos?!
Só em nosso tempo caiu em si o homem, enveredando firme pelo caminho certo da felicidade?!

******
Lx. Belém
1985-05-03 Ecos de longe

A longa distância atenua os sons, faz esmorecer a voz humana e debota as cores, Entretanto, coisas há na vida que permanecem,
quase inalteráveis, iguais a si mesmas. Acontece o facto com a data de hoje.

Naquele tempo, eu era criança, na terceira infância, mal entrado ainda na minha adolescência.O que então se passou não o vivo hoje, com a mesma intensidade nem o avalio com o mesmo apreço, mas há decerto algo relacionado, que me embeleza a existência.tornando-a adorável:: é o belo perfume que se evola prestes, desse tempo memorável...a saudade imensa que se aviva com os anos!
As minhas predilecções, brinquedos apaixonantes... o de sejo de vencer, triunfar e possuir! E já nesse tempo eram evidentes alguns sintomas : a criamça que jogava , mas para ganhar! Tudo evitava,para levar a cabo o seu plano adorado!

Com esse fim, escolhia os parceiros Não serviam quaisquer!
Envidava os os meios que favorescessem. ajustadas as quotas -
$50 ou 1$00, por cada mão - , era ele pro´prio quem guardava o montante, fazendo a entrega apenas ao fim.

Por via de regra, ficava-lhe no bolso. Era o jogo da péla a
a que fiz referência, por diversas vezes, noutro escritos.Um dia em cheio, no espaço dum ano, para eu consagrar aos meus passatempos!
A cruz das searas dava-me ensejo, para eu folgar a
bel-prazer! Cerca de uma dúzia empunhava eu, para ir fixá-las em lugar vistoso que abrangesse ali todo o campoo arável e já semeado!Era a fé do bom povo de Vide-Entre-Vinhas! Se viessem trovoadas, não fariam dano!

A cruz redentora, feita com loureiro, oliveira e alecrim, benzidos na igreja, em Domingo de Ramos, fariam o milagre!

De tal missão era eu incumbido, com enorme regozijo que logo se traduzia, no olhar inflamado, nas faces afogueadas e também nos movimentos. Quem medera voltar, encontrando nesses jogos que aumentavam o pecúlio, a mesma poesia, sedução e encanto que logo me inundavam!

Mas a vida 'e assim! Renova-se tudo, aí na Natureza, mas na
minha alma, vai tudo morrendo, para deixar somente o perfume inebriante, quando não amargor, náusea e pranto.
Uma coisa é mais frme, viva e actuante: a minha fé no Senhor! Virou consciente,, operante, eficiente, enquanto, no passado, era ela feita de sentimento apenas, rotina, imitação!

Ai! Tempos que foram e não voltaram mais! Ai! 3 de Maio, no jogo da péla! Ai! Tempos saudosos que levastes de mim o que
mais adorava, cá neste mundo! Os pais estremecidos e o jogo
absorvente, em que punha a minha alma e todo o meu coração

******
Lx. Belém
1985-05-04 O que eu faria, se voltasse atrás.

Quanto a mim, debruçar-me nisto é só perder tempo , mas já o mesmo não ocorre, se pensar nos outros.

A História, sendo mestra da vida, como ládiz o filósofo Cícero,, deve aproveitar-se, cuidadosamente..Deu-e, na verdade, noções preciosas, que desejo transmitir a todos os vindouros.

Muitas coisas eu fiz, no remoto passado, ou nelas decrto, me deixei enquadrar, por atender em excesso ao que outros diziam ou
recomendavam. Foi isto motivado por várias circunstâncias: o meu nascimnto; lugar habitado; costumes e hábitos, no men convívio.Ambientes assim abatem e deprimem o mesmo indivíduo e quase o traumatizam, criando complexos.

Julgando-se inferior aos outros mortais,, nada mais faz, senão imitar; ser diligente, pronto e dócil em obedecer; tomar por celeste o que é só humano; ter em conta, exagerando, qualquer Duperior.
Foram estes factores que me tornaram inepto e fizeram de mim o que hoje repudio. Tal sistema impôs-se a mim, de forma brutal! Agiu sobre mim, despersonalizando-me,... fez logo de mim um ser desnaturado... criou prestesmente uma segunda pessoa, que veio sobrepor-se à que era minha

Não é novidade o que estou afirmando! A maior parte da Humanidade está contrariada, toscida, espoliada!
Causas fatais desta situação?

Atraso lastimoso de uma sociedade que é formada de
inocentes, disfrutados e ineptos; abuso censurável e tirania dos grandes, poderosos e ricos ( as oligarquias) - poder de poucos, liga de poucos, sempre cpntra os muitos; fanatismo intransigente,
descobrindo maneira de submeter e servir-se, alegando que o serviço é prestado a Deus!

Isto repudio, com toda a munha alma, pois me fez desde logo aquilo que não queria. A minha liberdade foi Deus que ma deu!

Não posso admitir que as ditas oligarquias se arroguem o direito de vir espoliar-me! Para eu ser gente, ( pessoa humana),
é preciso ser livre! Faltando-me este dom,, o maior de todos, se não falo na existência, não me realizo... não sou eu jamais!

Um produto do meio! Autêntico boneco ou reles títere, comandado por outrem! Renego j+a de tudo isso!Abjuro veemente tal sistema! Repudioa doutrina que faz dos outros homens pessoas comandadas!! Pensam pelos outros!Julgam pelos
outros,,, imitam os outros! Vivem para os outros!

Imitar e copiar... obedecer cegamente... pensar e uulgar como ourem faz; rebater sempre, rebater como os ourtros; não ter
opinião; estudar sempre o querer dos outros e os pontos de vista,
para agir depois em conformidade;.
Tudo isto, na verdade é escratura branca, no século XX!, às
portas do XXI!
Deste jeito, não temos passoas nem indivíduos nem caracteres! Tal posição admite.se apenas, em relação a Deus!

Desmitificar... reduzir o homem à sua dimensão é, na verdade, o que se requer, afim de que os outros possam realizar-se, traçando eles próprios o caminho exacto que devem seguir!

******
Lx. Belém
1985-05-o5 Termos Portugueses


Já não é segredo que a Língua Portuguesa é das mais ricas, em seu vocabulário, se não até a mais prolífera.. Deve-se o facto a vários factores, que não vou esmiuçar. e que, em geral, não sao desconhecidos.
A procedência do Latim, e do Grego or meio daquele; os diversos povos que privaram connosco, ao longo do tempo ( só o povo árabe, algumas cetenas!); os contactos inúmeros com os povos mais estranhos, durante dois séculos (XV e XVI), trouxeram nos um caudal vocabular de primeira ordem!

O Grande Dicionário da Língua Portuguesa por José Prdro Machado,
que a Editora Disco- Livro estã agora publicando, apresenta já um conjunto grandioso de ter.od portugueses.
Haverá, de facto, mais algum idioma que qo Luso se iguale?!
Até julgo que não! O idioma fracês que se abona de rico não cinta mais de 60.ooo!

Para confirmação e louvor também da nossa riqueza, em questão de vocábulos,soube eu, há dias, por um Missionário, que esteve no Togo (África), uns dados curiosos.
Citou diversos termos que são portugueses e conservam ainda a forma original. Assim, por exemplo: retrete, penico, copo e outos. Há uma povoação, chamada Aguda, alteração de Ajuda. Outro ainda; Porto Seguro,
O que se passa no Togo e zonas vizinhas, dá-se por igual, em muitos lugares. A frese do épico: " Semais mundos houvera, lá chegara", verifica-se a rigor!

Afirmação de poeta, mas sempre real!
Por uma senhora, natural de Ceilão, soube eu em Marrocos, há mais de 2o anos, que há muitas palavras, no léxico da Ilha, que são de origem lusa. Juntou ainda curioso pormenor: " rezam as gentes em Língua Portuguesa, à data presente"

O espírito de aventura, a dilatação da Fé e o desejo de subir, leveram so Nautas aos confins do mundo, aonde chegaram, primeiro que ninguém!
Estes factores, já mencionados e um terceiro grupo. a que não aludo, tornaram conhecida a Língua Portuguesa, em toda a parte.

O Inglês e o Francês, atendendo ao número, são os mais falados,
no mundo ocidentale civilizado. Entretanto, se foco agora a divulgação, por todos os lugares, o nosso idioma excede-os a todos,
inciuindo até os de nações asiáticas. Ainda hoje se véem Portugueses ,
em muitíssimas regiões do nosso Lobo.

Deste convivio resulta sempre, bem se deixa ver, troca de palavreas e até de expressões que os povos adoptam.
Estas razões despertam em nós sentimentos de orgulho que nos leva a defender o rico idioma, que "Deus entende"e é respiração da nossa
própria alma.
******
Lx. Belém
1985-05-o6 Você

Terá, segundo opino, alguns 15 anos! Ou que tenha 16! Além disso não vai.Abeira-se de mim e pergunta uma coisa para mim desconhecida. Enquanto o faz, beija,me na face, alegando então a necessidade dum objecto qualquer, para justificar a sua presença ali.

A ela mal a conheço. Vaga ideia me fica daquela muita gente, que se abeira de mim, lá em Alcântara ( Lisboa). Para eles e elas, será muito fácil identificar-me, pois todos convergem num ponto único.

Já o mesmo não sucede, em ordem a mim que, tendo má visão, sou ainda obrigado a fixar muita gente1.

Bom! O certo, afinal, é que a pequena é muito gentil e a sua atitude foi de mera cortesia. Tal proceder lisonjeou-me um pouco .
Ninguém há, por aí que não aprecie modos gentis e urbanidade!
Para ficar a nível da sua fidalguia, perguntei pela saúde, estudos e o mais, desfechando a jovem: "E você?"

Foi, no momento, um balde de água fria! Que ela, realmente, não o fez por mal, sendo esta a razão por que eu ocultei um vago ressentimento, nos refolhos do peito.
Porque tal sucedeu, entro eu agora em dados àpartes,, acerca do "você".
A gente nova faz muitas coisas só por ignorância. Falta a experiência, que é mestra da vida.! Só os adultos a utilizam, com muita perícia. A causa do mal sei eu muito bem onde se encontra: influência nefasta de Novelas brasileiras! Embora, de facto, seja a mesma língua, o Português do nosso Portugal já andou um caminho, bastante mais longo

Começou a esboçar-se, pelo século IX ou coisa no género. O seu
embrião já andava definindo-se, pelo século VI. O Português do Brasil começou apenas no século passado, uma vida própria, à sombra da independência.. Portanto, desconhece, em muitos casos, a evolução da Língua e o trato que ela tem bem como os seus usos, aqui na Europa.

Ora bem. Que nos diz, realmente o uso da Língua?
Que a palavra "você", na época actual, não se deve utilizar, para pessoas mais velhas, idosas ou Superiores! Somente para iguais ou subordinados. Sair destas normas que estão indicadas pelos factos linguístics, é fazer asneira!
Demais, há outro aspecto, mais grave ainda. É já depriciativo, aqui em Portugal!
Por que é que Humberto Delgado reagiu fortemente, lá no Brasil, quando allguém se dirigiu a ele com o termo "você"? Que é que ele disse?
-- Você é estrume!
Ficara ofendido!
******
Lx. Belém
1095-05-o7 Encontro

Foi apenas o segundo, após um lapso de tempo, que vai, realmente, de 1959 a 1995. Trata-se agora do Padre Sampaio, formado em Clássicas. É ele, portanto, o Doutor Sampaio. Ninguém faz favor em tratá-lo assim!, porque o tal"canudo" não é fácilm de obter.

Mediaram, pois, uns 26 anos, em que a vida trabalhosa e deveras madrasta nos teve separados.
Foi muito agradável este novo frente-a-frente, que teve seu efeito, em 5 de Maio.
Entre os poucos amigos, que eu ainda conto, encontra-se este, de
modo especial! Há, efectivamente, uma circunstância que muito nos aproxima e que torno a vincar. Não faço alusão aos dois Seminários da Guarda e Fundão, que ambos frequetámos.

Pormenorizo antes diversos aspctos que, ao depois, se verificaram. Ambos trabalhámos, na vila de Manteigas, a partiro do ano 1957; ambos em Pinhel, com igual profissão, em tempos diferentes;

ambos em África, (ele em Moçambique,e eu em Angola e na África do Sul; ambos experimentámos aquilo que Deus e nós apenas sabemos bem; ambos agora, em Portugal, com habitação, na mesma cidade, a Amadora;
; ambos ainda, com igual mentalidade, acerca de assuntos que nos tocam de perto ou ainda de longe!

Todas estas razões e outras mais contribuíram a fundo, para nos irmanar. Coisas há, de facto, que parecem coincidências, mas elas são tantas, que me fazem pensar!

O Doutor Sampaio reencontrou-se já tarde, mas ainda a tempo.
Eu, como sou mais velho, talvez um pouco antes, mas um ponto existe, em que ele me superou.

Tenho imensa pena, mas não é inveja! Ele formou-se, e eu não pude.
Andou comigo tal pensamento, quando professor, na África do Sul.
Tentei matricular-me, na chamada UNISSA. Pus-me em contcto, obtive infor mações, distribuí as matèrias que julgava pteferíveis,
mas, por fim, resolvi outra coisa.Terei feito mal? Quase o chego a julgar!
Nessa data, fiz a mim próprio esta pergunta: vou tirar o novo Gurso ou dar-me aos livros que intento publicar? Demorei a resposta
hesitando a valer! De facto, não teria tempo de fazer as revisões e passá-las à máquina..Pois se eu comecei, em 1975 e dificilmente as irei acabar, no final deste ano!
Ao expirar do ano corrente, haverei aprontado uns 30 volumezinhos! Assim, na verdade, julgo que será! Esta foi a causa! Se não, mais um motivo nos viria aproximar!

Bom! Sendo tantos os factores que nos tornam semelhantes, há razões pessoais de sobra para tratarmos assuntos comuns. É por isso que, uma vez em presença, eles surgem logo como cerejas, em Maio e Junho!

Assim aconteceu, em 5 do corrente.. Uma tarde longa, mas bem passada! Às duas e pico, chegava da Amadora, indo em minha busca ao Museu dos Coxes. Tão amável foi, que trouxe o Renault, para levar-me depois!

Deslocámo-nos a pé, até além dos Jerónimos, onde havia estacionado. Uma festa da GNR impediu que transitasse, não podendo avançar.
No interior do veículo, iniciámos o diálogo, que havia de prolongar-se até às 21. Quase 7 horas em conversa permanente! E não faltaram assuntos!

Subimos, então, ao 2º direito, porta 61, na Avenida de D.José, lugar da residència. Uma vez ali, tive eu belo ensejo de ver deleitado a sua biblioteca. É já considerável, distinguindo-se logo colecções inteiras de autores portugueses de alto renome bem como Enciclopédias e belos Dicionários.

Também foi apresentada a sobrinha Graça, que está no 1oº,com 14 anos
******
Lx. Belém
1985-o5-o8
Data Fúnebre!
. Logo, de tarde, cerram-se 1o anos que a Guida partiu. Era, de facto, por uma tarde bela, no mês de Maio, em terras do Bié. As ruas de Silva Porto regurgitavam de alunos que enchiam a paisagem de falas e cantos, ruído e amor.

Para isso contribuíam as Escolas Primárias, a Escola do Magistério, o Liceu Silva Cunha, a Escola João de Almeida (Escola Técnica) e o Seminário- Colégio
Embora os desacatos, fruto de Abril, se fizessem notar, um pouco por toda a parte, a pura verdade é que Silva Porto vivia em paz, mal se apercebendo, em sua pacatez, do que gassava, lá fora de portas!

Entretanto, nos ares, iam já pairando nuvens pressagas Ouvia-se falar de assaltos e mortes, violências e furtos. Temia-se o pior, embora a
UNITA, Movimento glorioso de Libertação, comandado ali por Jonas Savimbi, inspirasse confiança.

Efectivamente, a população em massa dava seu apoio ao Chefe carismático. Apesar de tudo, os três Movimentos de Libertação, desejosos de mandar, iam-se degladiando, o que dava origem a vítimas diversas, aqui e além..

O temporal estava iminente! A 8 de Maio de 1975, no intervalo de duas aulas, para os finalistas, ouve-se inesperadamente a furiosa explosão duma G3. Ocorria o facto no Liceu, Silva Cunha, mesmo
à entrada do belo pavilháo que vira para a cidade, sobre aquele degrau
que lhe dá acesso, caiu para sempre, cá neste mundo, uma vítima do ódio entre os Movimentos ou possivelmente vítima de ciúme!

A infeliz Margarida, a nossa Guidinha, com 19 anos deixava este mundo que fora tão cruel para a sua juventude!
A atestar este crime, ficou no cháo a mancha de sangue que eu mesmo observei.
A bala crimonosa, atirada por um negro, sob as ordens formais do comandante Tigre, entrou-lhe pela testa, ao lado esquerdo, alojando-se
no crânio.
Perante aquele acto bárbaro, que ceifara, neste mundo uma vítima inocente, a cidade apavora-se, as mães estremecem, as filhas choram e os alunos amotinam-se, querendo liquidar o vil assassino.

Realizada já a demorada autópsia, é levada a menina, em 10 de Maio, para a sua jazida, no Campo Santo, aos eucaliptos.
Ali a deixámos,fundamente consternados,( pais, irmãos e eu, seu
tio e padrinho..
O caso já vai longe, mas o facto lastimoso, a saudade, o amor e a dor moram sempre connosco.
No ataque ao Lobito, feito no local pelo Movimento de Jonas Savimbi, terão caído também os assassinos da Guida. Deus não dorme! Ninguém pode escapar à sua justiça.
Furta-se alguém à justiça humana? Espera-o certamente a justiça divina!
AInda assim,que Deus perdoe a todos, incluindo os inimigos, que tanta dor vieram causar-me!
******
Lx. Belém
1985-05-09 Contos (M. Torga)

Deste belo escritor, apenas conhecia os 12 volumes, com o título "Diários". Lera já 11, antes de ir para Angola, em 1972, cabendo agora a vez ao número 12, após o meu regresso da África do Sul. É nuito provável que tenha mais algum. Muito em breve é o que vou descobrir
Lendo os Diários, fiquei inteirado, acerca do autor, pois foi o bastante, para eu me apaixonar. Devido a isto, logo que possa, já compro na íntegra todos os seus livros. Caiu-me o autor, que nem mel em sopa! Uma vez conhecido, não se larga mais!

Admirava já nele a espontaneidade, a frescura da linguagem, a
riqueza imensa de vocabulário, a sonoridade, a propriedade de termos, o ritmo perfeito, a cadência magistral!

Agora, trago em mão Os Contos da Montanha que o Doutor Sampaio há dias me emprestou..É este, na verdade, um género diferente. bem entendido, mas sempre confirma as raras qualidades que lhe havia notado!
Observador arguto, assimila, a rigor, o linguajar do povo, onde ele bebe, a plenos haustos, para urdir os Contos. Utiliza as expressões
recheadas de poesia, eloquência e sentimento; adopta o linguajar, impregnado sempre de encanto e sedução; rebusca, no dia-a-dia e na vida do povo os factos que descreve. Numa palavra, faz obra nossa, o que a torna apreciada, agradável e sentida!

Além disso, cultiva como Garrete o período curto, adivinhado.
Este adivnhar, porém, não é, de modo algum, como o dos Modernistas.Tenho agora em mente a poesia modernista, quando a não entendo nem aprecio!
De vez em quando, aparece, de facto, um poema belo, porque se torna acessível cultivar a Arte e pô-la,desde logo, ao alcance dos leitores..
Segundo me parece, a frase curta e adivinhada, ritmo e cadência, o sabor popular e a propriedade de termos avultam e emergem, entre os belos predicados do grande estilista do século XX.

Coloco-o, pois, na linha de Garrete e Eça de Queiroz, no campo esilístico. Deixam-nos eles uma prosa perfeita, embora Queiroz seja,entre os três o mais pobre de vocabulário. O mais culto é Garrete.
Entretanto, considero Miguel Torga como última palavra , em prosa de Arte.
Foi Garrete, sem dúvida , quem abriu o caminho, na Literatura..
Uma prosa nacional, individualizada, assente sobre si, na estrutura e nos assutos, graciosa e leve, de frase curta e incisiva!

Por tais razões, aprecio imenso o nosso Miguel Torga, para o qual Garrete me preparara o gosto.
Revela-se por igual, um fino observador,pois capta habilmente os fracos das gentes e satiriza com enorme jeito, para curar as mazelas da vida!
Qual será, no entanto, a sua mensagem? Apenas de Arte, Beleza e Formalismo?!

******
Lx. Belém
1985-05-10
Data funérea que me leva a Siilva Porto, em 1975.
Cometido já o báraro assassinio, em 8 de Maio, ficou a pobre Guida em câmara ardente, junto do Hospital, para ser autopsiada.
Duas noites imensas que jazeu, esperando, fora de sua casa, onde todos a queríamos!

Autopsiar?! Para quê?! Quem não tem vida, perdeu-a neste mundo, para todo o sempre!! Só Deus, afinal, é capaz de milagres!
Os homens?! Pobres deles! Encolhem os ombros... derramam lágrimas, se têm coragem! É assim!
Da pobre cabeça, onde se alojara, extraíram a bala, que a prostrara, para sempre, no mundo venal. pecador e mau

Hoje, volvidos 10 anos, pergunto ainda: por que é que obrigaram a pobre menina a ficar ali, embora velada por almas dedicadas?!

Por que não em sua casa, onde fora tâo feliz e onde havia corações que sangravam de dor?! Para lá do Hospital, mantiveram a Guida longe dos seus! Que veio fazer a chamada autópsia?! Mostrar o
instrumento do crime nefando?! Toda a gente sabia o que tinha sucedido! Os estudantes melhor que ninguém!

Eu próprio ouvi a detonação!
Havendo justiça, para julgar o que fora homicida!... Mas onde estava ela, na dita ocasião?! Cada um fazia, a capricho, quanto lhe apetecia!

Autoridade não havia ali! Imperava o crime! O grande terror! O canibalismo! Que tempos horríveis! Quem mais sofria eram de facto os inocentes, almas formosas que não tinham culpas!

Ao que me disseram, declarou o assassino, em pleno Tribunal, que não tivera intenção de cometer um crime! Casualidade! Limpando a
espingarda, esta disparou! Bela razão! Assim fica um bandido em plena liberdade,, atirando para a cova inocentes indefesos.
Quem acreditava numa coisa assim?! Pura coincidência! Boa doutrina!
Desta maneira, o culpado é logo absolvido, ficando apto e com liberdade, para novos atentados!Para que serve a justiça?!
Quem indemnizou os pais da Guida pela grande ofensa e dano extremo, em sua casa?! Isto é assim?! O que vale, decerto, é que Deus não dorme e protege os inocentes!
A 10 de Maio, é levada a enterrar a nossa amiguinha! Um funeral, deveras soberbo!
No meio da prostração, imenso terror e consternação, que afectava ali todas as gentes , um cortejo grandioso, feito de orações,
flores e lágrimas!.
Toda a cidade, acompanhando alguém que não fizera mal nem ofendera fosse quem fosse!
Foste tu, bom Senhor, que a levaste paraTi?!´Nesse caso, está segura!

Conforta, pronto, as nossas almas, cicatrizando a ferida aberta que não pára de sangrar. A crença no Além; a esperança firme de tormos a ver-nos; a fé no Senhor e a sua justiça, è que vêm,, nesta hora, serenar a minha alma. Se não fora assim, como suportar esta lenta agonia?! Como fazer face a tragédia tão grande?!
Quem é pecador... o que fez desacatos e perpetrou crimes horrendos... quem se desomrou, infringindo as leis e os costumes das gentes... sim, esse tal que seja castigado, mas o inocente!

Neste momento, chega a meus ouvidos,coado pelos séculos,o
rumor daquela voz que logo se fez ouvir, após o assassínio do inocente Abel: " O sangue de teu irmão clama da Terra por mim!"
******
Lx. Belém
1985-05-11 Televisão e Leitura

A grande maioria do povo português não ama a leitura É facto
comprovado, razão pela qual ninguem o contesta, Parte considerável da nossa população é analfabeta. Em nosso tempo.
creio seja minoria,embra na prática não passe de aparência!

É certo e sabido que passa pela Escola o grosso das crianças,
fazendo, em geral, a 4ª Classe. Entretanto, o desmazelo, a falta de leitura e o alto desinteresse, que a todos afecta, redu-los à situação de analfabetismo. Quantos não há que olvidam cabalmente o que tinham aprendido?! Este mal vem fe longe e acentua-se ao máximo, na época actual.

Atrevo-me a dizer que, entre as causas desse mal, avulta, sem dúvida, a nossa televisão. Em si mesma, é um belo meio de esclarecimento e boa formação, em todos os sentidos. Apesar de tudo, há duas razões que impedem, a rigor, tal objectivo: 1. os programas em voga, na televisão; 2. a indolência do povo portuguès.
Para que a televisão atinja o seu fim ( ilustrar e educar, divertir e ajudar), necessário se torna que haja um critério,são e bem formado, na elaboração dos vários programas.

Evidentemente, gastar imenso tempo com banalidades; ensinar os jovens a armbar as portas ou ainda os cofres; ministrar noções, para assaltar qualquer vivenda ou prostrar uma pessoa. em plena rua;
aprsentar cenas, factos e quadros, que desdouram, afinal a vida humana; escolher exemplos,em que ressalta nítido o adultério. a infidelidade e a própris suspeita; explorar o crime e a
coscuvilhice.
quer dizer, preferir assuntos, que estão na base do temperamento, seu pendor natural e defeitos mais graves; fugir, por sistema, a exemolos nobres, como seriam ajudar um velhinho,
respeitá-lo, estimá-lo; aperceber-e da fome, carências e miséria, incitando as crianças a pensar nos outros...

Fazer o que se faz é um duplo roubo: malbarata-se o tempo,
incentivando o próprio mal; cria-se ambiente, propício à indolência, à banalidade e à fuga da leitura.
Disto se infere que só frutos maléficos havemos de esperar!
O mal, em si, não precisa de incentivo. A natureza é inclinada a ele
A educação tem por nobre fim orientar as energias em sentido construtivo, sinda aquelas que seriam empregadas, na prática do mal. Não é destruí-las! Isso não é possível! Dar-lhes, sim, outra finalidade!... Nova aplicação!

A televisão favorece a indolência. Todo ser humano é, por natureza, inclinado à preguiça. Não havendo reacção, adrede provocada por um estímulo, divino ou humano. ela aumenta e alastra , dominando a pessoa.

Medrando assim , com ambiente favorável, que havemo s de esperar?!
Os audio-visuais ( som e imagem ) dispensam trabalho, fomentando , por isso, a indolência, Quem pega num livro?! Imagem pronta e redutora que penetra nos olhos, sem esforço nenhum; som que chega aos ouvidos, em iguais circunstâncias

Não é mais fácil?! Sim, com certeza! O resultado é que é diverso, em todosos sentidos!

Qualquer leitura, feita em silêncio, bem reflectida e harto pausada leva-nos pronto a assimilar aquilo que lemos.
Isso é, na verdade, a base da cultura!

******
Lx. Belém
1985-05-12 O que eu penso hoje dos Sacerdotes.

Para falar deste assunto , evoco as palavras que o Senhor pronunciou, dirigindo-se aos Apóstolos: " Assim como o Pai me enviou, assim eu agoa vos envio a vós. Ide por todo o mundo, epregai o Evangelho a toda (a) criatura. Quem acreditar e for baptizado salvar-se.á!"

Trata-se, pois, da investidura, em que os obreiros são empossados num alto cargo, recebendo para tanto faculdades e poderes que excedem largamente as faculdades e poderes de qualquern outra missão, apenas humana.

Efectivamente, o novel enviado leva poderes e faculdades
iguais às do Mestre Divino. que assim os incumbe de encaminhar as almas para o bom Deus. Para tanto, dispõe de meios que são, a rigos, de origem divina. Promete estar com eles ( e aos que vierem depois) até ao fim dos séculos.

Céu e Terra passarão mas as minhas palavras não hão-de passar!
Pessoas de senso e bom equilíbrio não podem realmente deixar de curvar-se, ante a excelência de tal dignidade, instituída por Cisto Senhor!
Os enviados continuam na Terra a Missão de Jesus, com os mesmos poderes e faculdades.

Se eu olho, no entanto, para o nosso meio, noto com tristeza que o padre católico não é apreciado.
Porquê?! Por que é hostilizado?! A que atribuir a culpa do facto?

Nada existe que não tenha uma causa!
Pois bem! Vejamos então. A culpa existente ou reside nos fiéis ou no próprio clero, que exerce, neste mundo, o Sacerdócio de Cristo.

Posso ainda admitir uma terceira causa: ser essa culpa de ambas as partes. Sendo o Clero, em que aspectos focá-lo, afim de chegarmos a conclusões?
Mau desempenho do múnus pastoral! Escândalo possível, motivado talvez por seus maus costumes?! Falta notória de sentido evangélico? Carência de piedade e zelo apostólico?Demasiado apego aos bens materiais? Espírito estreito de sovinice?! Excessivo cuidado em granjear o que é necessário?

Constante rispidez, ao atender os próprios fiéis? Disponibilidade talvez inexistente ou então muito frouxa, para servir os inúmeros cristãos? Caridade simulada e falha de raízes?
Génio intempestivo, irascível e actuante? Insensibilidade e falta
sensível de compreensáo' Fanatismo exaltado?

******
Lx. Belém
51985-05-13 Cont,

As causas possíveis, existentes no Clero (admitimos excepções) reduzem-se a duas; falta de vocação ( segundo os moldes, criados pela Igreja, e carência de meios) Quando a Cúpula abriu mão, reconhecendo que tinha exagerado, ao longo dos séculos, dos 4oo.000 padres debandarm 80.000.

Isto diz-nos claro que não tinham vocação, Lá bem no fundo, encontra-se em causa o celibato imposto. Sem esta cláusula, as coisas seriam outras!

Não sentiam prazer naquilo que faziam. Caso contrário, não davam o passo. Portanto, eram infelizes. Estavam peados em vida
e, portanto, não se realizavam, segundo as tendências. Eram, de facto, elementos nocivos! Revelaram carácter. Paulo VI compreendeu o caso, revelando talento e personalidade.

Inconformados, não podiam ser queridos e bem aceitos, no seu actuar. Daí percalços, passos indevidos, tortuosidades e hostilisidade, nos paroquianos! Sendo isto assim, convém descobrir onde está o motivo da magna debandada e tamanha deserção, quer dizer, a causa primária que os fez sacerdotes, integrando-os num sistema, que vieram a detestar, sendo embora sublime.
Quanto a mim, ponho toda a culpa no sistema condenável de
recrutamento; imperícia total dos formadores; subtileza de processos; afastamento sistemático do meio ambiente.

Apraz-me crer que sejam diferentes os meios actuais.
Tenho apenas em mente a época lastimosa, em que eu frequentei o
Seminário: de 1933 a 1943. Recrutados em gente humilde, que vivia do trabalho, não podiam continuar, por falta de meios.

Os pais, já por devoção, já por vaidade e certa ambição viam no Seminário um meio acessível de grandeza humana, elevação
social e amparo da família.

Pagando uma importância, meramente simbólica ou nada gastando, luzia-hes o buraco, apressando-se logo a aproveitar o ensejo. A criança inexperiente, ouvindo aquele bordão todos os dias, ficava a pensar que era mesmo aquilo que tnha de seguir!

Os progenitores desejavam ... era bonito! Outra possibilidade não se oferecia ,! Estudos liceais... isso nem por sombras! A tecla batia-se...se... batia sempre!

O Seminário, com vida reclusa e sempre vigiada; as desejadas férias, controladas por igual!

A consciência timorata martelada com dados, nem sempre aceitáveis. em toda a extensão ; a generosidade bem como a entrega própria dos jovens que se lançam de cabeça, não havendo alguém,
que apontasse os reveses... tudo isto e o mais, incluindo sempre a vida seminarística de renúncia a tudo, sem exceptuar a personalidade, maneira de ser própria, e critérioos pessoais, dava
por vezes uma falsa vocação!

Agora, pergunto: de quem foi a culpa? De todos, ao certo, menos do infeliz, que andou emparesado!
Efeitos? Uma pessoa inútil, deveras tristonha, irrealizada! O mesmo que dizer: inteiramente frustrada! Um peso para os outros! Má disposição! Uma vida sombria!

Quem não sente prazer naquilo que faz é desditoso!
Pedir a dispensa é a única via! Mas isto, afinal, só é possível agora.
volvidos que foram 8 longos séculos

Apesar de tudo, ainda que se use o processo indicado, podem
surgir, uma vez ou outra, vocações autênticas!
Deus serve-se de tudo, para conseguir os seus altos fins.

******
Lx. Belém
1985-05-14 Cont.

A culpa, tantas vezes, reside nos cristãos! Esta realidade é também causa de muitas decepções. Qualquer trabalhador, para se realizar e sentir-se feliz, precisa de apoio, incentivo e carinho. Necessita que o chamem, se mostrem gratos, retribuam justamente as suas diligências, esforços e canseiras.

No campo estrito da retribuição, incluo também o aspecto moral, humano e psicológico. Bem de ver se torna: se o padre em causa não é chamado; se não sente apoio; se o consideram como um estranho; se apenas se abeiram, em dadas ocasiões;
numa palavra, se o não integram como bom elemento da família paroquial, sente-se isolado, vazio e frustrado.

Evidentemente, uma pessoa qualquer, em tais circunstâncias, fica irrealizada. É red uzida a um simples funcionário que, na solidão,
pronto se exaspera e não suporta o fardo enorme, que o verga persistente. Pensando no caso e vendo-se frustrado, buscasá, naturalmente, realizar-se de outro modo.

Já o mesmo não sucede, quando ele é olhado qual membro de família. O pastor indispensável que os chama para Deus, apontando o caminho e dando bom exemplo; o homem de Deus, sempre disponível, para servi-los, já no espiritual. já no material;

o pároco zeloso, amigo e confidente, que se chama e associa, nas
festas de família; o homem preparado, com longo tirocínio, que a igreja proveu de poderes singulares, no campo espititual; o Vigário de Cristo, que se fez imprescindível, na vida cristã dos seus paroquianos!
Em tais circunstâncias, ele vê-se realizado; julgam-no prestável, necessário e generoso.

Daí resulta, pois, que ele gosta de viver, servir e ser útil!
Não tem agora dúvida nenhuma: alguns padres deram costas, por
culpa dos cristãos!

Além do que expus, ha outros aspectos que ferem igualmente
desenraizando o infeliz sacerdote: criticar severamente o mínimo deslize; não senlembrarem de que ele é homem e não um Anjo ;

denegrir sua fama e arrasstá-lo por sujos tremedais; caluniá-lo, estando ele inocente; distorcer malévolo suas boas intenções; malsinar os seus actos ; interpretar, em mau sentido, atitudes e palavras. Tudo isto são escolhos e sérios obstáculos à sua realização!
Sabemos muito bem que somente é feliz aquele que sente gosto naquilo que faz. Excluído o prazer que alguma coisa origina
deixa logo de ser feliz o agente da acção.

Que é necessário, para o trabalho render? Que alguém, ao fazê-lo, se sinta ditoso, mercê da escolha acertada, prudente e acomodada a seus gostos e tendências, havendo já feito uma boa preparação.

Se o padre sente enfado, no seu múnus pastoral é porque existem factores de natureza grave que servem de obstáculo.

******
Lx. Belém
1985-05-15 Cont.
Carências várias de ordem material.

Outra acusação vai decidir, no respeitante aos bens materiais e sua gerência. Fala-se à toa, sem oeso nem medida!

Alguém averigua necessidades prementes que traz o dia-a-dia? Se o padre fosse Anjo, criatura existente, sem corpo material,
que exige comida , habitação e também vestuário, as coisas eram já outras!
Se ele for comprar, necessita dinheiro.Caso contrário, nada consegue! Descontos e achegas também os não h+a!

Tivesse ele, de facto, um ordenado razoável,, para fazer frente às despesas ordinárias! Sucede o caso, na Alemanha Federal., onde é o Estado quem paga ao Clero! Deste modo, já não
pesam canseiras, no campo da matéria!

O problema entre nõs tem muits acuidade!
Se o padre, realmente, não tem vencimento, garantido e bastante,
na sua qualidade, como terá de agir?!

Levar dinheiro por aquilo que faz e encaminhá-lo, de maneira sensata! Esperar, talvez, generosidades?! Fiar de alguém a satisfação de tais encargos, que são constantes e inadiáveis?!

Não parece exequível nem aconselhável! nem sensato igualmente! É grave problema que só os bispos e o próprio Estado
podem resolver! Por causas disciplinares, preferem os bispos o sistema vigente, o que eu não aprovo nem posso admitir

Lá diz a Escritura:"Dignus est operarius mercede sua!
Digno é ele,mas donde lhe vem?! Do querer volúvel de outras pessoas?!
Isto obriga o padre a ser desigual, no trato diário com os fiéis. É, naverdade, um problema humano!
Em nossos dias, o problema agudiza-se, mercê da carestia que os artigos alcançam! Em meios citadinos, é pior ainda!

Bom. Perante a vida e suas pressões, vendo opadrevinfeliz que não interessa a quem quer que seja,o seu lsdo económico, para não sucumbir e manter compromissos, revê o seu agir e meios disponíveis.Que acontece, afinal? Vegeta, desconsolado; lança-se em projectos; entrega-se a misteres que lhe dêem pão; realiza tarefas, que estão fora, talvez, do seu raio de acção!

De quem vamos queixar-nos?! Dele, não! Luta por um bem que deve conservar e é muito deu: a vida presente!
Daqui se infere, pois, que alguém e não ele tem culpas graves
na matéria em causa.
Nestas reflexões, acodem à mente: Estado e Bispos e os própróprios fiéis. Uns, decerto, mais culpados qoe outros!
Eu c´<, fico sempre na minha: o processo alemão é o mais sensato, humano e sedejável

Amarrar alguém, pela carência de meios, reputo-o satânico,
indigno, desumano! Equivale, por força à privação da cara liberdade! É bem contrário aos direitos do homam, que merece atenção respeito e apreço! "undos e dominai a terra!"

Foram estas, de facto, as palavras do Céu!
Deus não disse:"Dominai-vos uns aos outros! Escravizai os demais! Subjugai-os pela fome!

Até os animais procuram livremente a sua alimentação!
Quanto mais selvagens mais livres são!

O homemperegrino, ser racional, criado à imagem do próprio Deus, a viver hoje numa sociedade, bastante evoluída,
é que fica amarrado à cepa das carências e ao cetro dos que abusam?
A Escritura Sagrada não inculca isso! Bem ao contrário!!

******
Lx. Belém
51985-05-1 6 A Solidão do Padre

O Doutor António Franco ( Necas )professor efectivo do Liceu Camões perguntou uma vez, cheio de espanto: " Você, por acaso, não teme a solidão!"

Punha ele o dedo na ferida mais dolente de todo o meu ser!
Como não temê-la , se tem brigado comigo, ao longo da existência?! Se me empolgou traiçoeira, ainda em verdes anos!

A princípio, por eu viver em Comunidade, imerso nos livros.
nos exercícios e chamadas orais, que me absorviam o tempo, literalmente, não me apercebi dos seus malefícios.

Era em férias que ela atenazava. Mas ainda aqui, suavizada um tanto pelo ambiente do lar! Pais e irmãos, tios e tias, primos e primas...
No entanto, já me acicatava, no íntimo do ser! Tinha horas de amargura! Apesar de tudo, a simplicidade que me adornava a alma;
a fuga pertinaz ao sério da vida, por parte dos Mestres que mostravam apenas facetas agradáveis; a clausura rigorosa de vários anos, preparando-me assim, para um viver assaz irreal e
uma sociedade, não existente; a mordaça persistente no espírito crítico,
levando-me a aceitar, sem nada opor; o acolhimento alegre de quanto me impingiam, tido nessa data, como supremo ideal, indiscutível e até sagrado; a vigilância constante, dentro de "Casa" e fora dela; o receio de me enganar, usando o meu critério;

os livros censurados, proibidos já ou mutilados; a falta de contacto com o mundo real, para avaliar a minha resistência e chegar a conclusões, bastante acertadas; o fanatismo, harto condenável de certos ambientes; a curteza de vistas, por parte de algnns ;
o ser tratado como peça de máquina... tudo isso fez de mim um ser de "amen!"
Quando acordei, estava ilaqueado, tendo nos ombros graves compromissos.
Começava a tragédia.... a luta subjacente que assumiria, depois, alta gravidade e foros de temer, com a vida a rodar
Passara o tempo. A ferida sangrava, como era natural.
Vi-me despojado do que era meu, como ser humano, criado livre pelo Sumo Deus....
Encontrei-me sozinho, incompreendido e até segregado, olhando-me os outros como ser "empurrado" que não podia agir
por maneira diferente!

Mantinha a fé no Deus-Providência, que nunca a perdi, mas
ia-se esfriando a fé nos homens. Criaram sistemas contrários à Bíblia! Fizeram de mim um ser à-parte, isolado e tristonho!

Elemento de casta, insociável, agressivo ! Em tudo contrário ao que Deus ordenara. " Sede fecundos e dominai a Terra; fê-los homem e mulher; deixará o homem seu pai e sua mãe... "

Estava sozinho, incompreendido e defraudado... espoliado de
bens que o Céu me concedera e que são inalienáveis!
Abrira os olhos, mas ao destempo!
Trilhava uma senda que não escolhera e fazia o percurso desacompanhado!
Nunca pedi o subdiaconado; declarei que tinha tempo e
que não podia viver o celibato, O lar empurrava-me e o
Seminário , por modo igual
Em que consiste a feliciade?
Em faer aquilo de que nós (não os outros) gostamos e que foi de nossa escolha.
.******
Lx. Belém
1985-05-17 Ela ofereceu-me o lugar
Nem me apercbi de que alguém se levantara, para sair logo na paragem seguinte. Se eu ia de costas! Como fazê-lo?!
Por outro lado, é coisa tão rara, uma prova espontânea deentileza,
no tempo de hoje, que nem me esforçava por notar as ausências
bem como os preparativos, com tal finalidade!

Após Abril - 25 - degradou-se , em Portugal, o chamado civismo. Fica a impressão, segundo me parece, qye é palavra ausente do nosso vocabulário. Estarei enganado?! Antes assim fosse! Infelizmente, porém,,a triste realidade é bem palpável!

Pessoas idosas, senhoras grãvidas, alguém com bebés,
sustentados ao colo,... pessoas doentes abeiram-se prestes dos assentos reservados! E o mesmo que nada!
Se alguém, condoído, não fizer alarde, quem é que se levanta?!
Triste sintoma desta sociedade" Em vez de progresso. inculca retroceso!

Pois como ia dizendo, viajava de auto-carro, tomando rumo para a Amadora. Habitualmente, chego um pouco tarde, ao lugar da partida, encontrando ali uma "bicha" respeit´avel!
Nestas circunstâncias, é forçso ir em pé, a não ser que aguarde a carreira seguinte. Resigo-me, pois, e avanço logo!

Ante-ontem, porém. houve uma quebra.
Com enorme pasmo,, houve uma quebra! Alguém, atrás de mim, tocano meu braço. Olho em seguida, julgando em seguida, ser coisa diferente! Como estão os nossos h´sbitos!

Qual o meu espanto, ao fixar uma senhora, que me indicava o lugar, para eu utilizá-lo!

Coisa foi esta de enorme espanto e grande surpresa!
Anda tudo ao contrário, neste belo país!
al espanto devia ser causado por não oferecerem o lugarreservado a quem precisaasse! Agora, dá-se o inverso! Ao que nós chhegámos! E mais teremos que traga surpresa!

Filosofando eu, sobre este caso, dei-me a pensar que já não sou jovem, o que faz estranheza, pois o esqueço, com muita frequência. Não devia ser assim!, já que o tempo se esccoou.
para todo o sempre!
Aspirar, sim, a outra juventude, perenal e eterna, após esta vida! Essa vale a pena! Jánão se deteriora nem sofre os embates de tempos e climas, aflições e trabalhos! Nem já precisarei que me cedam lugares, onde estea confortável! O próprio Senhor é quem se incumbe de o fazer ali, com carácter vitalício, Não ficarei lá, à mercê de ninguém, Serei detentor de quanto precise e me faça
ditoso!
Aqui em baixo, ando geralmente aos encontrões. à mercê da sorte e dos próprios sentimentos, quer bons quer maus, que outrem vá cultivando.
É triste, realmente, viver deste modo, mas ainda assim, vale
bem a pena, assegurando no Além
um lugar ideal
Seja como for, sinto-me grato à pessoa gentil, pois fez boa acção, não esperando qualquer recompensa! Nem ela me conhecia nem eu tão pouco a vira algures.
Que Deus lhe pague, com lard mão, pois é um rico Senhor,
generosoe bom
Faço ardentes votos porque as nossas gentes sr tornem af´sveis, gentis e caritativas.

******
Lx. Belém
51985-05~18 Campeão da Tabuada

O pequeno Ricardo, vizinho da Amadora, com 6 anos de idade, tem agora uma tarefa que o traz absorvido. AS 24 horas, que o dia lhe oferece, não chegam para ela. Eu falo assim, porque até durante o sono os cuidados o tomam!

A primeira arrancada que chegou até agora e vinha desde Outubro, tinha por campo os os trabalhos em Dezenho. Obter um
Bom" ou então "Muito Bom"era, na verdade, a suprema ventura do pequeno escolar.

Acompanhando tais fases andam já seus pais que vibram, exultando, com os belos triunfos do meúdo-prodígio.
Verdadeira obsessão que ele seja o primeiro ou então dos primeiros! A alegria transborda e os amigos exultam, ao ser informados.
Numa palavra, há festa permanente, naquela habitação,
5-2º Esquerdo. Até eu próprio me deixo contagiar. Indo ali
amiúde, sou posto ao corrente,, no meio de regozijo e quase hilsridade. O pequeno então, fica logo inchado e não cabe na pele!

Terminada, pois, a fase do Desenho, com um B ou M B, encontramo-nos agora ante nova disputa - verdadeira corrida ara o campeonato!

De momento, apenas a Sofia, que eu não conheço, emparelha com ele! Isto é confirmdo pelo Ricardito, na minha presença! Foi há
pouco tempo que a Doa Gracinda me falou no assunto. Que eu nem sabia !
Pensava, realmente, que os esforços do meúdo convergissem. à data, no mesmo sentido - o Desenho! Pois não era! As coisas,afinal, haviam mudado e por que maneira!
Voltaram-se agora para a Tabuada! Com vista a esclarecerem-me, ao chegar a casa,, dispara logo, à queima-roupa a feliz da mãe: Então não sabe, senor F.
Que me diz, Dona Gracinda?

-- O Ricardo, à data, é sem favor, o campeão da Tabuada!
O meúdo ali, a rebentar já pelas costuras, impante de vaidade, e acrescenta: confirma o dito e acrescenta logo: Eu e a sofia é que sabemos mais! Somos os melhores!

Bom. Dei-lhe os parabéns e fiz votos arentes pela conservação dos aplausos cobiçados!
Agora, quando chego, sao logo fornecidos , em grande profusão, dsdos preciosos.atinentes ao caso.

Por minha vez, recebo as notícias, com grande calor.
Gostei sempre muito da boa vixinhança .

Ora, ultimamente, houve uma novidade, ainda mais excitante. Mal eu penetrava no 2º Esquerdo, já vinha o comunicado, a ferver de entudiasmo. Avança da cozinha o pequeno Ricardo: "Só eu é que sabia 4 vezes 4!

A mãe, então, corroborando firme aquela afirmação, junta hilariante: O meu Ricardo é agora já o campeão da Tabuada!

Ele, ao presente, nem dorme em paz! Vai-se â Tabuada, repete... repete e, depois, abeira-se de mim, pedindo, com instância: Ó mãe. ande lá, pergunte-me, a Tabuada, a ver se já si.
Agora, acrescenta depois a Dona Gracinda: até durante o sono repete os exercícios!
******
Lx. Belém
19855-o5-19 Ideias erradas sobre educação
Educar gente ou domesticar?

A mesma coisa não é! Toda a gente sabe! O próprio vulgo aplica um dos termos à pessoa humana, reservando o outro para os animais. Assim; educar as crianças; domesticar os cavalos.
Que vem a ser, afinal, uma coisa e outra?
É fácil dizê-lo, mas se olho à prática, fica-me a impressão de que só um dos termos se tem aplicado.

Entretanto, vejamos primeiro o que é educar."
Na raiz da palavra, encontramos logo o prefixo "e"que apresenta, às vezes, a forma "ex". Já vem do Latim, onde podemos vê-lo na
palavra "educere". Nesta, o elemento principal ( a palavra primitiva) é o verbo duco ducis, ducere, duxi, ductum: levar, trazer:,guiar, conduzir...

O citado prefixo implica movimento de baixo para cima; de dentro para fora. Traz-nos sempre a ideia de mudança, para melhor: das tervas para a luz; do próprio nada para a ralidade. Denota, pois, o sentido de melhoria; de mudança para melhor!
Este resultado. na questão que nos prende, é fruto certo de ajuda axterior; alguém que acompanha e segue de perto o chsmsdo educador

" Educar" é palavra derivada, por prefixação, implicando. ao que vemos, a acção de conduzir, dum estado inferior para outro superior. Sendo bem orientada a acção educativa, produz em regra frutos maravilhosos! Por isso, há sempre melhoria, parcial ou total!
Isto é claro, no campo das ideias, como teoria. Na prática, porém, devido ao fiasco, geralmente notado. pode não haver a ansiada melhoria.
Po.rquê? Muito simplesmente, domestica-se em regra, em vez de educar.
Encontra-se aqui o nó da questão. Autêntico nó górdio!
Sendo tão nocivo o resultado obtido, importa, na verdade olhar, copm rigor, para este assunto! Caso contrário, falha por inteiro a acção exerida! De tal modo importa, que trará para o pupilo e para a sociedade a pazz e o bem-estar ou as suas contrárias - a inquietação e a desventura.!

Não é a paz com a liberdade o maior bem deste pobre mundo, após a existência?! Ora bem. Falhando pela base a educação correcta, surge-nos depois um homem falhado, infeliz e revoltado!
Como a sociedade é feita de indivíduos, resulta daí um autêntico inferno!
O Senhoir Jesus Cristo, Mestre Divino, conhecendo, a fundo, tais resultados, e querendo evitá-los, deixou-nos o remédio: " Dou-vos um Mandamento novo - que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei!"
Está aqui o segredo: a educação é uma obra de amor. Por outras vias, não se chega lá. Domestica-se , é verdade, mas não se educa! Em tal caso, falha por inteiro a acção educativa.

******
Lx.Belém
1985-05-20 Ideias erradas na Educação.

A este propósito, vem-me logo à mente o que via, lá na aldeia e já verificava, sendo embora criança. Ouvia também o conhecido adágio: " De pequenino se torce o pepino".
Não expressa ele o sentir dos aldeões,sobre a educação?!
Devo já esclarecer que não viso somente as gentes do meu povo, já que era geral esse mesmo actuar!

Notei-o depois em Escolas e Colégios que ministravam ensino ou correcção. Como é que faziam? Ninguém o ignora.

O acto de "torcer" expresso, no adágio, era executado, com grande rigor: torcia-se a criança bem como o educando, mesmo quando aluno, quer dizer: violentava-se o pupilo: era à força ou empurrado. Constrangiam-no então a fazer, à força, o que ele não queria.
Isto. afinal, desse por onde desse! A propósito, vou deixar exempolos que eu eu próprio observei e servem de exemplo, afim de ilustrar.
-- Olha, meu filho, quando vires passar o Senhor Prior, pades-lhe a bênção! Ouviste bem?
Entretanto, o meúdo, por qualquer razão, não obedeceu
Neste caso, a mãe insistia, alterava-se na voz, bradava forte e, logo em seguida, punia severamente a criança infeliz, que chorava, soluçando.
Quem estava presente aprovava tal acção, louvando a mãe!
-- É assim mesmo! Se todas assim fizessem, não havia, decerto, má criação! As crianças não têm querer! Ora, ora! Assim
é que é! Pois então!

Ante o apoio que vinha de fora, a "boa" mãezinha tomava calor, tendo para si que fizera obra limpa! Depois, o menino choroso ou
obedecia ou ficava na dele!

No primeiro caso, tudo corria bem, fizesse-o embora contra vontade; no segundo, levava castigos, uns sobre os outros!
Novo caso, ainda mais grave.
Meu filho, sei muitobem que és pequenino, pois a tua idade anda somente pelos 4 anos! Entretanto, levo-te â igreja, sempre que eu vá, para seres bonzinho e amigo do Senhor!

A criança vai curiosa, a primeira vez, mercê da novidade.
Com tempo e demora, vem-lhe logo .Já não quer ir, mas tem de o fazer!
Em ambos os casos, temos a rigor "domesticação!
Não vejo diferença entre as duas situações, É aqquilo que fazemos a cavalos e touros. para domesticá-los!

Sujeição e pancada, violência por hábito e contrariedade; modos repressivos, altivez e nervosismo; vingança e despropõsito!
Será bonito aplicar ao ser humano o que se faz a irracionais?!
Resultado:
Em vez de educar, melhorando a pessoa e guiando as energias, por modo construtivo, deixa um ser malhadiço.
hipócrita e venal, despeitado e vingativo.

Desculpo, no entanto, as gentes da minha terra. Faziam assim por julgarem então, embora erradamente, que procediam bem. Salva a intenção, que era aprovada por todos em geral. Realizavam assim o que era melhor, segundo o costume. Como viam fazer e re punha em prática, assi imtavam!

Passou já meio século. Em nossos dias, talvez seja melhor o processo educativo.Caso o não seja, deixo o correctivo!.
Não ffaço por despeito! O meu intuito é somente corrigir o que acho insensato e de efeitos nocivos!

******
Lx. Belém
1985-o5-21 Efeitos deletérios

Domesticada, isto é, torcida com violência, a pessoa humana faz-se mentirosa, tenaz e embirrenta, assaz despeitada e harto odienta! Qua vai ela afastar, logo que possa? Exactamente o que a fizera infeliz, desgraçada e triste! Era a Santa Missa, a catequese . a Via Sacra? Passou a detestá-las!

Atingiu, de facto, a saturação? Não pode mais! Aqui temos, pois, que uma coisa boa, desejável e santa,, necessária e bela, se torna odiada e jamais vivida!
Por que não vais à Missa, querido netinho? - perguntava, queixosa a boa avó.
-- Porque no Colégio, onde me internaram, era obrigado, por via de regra, a assistir, de enfiada, a todas as Missas que ali se realizavam!
Acontecia, poia, que chegado o jovem à maioridade ou ainda lançado em outro ambiente, se privava, por acinte de quanto lhe lembrasse o que o tinha indisposto!

Aquelas rezas sem que ocorriam, na aldeia, após a refeição...
as cerimónis, harto prolongadas, no templo do Senhor, estendendo~se a capricho, durante uma hora, ( aos domingos, passaria!), duas e mais; homilias sem nexo, mal preparadas, não
achando o fim; orações em barda, noa Seminários e certos Colégios; frequência da igreja, por crianças pobres de Patronatos, em geral mal vestidas, atendendo ao Inverno!

Que têm dado que seja proveitoso?! Absolutamente nada! A prova real encontra-se à vista!
Aonde ir procurar a causa real do que tem ducedido?!
Só pode residir no transgressor ou, não sendo edte ou, náo sendo este, noe ducador!
Geralmente, vem logo o desvio: falta sensível de geneosidade ; parcial entrega; disponibilidade, quase sempre nula; traição e desamor ao próprio ideal.

Eu, porém,, não penso nem creio de forma igual
A causa real acha-se, de facto, no educador, que não abre os olhos nem raciocina! Deixa-se levar por mera rotina, costumes velhos e já coçados, não aplicando os dons maravilhosos que o Céu lhe dera!
Por este caminho, que temos nós, na vida prática? Simples animal, em que apenas o instinto é que dá leis! A partir daqui, teremos elementos que nada valem! Seres falhados e artificiais,
destituídos cabalmente de personalidade

A acção do educador , por ser molesta,algo pesada e lesadora, jamais penetrou as camadas inferiores do ser humano.
Fora rechaçada, razão pela qual se maanteve à superfície.
Ficando à tona, que efeito alcnçou?!
Uma parte do Clero, no terceiro quartel do século presente, não
cumpre, a rigor? E quando o faz, é sem convicção?

Onde reside a culpa disso? No Clero é que não? Como aspirantes já foram vítimas de siiiiiistemas rígidos, olhando então muito mais à letra que ao espírito da mesma!

Resultado prático.
Antes das cerimónias, fumam e drogam-se, e ouvem radio!
Boa preparação para actos sagrados! Terão eles culpa?!
Se nada fizeram, para contrastar e suprir as faltas, evidente que sim. Contudo, a raiz verdadeira prende-se logo ao educador

Vemos ainda alguns confessores a fugir prestes do confessionário , como do diabo; alguns cristãos, filohos de bons
pais, a evadirem-se dos templos sagrados, aonde não voltam senão para casar ou para o enterro.

É este o fruto dos maus educadores
Não faças isso, que Jesus ralha! Não vás para alem, que o Manino Jesus não gosta disso e logo castiga!
Visão errada e bastante danosa, sobre a nossa vida e seusproblemas!
Quandio teremos nós bons educadores que não domestiquem,
mas eduquem, na verdade? Não será já tempo de responder, acertadamente a esta pergunta?!

******
Lx. Belém
1985-05-22 Como corrigir, para educar?

O processo utilizado nunca deu frutos ou melhor, deu sim resultados, mas negativos. Mais cabal prova da sua ineficácia não pode haver. É que podiam, realmente, não surtir efeito, sem nada agravante, mas o caso alarma! Além desse facto, arruínam cabalmente o próprio educando, ums vez que geram novos fiascos,
muito censuráveis.
Exemplificando é bastante melhor. Suponhamos o seguinte: um rapaz ama o jogo ( jogos inocentes da mesma aldeia, como a cavaca e a péla, o pião e outros). Os pais, alarmados, ao saberem do facto, preparam-se logo, para tomar providências e, como é hábito já, recorrem à pancada que, segundo eles , é proceso eficaz!

Não precedeu qualquer admoestação: houve, sim, informação de agentes oculares que apresentaram o caso, de maneira assustadora!... Era já um viciado! " De pequenino se torce o pepino"
Daria em ladrão, com toda a certeza
Bom. Perante o facto real, os pais não hesitam, um momento sequer! São umas sovas em cima de outras mais! Não chamam à razão... não investiam a causa dos factos nem julgam primeiro.
Deixam-se levar pelo surto da paixão.A razão não foi chamada. Apelam somente para o uso aldeão, atendendo às vozes que estão já correndo.

Resultado?Só negativo!
O rapazinho continua a jogar: é ambicioso e gosta de teres! Não é, certamente, por estar viciado.

Que acontece depois? Ele prossegue no jogo,mas fá-lo sempre às escondidas, sinal evidente de que os tais meios não são aconselháveis nem se devem pôr em prática. Se os pais intervêm, mais uma vez, o pequeno insiste, negando ali tal proceder.

Aqui temos, pois, as sequelas danosas de tal educação. Agora, a criança é harto fingida e timorata, hipócrita e complexada! Se algo restringir, é só por medo. Temos aqui jjá um perfeito revoltado, em boa miniatura.: um elemento, de tipo anarquista.
Não diz em palavras, mas é-o de facto. Mais tarde virá, com toda a certeza, forte explosão.Estou apresentando um caso pessoal!
Bem. Vendo nós claraente que os meios falharam e foram daninhos, impõe-se descobrir o que era necessário utilizar, na vida
prática. Primeiramente, sem visos de ameaças nem ressentinento,
chamávamos a criança, interrogando-a sobre esse caso e pondo-a ali à sua vontade. Ela didria a verdade, vendose acarinhada!

Obtendo os pais a certeza cabal, de fonte directa, acerca do jogo, fariam depois outras perguntas mais. l, Gostas de jogar? 2. Porquê? Com que fim?
As minhas respostas seriam estas: gosto; porque sinto prazer; para ter dinheiro e comprar objectos de que gorto muito.

A partir daqui, orientavam-se os pais e urdiam logo nova estratégia: a ânsia de ter não pode matar-se. era já inata, na alma da criança; descobrir meios honestos, ...construtivos e acessíveis de obter dinheiro, sem ser no jogo;bom comportamento;execução de mandados, uma boa acção ; ajudar uma criança pobre; oferecer uma prenda ao Menino Jesus...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.